O colapso da civilização urbano-industrial? artigo de José Eustáquio Diniz Alves
“Até que a plenitude e a morte coincidissem um dia”
Caetano Veloso (Janelas Abertas Nº 2)
[EcoDebate] O ciclo de ascensão, plenitude e declínio acompanha o processo de evolução das espécies e o ciclo de desenvolvimento das civilizações. Todo ciclo ascendente atinge um zênite antes do colapso. Os dinossauros dominaram o Planeta, antes de serem extintos. Os Impérios Persa, Egípcio, Romano, Maia, Austro-Húngaro, Soviético, dentre outros, colapsaram depois de atingirem o auge civilizacional.
A civilização urbano-industrial, energizada pelos combustíveis fósseis, vive sua fase de plenitude após 250 anos do início do seu ciclo ascendente. Nunca na história da humanidade o progresso econômico e social foi tão grande. Como enaltece um colunista arquiconservador (e provocador) do jornal Folha de São Paulo:
“Em números relativos ou absolutos, nunca antes na história deste mundo, tantos homens viveram sob regime democrático, os seres humanos tiveram vida tão longa, houve tanta comida e tão barata, tivemos tantos remédios para nossos males, houve tantas crianças com acesso à educação, houve tantos humanos com saneamento básico… O repertório, em suma, nunca foi tão grande para responder aos desafios que nos propõem a natureza e a civilização” (Azevedo, FSP, 22/08/2014).
De fato, segundo Angus Maddison, a esperança de vida ao nascer do mundo era de apenas 24 anos no ano 1000 da Era Cristã. Nos países ocidentais (Europa Ocidental e Estados Unidos) a esperança de vida passou para 36 anos em 1820, 46 anos em 1900 e 79 anos em 2006. No resto do mundo a esperança de vida ao nascer chegou a 26 anos em 1900, 44 anos em 1950 e 64 anos em 2006. Na média mundial a esperança de vida ao nascer está em torno de 70 anos, o que é um fato absolutamente extraordinário.
De fato, segundo o Banco Mundial e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), a humanidade avançou muito nos últimos 250 anos, especialmente nos últimos 30 anos, possibilitando a redução da pobreza e o aumento do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). O número de pessoas vivendo em situação de extrema pobreza (com menos de US$ 1,25 ao dia) era de 1,938 bilhão (representando 43% da população mundial) em 1981 e caiu para 1,2 bilhão em 2010 (17,6% do total). O IDH mundial era de 0,561 en 1980, passou para 0,639 em 2000 e chegou a 0,694 em 2012. Isto significa que houve aumento da renda, da educação e da esperança de vida da população global.
Ou seja, a média mundial já ultrapassou dois terços do caminho para chegar ao IDH de valor máximo.
Concomitantemente ao processo de redução da pobreza e crescimento do IDH, houve um processo de crescimento das camadas médias da sociedade. O Relatório de Desenvolvimento Humano 2013, apresentado pelo PNUD mostra que, até 2030, o mundo deve conseguir um rápido aumento da classe média (pessoas com renda entre 10 e 100 dólares por dia, em poder de paridade de compra). E o maior crescimento deve ocorrer nos países do Sul Global (emergentes). Em 2009, a classe média global era de 1,845 bilhão de indivíduos, o que representava 27% da população mundial de 6,8 bilhões de habitantes. As projeções do PNUD indicam uma classe média global de 3,2 bilhões de pessoas em 2020, representando 42% da população mundial de 7,7 bilhões de habitantes. Para 2030, as projeções indicam uma classe média global de 4,88 bilhões de pessoas, representando 59% da população mundial de 8,3 bilhões de habitantes. Ou seja, em meados da década de 2020, a classe média global poderá ser maioria da população mundial.
Contudo, esse quadro otimista traçado pelos organismos internacionais e pelos defensores do modelo capitalista de produção tem como base as tendências do passado e podem não se repetir no futuro. Além da tendência à “Estagnação secular” à redução das taxas de crescimento econômico, há duas grandes fraquezas que tornam todo o sistema vulnerável, como o calcanhar de Aquiles. Pequenos pontos frágeis podem derrubar sólidas construções.
