Brasil investe na pesquisa de biodiesel a partir do óleo de microalgas
Essa tem sido uma das apostas do governo e de universidades como alternativa energética renovável. Em seis anos, o MCTI investiu R$ 26 milhões em pesquisa e desenvolvimento para a produção.
A produção de biodiesel a partir do óleo de microalgas tem sido uma das apostas do governo e de universidades brasileiras como alternativa energética renovável. A expectativa é que o aproveitamento dessa biomassa possa servir de opção aos combustíveis fósseis (como o petróleo), com grande potencial para a produção de biodiesel, usualmente produzido a partir de óleo de soja.
Somente nos últimos seis anos, MCTI investiu cerca de R$ 26 milhões em pesquisa, desenvolvimento e inovação para a produção e o uso de biodiesel derivado de microalgas, por meio de encomenda à Finep/MCTI e de editais lançados pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCTI).
O alto potencial biotecnológico, o grande teor de óleo e o menor impacto ambiental são apontados na lista de vantagens em relação a outras fontes de matéria-prima.
As microalgas são organismos unicelulares fotossintetizantes presentes em sistemas úmidos (água doce ou salgada), distintos entre si quanto a origem, composição química e morfologia. Elas podem estar associadas a grandes colônias e, assim como plantas oleaginosas, são extremamente ricas em lipídeos, os quais podem ser convertidos em ésteres metílicos de ácidos graxos para produção de biocombustível.
O coordenador de ações de desenvolvimento energético da Secretaria de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (Setec) do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Rafael Menezes, lembra que as microalgas têm sido o foco de estudos no mundo inteiro e as compara com a soja, hoje responsável por 80% da matriz de fontes de matéria-prima para a produção do biodiesel. “Além da vantagem de ter um ciclo de crescimento mais rápido, ela possui até 50% da composição do seu peso em óleo, contra 18% da soja”, explica.
Outro fator a ser considerado é o impacto ambiental. “Elas podem ser cultivadas em áreas não propícias para a agricultura, não competindo com a produção de alimentos. Além disso, o gás carbônico [CO2] de que necessitam para a fotossíntese pode vir de um processo poluidor, contribuindo, assim, para a redução de emissões de gases e efeito estufa”, acrescenta.
Gargalos
Apesar da eficiência técnica, lembra o especialista do MCTI, o emprego das microalgas para a produção de biodiesel em nível industrial ainda deve ser matéria de inúmeras pesquisas. Há necessidade do desenvolvimento de uma série de estudos, especialmente considerando a diversidade biológica das microalgas, os diferentes fatores que influenciam a produção da biomassa, as técnicas de extração da fração lipídica e a síntese do combustível.
Um dos gargalos a superar é o alto custo de produção a partir das tecnologias disponíveis, que poderão ser equacionados pelo emprego de resíduos agroindustriais (vinhaça de cana de açúcar, glicerina, entre outros) como parte do meio de cultivo das microalgas, pela inovação nos sistemas de cultivo em larga escala e por outras formas de utilização da biomassa que permitiram o aproveitamento integral da mesma, numa visão de biorrefinarias (alimento animal, biofertilizantes, extração de biopolímeros, pigmentos etc.).
A produção a partir de diferentes fontes oleaginosas, fortalecendo as potencialidades regionais para a produção de matéria-prima, é uma das diretrizes do Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB), criado pelo governo federal em 2004. Para identificar e eliminar os gargalos tecnológicos que venham a surgir durante a evolução do programa, foi criada a Rede Brasileira de Tecnologia de Biodiesel (RBTB).
A rede busca consolidar um sistema gerencial de articulação dos diversos atores envolvidos na pesquisa, no desenvolvimento e na produção de biodiesel, permitindo assim a convergência de esforços e a otimização de investimentos públicos. A formação da RBTB constitui-se em uma das ações do módulo de Desenvolvimento Tecnológico, coordenado pelo MCTI, no âmbito do PNPB.
Os projetos são elaborados e executados com acompanhamento e supervisão do MCTI, evitando repetição de esforços, promovendo parcerias, adequando as vocações estaduais ao programa nacional e controlando a aplicação de recursos.
Saiba mais sobre o PNPB.
Fonte: MCTI
Publicado no Portal EcoDebate, 06/01/2015
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