Ecoturismo, artigo de Roberto Naime
[EcoDebate] O turismo é conhecido por indústria sem chaminés e tem crescido muito de forma que o PIB de países como a Espanha depende fundamentalmente desta atividade. Dentre os tipos de turismo, particularmente o Ecoturismo tem crescido exponencialmente sua participação.
Inspirado no lazer com aventura e integração com o meio ambiente, o ecoturismo ou turismo ecológico tem sido uma fonte de geração de renda entre as populações.
Turismo ecológico é um segmento da atividade turística, que utiliza de forma sustentável, o patrimônio natural e cultural, incentivando sua conservação e buscando a formação de uma consciência integral através da interpretação do ambiente, promovendo a bem-estar das populações envolvidos.
No entanto, a maioria dos locais onde se pratica esta forma turística, embora tenha grandes atrativos, em geral não dispõe de infraestrutura adequada e não ocorre o gerenciamento dos vários fatores envolvidos nesta atividade.
As atividades de lazer e recreação ou turísticas, nos espaços naturais não é apenas modismo, e a opinião pública tem se conscientizado da necessidade de contribuir para a proteção ambiental. Se pelo lado da demanda, a motivação de “contato com a natureza” se torna cada vez mais intensa, a garantia de proteção ambiente passa a ser um argumento importante na oferta destes serviços.
O ecoturismo de qualidade se torna economicamente viável quando associado com a proteção dos espaços naturais e quando dispõe de excelência na infraestrutura, equipamentos e serviços oferecidos.
A deterioração dos ambientes urbanos, pela poluição sonora, visual e atmosférica, a violência, os congestionamentos, as doenças provocadas pelos desgastes psicofísicos dos indivíduos são as principais causas da “fuga das cidades” e da “busca do verde”. O cuidado que se precisa ter é devido ao condicionamento deste homem urbano, que agredido em seu próprio meio, com frequência passa a agredir os ambientes alheios.
A falta de cultura turística dos visitantes com frequência produz um comportamento alienado dos visitantes em relação ao meio que visitam. Esta realidade provoca uma série de impactos sobre o meio ambiente como a destruição da cobertura vegetal, a devastação de áreas nativas, a erosão das encostas e solo em geral, ameaça a várias espécies da fauna e da flora, poluição sonora, visual e atmosférica e contaminação de rios, lagos e até mesmo oceanos.
Os impactos do turismo são devidos a sequências de eventos que produzem alterações nos meios físico, biológico ou antrópico, e cuja natureza, intensidade, direção e magnitude são muito diversas. Porém, os resultados interagem e são geralmente irreversíveis.
Os impactos não são pontuais, derivados de ações espontaneístas. Ao contrário, são sistêmicos e decorrem de complexos processos de interação entre os turistas, as comunidades e os meios receptores. Muitas vezes, tipos similares de turismo provocam impactos diferentes, de acordo com a natureza das sociedades em que ocorrem.
A ocorrência de elementos de ruptura do tecido social ou das tradições fortemente arraigadas em comunidades tradicionais ou interioranas, frequentemente podem ser os impactos ambientais mais relevantes. Ou seja, os impactos mais relevantes podem não estar nos meios físico e biológico, com a proteção da flora e fauna. Podem estar no meio antrópico e decorrerem de graves agressões às convicções históricas estabelecidas pelos valores, significados e senso comum das comunidades.
Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.
Publicado no Portal EcoDebate, 02/10/2014
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No carnaval deste ano “fugi” da poluição sonora do bairro da Glória, onde moro (próximo ao Parque do Flamengo), e fui para a Ilha Grande, em busca de sossego… mas qual não foi meu desespero, ao constatar que o local paradisíaco que eu esperava estava tomado de lanchas com caixas de som a todo volume viradas para a praia! Todos os restaurantes tinham “som ambiente” (não dá para me alimentar num lugar barulhento!). Vizinhança da pousada com música alta! E teve até culto religioso na segunda-feira de carnaval, com amplificação a todo volume!
O Parque do Flamengo, embora seja artificial, fruto do aterramento de parte da Baía de Guanabara com os escombros de morros arrasados no centro da cidade, deveria ser utilizado como área de preservação ambiental. Parece que é exatamente esta a sua finalidade, mas o que tem acontecido lá não é nada disso: eventos esportivos, shows, blocos de carnaval gigantes etc. poluem o local com som altíssimo, barracas, caminhões, luzes, trazendo perturbação do sossego aos habitantes do entorno (cujo diâmetro é muito maior do que as áreas ao redor do parque…). Além da poluição sonora e visual, os participantes destroem o gramado, deixam lixo espalhado por todo lado. E os frequentadores do parque não podem trafegar livremente, pois os espaços de lazer que deveriam estar abertos ao público ficam tomados por eventos particulares. E estes eventos são autorizados diretamente no gabinete da prefeitura. Um importante ponto turístico como é o Parque do Flamengo, com seus monumentos, seu museu e áreas de bosque, ainda que artificiais, deveria ser tratado com mais respeito, proporcionando à população urbana uma alternativa saudável para a melhoria da qualidade de vida na cidade.