As desigualdades sociais, regionais e nacionais são a primeira grande fragilidade do sistema. Como mostrou Thomas Piketty, professor na Escola de Economia de Paris, no recente e já famoso livro “Capital in the Twenty-First Century” (2014), a renda do minúsculo grupo dos “1%” mais ricos da sociedade continua crescendo acima daquela dos demais grupos sociais e demonstra a verdadeira história da ascensão da desigualdade. De acordo com a Oxfam, as 85 pessoas mais ricas do globo têm propriedades no valor de US$ 1,7 trilhão, o que equivale ao patrimônio das 3,5 bilhões de pessoas mais pobres do mundo, sendo que a riqueza do 1% dos mais ricos equivale a um total de US$ 110 trilhões, 65 vezes a riqueza da metade mais pobre da população e quase metade da riqueza total do Planeta.
O relatório sobre a riqueza global, em 2014, do banco Credit Suisse (The Credit Suisse Global Wealth Report 2014) mostra um quadro bastante amplo e esclarecedor da má distribuição da riqueza (patrimônio) das pessoas adultas do mundo. A riqueza global foi estimada em USD$ 263 trilhões em 2014. O número de pessoas adultas no mundo estava em 4,7 bilhões em 2014. Na base da pirâmide da desigualdade, em 2014 estão 3,28 bilhões de pessoas com a riqueza abaixo de 10 mil dólares (69,8%). O montante da “riqueza” deste enorme contingente foi de USD$ 7,6 trilhões, o que representava somente 2,9% da riqueza total. Ou seja, pouco mais de dois terços (2/3) dos adultos do mundo possuiam somente 2,9% do patrimônio global da riqueza em 2014.
No grupo de riqueza entre USD$ 10.000,00 e USD$ 100.000,00 havia 1,010 bilhão de adultos em 2014, o que representava 21,5% do total de pessoas na maioridade no mundo. O montante de toda a riqueza deste contingente intermediário foi de USD$ 31,1 trilhões, o que representava 11,8% da riqueza global. No grupo de riqueza entre USD$ 100.000,00 (cem mil dólares) e USD$ 1.000.000,00 (um milhão de dólares) havia 373 milhões de adultos em 2014, o que representava 7,9% do total de pessoas na maioridade no mundo. O montante de toda a riqueza deste contingente intermediário foi de USD$ 108,6 trilhões, o que representava 41,3% da riqueza global. O grau de concentração da riqueza fica claro quando somamos os dois grupos superiores da pirâmide, aqueles com riqueza acima de 100 mil dólares, pois havia um total de 408 milhões de adultos (8,7%), com patrimônio total de USD$ 224,5 trilhões, representando 84,7% da riqueza global em 2014. Na parte de baixo da pirâmide, os 4,3 bilhões de adultos, representando 92,3% das pessoas, detinham somente 15,3% da riqueza mundial em 2014.
Essa profunda desigualdade de renda e de riqueza é uma bomba-relógio que só não explode na medida em que o crescimento econômico mundial consegue reduzir a pobreza absoluta e manter uma chama de esperança na possibilidade de inclusão no mercado de consumo. Mas, no longo prazo, é impossível se manter um crescimento infinito num planeta finito. Não sem motivo, é cada vez maior a literatura que trata do “fim do crescimento econômico” e do processo de “estagnação secular”. O modelo atual, assim como uma bicicleta, só se mantém de pé em movimento. Movimento de expansão que é incompatível com os limites naturais do Planeta e com a 2ª Lei da Termodinâmica (“a quantidade de trabalho útil que se pode obter a partir da energia do universo está constantemente diminuindo”). O pico do petróleo e o abismo energético são duas realidades que colocam em xeque o contínuo crescimento demoeconômico da modernidade. Na plenitude do ciclo de expansão, a sinergia se transforma em entropia. Sem crescimento econômico, o desemprego, a perda do poder aquisitivo, a favelização e a insegurança alimentar tendem a elevar os conflitos sociais e as revoluções populares.
A segunda grande fragilidade do atual sistema de produção e consumo (quer seja capitalista ou socialista) advém da insustentabilidade ecológica da civilização urbano-industrial.
Nos últimos dois séculos, enquanto os indicadores humanos melhoravam (a despeito das desigualdades sociais), a situação ambiental na Terra piorava. Na medida em que o número de indivíduos da espécie crescia e as atividades antrópicas aumentavam, o grau de dominação e exploração da natureza, a biodiversidade e as áreas selvagens do mundo caminhavam em sentido contrário, perdendo espaço e direitos enquanto a civilização urbano-industrial se tornava onipresente em meio a um ambiente natural degradado.
As áreas de florestas foram as primeiras a sofrerem os efeitos da produção industrial em massa. Segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), o ritmo do desmatamento, devido ao uso de áreas florestais para fins agrícolas, foi de 14,5 milhões de hectares por ano entre 1990 e 2005. Entre 2005 e 2010 o ritmo de destruição foi um pouco menor, mas o planeta perdeu, em média, 4,9 milhões de hectares de floresta por ano no período. Isso significou 10 hectares de desmatamento por minuto.
A destruição dos habitates tem provocado a extinção de algo entre 10 a 30 mil espécies por ano. O ser humano está provocando, em um curto espaço de tempo, a sexta extinção em massa no planeta. Isto acontece em função dos impactos da perda da fauna devido ao empobrecimento da cobertura vegetal, à falta de polinizadores, ao aumento de doenças, à erosão do solo, aos impactos na qualidade da água, etc. Os Tigres, os Leões, as Onças, os Gorilas e tanto outros animais que vivem na Terra muito antes do homo sapiens estão ameaçados de extinção.
Para alimentar uma população crescente de seres humanos mais de 60 bilhões de animais terrestres são mortos todos os anos e a escravidão animal é responsável pelo confinamento de 19 bilhões de galinhas, 1,4 bilhão de bovinos, 1 bilhão de porcos, 1 bilhão de ovelhas e um número considerável de outros animais. O sofrimento imposto às outras espécies é imenso. Além disto, o boi e a vaca, por exemplo, são animais ruminantes cujo processo digestivo provoca uma fermentação que faz o animal liberar muito gás metano. O metano é o segundo gás que mais contribui para o efeito estufa, sendo 21 vezes mais poluente do que o gás carbônico (CO2).
Enquanto a pecuária amplia o domínio sobre a vida animal, a agricultura também desmata e revolve as terras, ampliando o uso de fertilizantes e agrotóxicos. Especies invasoras substituem a vegetação original. O CO2, o nitrogênio, o fósforo, o potássio e o zinco, além de diversos produtos químicos, são importantes elementos utilizados para aumentar a produtividade agrícola, mas criam uma rede de poluição que provoca a degradação do solo, a perda de qualidade do ar e da água e a extinção de espécies.
Os rios foram desviados, represados, assoreados e degradados. A poluição dos rios reduz a disponibilidade de água doce, diminui o oxigênio e provoca a mortandade de peixes. Aquíferos fósseis estão desaparecendo e os aquíferos renováveis não estão conseguindo manter os níveis de reposição dos estoques, reduzindo a capacidade de carga. A maioria da sujeira dos solos e dos rios corre para o mar. Assim, os oceanos do mundo estão se tornando mais ácidos em consequência da poluição dos rios e da absorção de 26% do dióxido de carbono emitido na atmosfera, afetando tanto as cadeias alimentares marinhas quanto a resiliência dos recifes de corais. Se a acidificação dos oceanos continuar, é provável que haja alterações nas cadeias alimentares bem como impactos diretos e indiretos sobre diversas espécies. A sobrepesca fez com que 85% de todos os estoques de peixes fossem atualmente classificados como sobre-explorados, esgotados, em recuperação ou totalmente explorados.
O aumento das emissões de gases de efeito estufa tem provocando o aquecimento global, tendo como consequência o derretimento das geleiras e das camadas de gelo, provocando escassez de água potável e o aumento do nível dos oceanos. Os últimos dados mostram que a concentração de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera ficou durante todo o mês de abril de 2014 acima das 400 partes por milhão (ppm), algo que não acontecia há pelo menos 800 mil anos. Como consequência, a elevação do nível do mar ameaça a existência de países como Tuvalu e pode alagar áreas densamente povoadas. A elevação do nível do mar já prejudica os deltas dos principais rios do mundo. Artigo de James Syvitski e co-autores, “Naufrágio dos deltas devido às atividades humanas” (Sinking deltas due to human activities), publicado na Revista Nature Geoscience, em 2009, mostra como o delta de vários rios importantes do mundo estão afundando devido às atividades antrópicas, com perdas de áreas férteis.
Ou seja, a sociedade urbano-industrial tem possibilitado a expansão da produção e do consumo, mas às custas de uma crescente desigualdade social e da degradação continua dos ecossistemas. Essas duas grandes vulnerabilidades podem provocar o colapso do sistema. A vulnerabilidade interna decorre das desigualdades sociais (de classe, gênero, raça, geração e de distribuição espaço-geográfica). A arquitetura social pode desmoronar quando as camadas de baixo se recusarem a sustentar a elite do alto da pirâmide da riqueza global. A vulnerabilidade externa decorre da falta de bases ecológicas para manter o modelo “Extrai-Produz-Descarta” que caracteriza o “fluxo metabólico entrópico”, provocado pelas atividades antrópicas da sociedade urbano-industrial.
O rumo atual de crescimento da civilização urbano-industrial é insustentável e a complexidade do atual modelo está aumentando os custos e reduzindo os benefícios, jogando a economia em uma grande armadilha sem bases sociais e ambientais de sustentação. Em um mundo globalizado e profundamente marcado pela injustiça social, a possibilidade de um colapso atual, ao contrário daqueles ocorridos no passado, deixaria de ser localizado e poderia abarcar todas as atividades humanas que não estiverem em equilíbrio homeostático e simbiótico com a natureza.
Referências:
ALVES, JED. O crescimento da classe média no mundo segundo o PNUD. EcoDebate, RJ, 28/03/2013
ALVES, JED. “Agequake”: um bilhão de idosos até 2020 e 3 bilhões até 2100. EcoDebate, RJ, 24/01/2014
ALVES, JED. Dia Mundial do Meio Ambiente: vergonha de ser humano. EcoDebate, RJ, 04/06/2014
ALVES, JED. O colapso das sociedades complexas. EcoDebate, RJ, 24/09/2014
ALVES, JED. A pirâmide global da riqueza e o aumento da desigualdade. EcoDebate, RJ, 22/10/2014
Ron Patterson, Collapse is Inevitable. Peak Oil. July 19, 2014
José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado e doutorado em População, Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br
Publicado no Portal EcoDebate, 17/12/2014
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Caro Dr. José Eustáquio, sabe qual é o pior do seu artigo? É não conseguir encontrar nenhuma falha nele.
Acrescentando ainda, parte do problema é a contradição entre os dois motivos pelos quais o sistema encontra-se em vias de falhar:
–> Manter a esperança da população mais pobre (que diminuiu em porcentagem, mas não em número), da forma como o sistema está, significa manter o crescimento do PIB. Pior, apenas uma parte desse crescimento realmente beneficia a camada mais pobre, já que a maior parte vai direto para o bolso dos mais ricos (e se não me engano, essa maior parte vem crescendo). A subida da bicicleta se dá em terreno enlameado e escorregadio.
–> Não ultrapassar os limites do planeta significa diminuir ou talvez até parar o crescimento do PIB. Não há “bens imateriais” que sustentem o crescimento infinito. E a bicicleta está subindo para beirada de um abismo. Gritos de “páre” se confrontam com o problema 1.
A diminuição das taxas de natalidade irá chegar tarde demais para se conseguir evitar o abismo. O pico do óleo também (pois as reservas de petróleo, gás e carvão conhecidas já são suficientes para fritar o planeta). O ponto de ebulição populacional em que as diferenças de renda e condições de sobrevivência e números irão ser suficientes para que grupos amplos decidam mandar as regras da sociedade às favas e recorrerem à violência é mais difícil de calcular, mas a sensação de que ele chega cada vez mais próximo é constante ao se lerem as notícias.
Não sou das mais pessimistas. Não acho que a Terra vai virar Vênus (o cálculo matemático que vi demonstrando que isso é impossível devido à nossa distância do Sol foi bastante convincente), portanto, não acho que a vida vá se extinguir, e em alguns milhões de anos a evolução nos trará uma diversidade genética admirável de novo.
Também não acho que a humanidade vá se extinguir. Somos um dos bichos mais comuns do planeta, com nossos mais de 7 bilhões de indivíduos, e humanos podem sobreviver a muito mais do que imaginam. Alguns bolsões de humanidade devem resistir, mesmo que cheguemos a extremos como guerras nucleares ou o mais provável, colapsos múltiplos de geradores atômicos, que seriam extremamente ruins para a nossa espécie longeva de maturidade tardia (como Chernobyl demonstra, para espécies de maturidade rápida, colapsos nucleares podem até ajudar).
Mas nossa civilização de hoje? Essa eu tenho certeza que não dura mais 50 anos.
Ou porque um número suficiente de pessoas vai se unir para evitar o pior e conseguir salvar essa bicicleta com o mundo em cima de despencar, e para isso, valores e objetivos de vida terão que mudar para muita gente (pior, para muita gente específica. As ações de quem não está pelo menos nos 10% do topo vão mudar muito pouco no andar dessa bicicleta mundial. Exceto em caso de revolta generalizada, em que os 10% do topo sejam substituídos). A civilização que existir depois disso deve ser tão diferente da nossa como a civilização renacentista era diferente da medieval, ou nossa civilização industrial é diferente da renacentista.
Ou porque vamos cair no abismo do qual estamos nos aproximando. A queda vai ser feia, longa, brutal e a sobrevivência dependerá de sorte mais do que de qualquer outro fator. E então, a civilização que existir depois disso vai se parecer tanto com a nossa quanto a nossa se parece com a civilização minoana.
Torço para o primeiro cenário, me preparo para o segundo, no pouco que dá para se preparar. Que, por sinal, são ações que ajudam a tentar a sorte para que o primeiro cenário aconteça. Mas que é difícil manter a esperança ao se olhar para a frente é.
Mariana, que comentou em 17/12/14 às 16,10h, que criatura estupenda,esperançosa quanto ao tempo para a atual civilização.
Gostaria eu de ter esta esperança quando ela diz ;
Mas nossa civilização de hoje? Essa eu tenho certeza que não dura mais 50 anos.
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Vou diminuir; Não dura a maioria humana mais que de 5/7 anos.
Se a queda não vier pelos motivos argumentados,virá pelo ônibus chamado terra e mais algumas ajudas de fora.
Parabenizo o autor, José Eustáquio Diniz Alves, Doutor em Demografia, pela “beleza”, clareza e abrangência do trabalho apresentado.
O autor do artigo (JEDA) cita os regimes capitalista e socialista como sendo, sem qualquer distinção, responsáveis pelos atuais danos socioambientais, mas eu gostaria de, modestamente, propor uma distinção, e ficarei feliz se o Doutor José Eustáquio Diniz fizer uma avaliação do que direi a seguir: “não acredito que seja possível a existência de um autêntico regime socialista em um planeta cuja predominância é do capitalismo. Acredito que se o capitalismo for banido da Terra e a espécie humana se reorganizar através do socialismo, sem interferências capitalistas, tudo será diferente, e um socialismo autêntico, capaz de promover um equilíbrio socioambiental, poderá ser criado.”
resumindo: ecocidio e especismo.
Ira, eu acho que a civilização ainda dura uns cinquenta anos porque estou contando com o tempo necessário para ela se desmantelar. Não a partir do início do colapso, mas o tempo para se chegar ao meio dele. Colocando de uma forma mais clara:
Na alternativa 1, a civilização muda por uma decisão coletiva e consciente. As maneiras de viver se diferenciam o suficiente para que não se possa mais dizer que somos os mesmos. Assim como a Renascença foi uma mudança gradual das maneiras medievais, e mesmo a industrialização também, isso vai ser uma mudança de maneiras quase geracional. Vai levar algum tempo, e caso façamos isso (cada vez mais improvável) os historiadores futuros provavelmente estabelecerão um “início” das mudanças que não vimos hoje, e que talvez já esteja no passado.
Essa alternativa utópica, em que os 10% mais ricos decidem que vão fazer o necessário para impedir o genocídio ambiental para o qual estamos indo de continuar (não o 1%, pois qualquer um que faz parte dos 10% já tem grandes chances de viver uma vida que não é sustentável com o número de pessoas que temos. Não a grande massa dos 90%, pois eles tem muito pouca autoridade ou impacto), não vai ser possível tomar para sempre. Concordo com a sua estimativa de que temos menos de uma década para mudar drasticamente o rumo em que vamos, antes que os feedbacks das mudanças climáticas e da perda de diversidade se tornem destruidores de civilização, independente do que façamos.
Pois catastróficos eles já são, estamos escolhendo só quanto da humanidade e das outras espécies vivas vai fritar agora, e não mais se vamos fritar ou não (alguns já fritaram).
Afinal de contas, metano já está borbulhando nos mares, as populações de abelhas e morcegos já estão colapsando, e essa montanha russa está indo para a queda.
(BTW, as pessoas normalmente se enganam quanto a em qual percentual dos mais ricos do mundo estão. Chuto que TODOS os que vão ler este texto estão entre os 10% mais ricos. Para quem quiser conferir, há uma calculadora simples aqui: http://www.worldwealthcalculator.org .)
Na alternativa 2, o colapso destrói o suficiente da civilização para que outra seja inevitável. O quanto seria necessário destruir? Vou fazer uma estimativa:
Começamos pela morte de pelo menos 10% da humanidade. Como o que Genghis Khan causou, junto com todas as mudanças de seu império, que juntou as descobertas do oeste europeu e do leste asiático, e basicamente provocou a Renascença. Ou como a destruição causada nas Américas, que também matou mais ou menos isso (quase 90% dos americanos, mas por volta de 10-20% da população mundial).
Como nossa civilização hoje é global, vou colocar mais um parâmetro: ao menos 50% dos governos do mundo desestabilizados. O que há hoje no Iraque, Haiti, Egito e similares conta como “desestabilizado”.
NISSO acho que ainda demoramos uns cinquenta anos a chegar. É uma mudança brusca para quase qualquer parâmetro natural, mas ainda assim vai ser gradual na visão humana, pois nossa espécie é longeva mas nem tanto.
O INÍCIO do colapso, esse JÁ FOI.
A Primavera Árabe e os movimentos Occupy fizeram parte dele, na parte política. Os dois são tentativas de mudar nossa civilização de hoje, o quanto foram bem sucedidos, só os historiadores futuros vão saber.
O permafrost explodindo na Sibéria e deixando crateras (do meio do ano para cá já foram três) faz parte do Colapso, assim como a pluma de metano de 150km encontrada pelo SWERUS também faz. Se alguém não entendeu o porquê, por favor leia ( http://arctic-news.blogspot.com.br/p/global-extinction-within-one-human.html ).
O fato de que nos últimos 10.000 anos se extinguiram mais espécies que em qualquer outro período exceto os das outras cinco grandes extinções, e que nos últimos 250 anos se extinguiram espécies em um ritmo que é de 100 a 1000 vezes o ritmo normal de fundo (http://www.sciencedaily.com/releases/2002/01/020109074801.htm) também faz parte do colapso. Nossa espécie não existe no vácuo, e as extinções funcionam como dominós. Cada uma provoca outras. Não sabemos quais peças estão do lado da nossa.
O fato de que estamos no pico de SOLO FÉRTIL(http://www.scientificamerican.com/article/only-60-years-of-farming-left-if-soil-degradation-continues/) faz parte do Colapso. Que se dane o petróleo, podemos viver sem ele (talvez não escrever comentários em blogs.). Sem comida, não há como.
A casa está já ruindo à nossa volta. O pneu da bicicleta, para manter a metáfora, já furou, e estamos sem freios.
Mas a queda vai demorar um pouquinho. Vai ser tão gradual que vamos ter gente jurando que não caiu até o último segundo.
Mas a civilização é grande, e ela vai agonizar ainda por um bom tempo antes de cair
Depois de postar eu verifiquei que não ficou claro: a destruição causada nas Américas foi o período das Grandes Navegações e a Colonização. Junto com as mudanças tecnológicas da industrialização, foi o que fez a Renascença se tornar Era Industrial.
Sr. Dr. José Eustáquio Diniz Alves !
Srs. e Sras. !
Querem solução verdadeira, consciente ? Então, primeiro afastemos a vaidade, a arrogância e egoísmos teóricos, teológicos, egocêntricos , acadêmicos e outras similares “fraquezas humanas”.
Li-lhes, compreendi-lhes, respeito-lhes, mas peço vossas atenções para esta minha antiga declaração: “POR MAIS QUE DEBATEMOS CONJUNTURAS, MODELOS e SISTEMAS, EXISTE UMA ÚNICA SOLUÇÃO. ESTÁ AQUI, POR FAVOR, CONHEÇAM, APOIEM, DIVULGUEM;
PROTOCOLO DE JOINVILLE CONTRA A EXPLOSÃO DEMOGRÁFICA MUNDIAL (mais detalhes em http://www.amayorca.blogspot.com.br )”.
Baseando-se em fatos históricos e antropológicos, conclui-se que a humanidade não vai “desaparecer” (ou “se extinguir”) como dizem muitos “doutrinadores”. Mesmo que nada seja “feito”, a humanidade continuará vivendo ou “vivendo” , apenas as pessoas viverão cada vez mais como “refugiados africanos, do Haite, do Oriente Médio” e lugares análogos , onde a natureza foi exaurida e acabaram-se com sua exuberância e abundância de fauna, flora, rios, clima e geografia, que existiam e coexistiam em milenar e bilenar harmonia.