O envelhecimento da população idosa no Brasil, por José Eustáquio Diniz Alves e Adriano Melo Nogueira
O envelhecimento da população idosa no Brasil, por José Eustáquio Diniz Alves e Adriano Melo Nogueira
O título deste artigo pode parecer um pleonasmo, mas não é. O contínuo crescimento do número de idosos no Brasil é um fenômeno conhecido. Mas há pouco conhecimento da mudança que vai ocorrer dentro do grupo do topo da pirâmide populacional.
Na verdade, a distribuição por sexo e idade da população brasileira de 60 anos e mais de idade vai ter uma redução relativa da sua base e um alargamento relativo e absoluto da sua parte superior durante o século XXI. Ou seja, vai haver uma redução relativa dos “novos idosos” (60-80 anos) e um crescimento absoluto e relativo dos idosos (80 anos e +). Portanto, vai haver um envelhecimento dentro do envelhecimento, ou dito em outras palavras, um forte aumento da “quarta idade”.
No ano 2000, havia 2,15 milhões de homens entre 60-64 anos de idade e 2,45 milhões de mulheres, enquanto o grupo das pessoas com 100 anos e + era formado por 5 mil homens e 8 mil mulheres. Um terço (33%) dos idosos brasileiros estavam no grupo 60-64 anos e apenas 0,1% eram centenários.
Segundo as projeções da Divisão de População da ONU, no ano 2030, deverá haver 5,33 milhões de homens entre 60-64 anos de idade e 6,10 milhões de mulheres, enquanto o grupo das pessoas com 100 anos e mais deverá ser formado por 41 mil homens e 80 mil mulheres. Embora a população brasileira idosa do grupo 60-64 anos vá aumentar em temos absolutos entre 2000 e 2030, o seu peso relativo deverá cair para 27,5%. O grupo dos centenários deverá passar para 0,3% da população idosa.
Segundo as mesmas projeções, no ano 2060, deverá haver 7,44 milhões de homens entre 60-64 anos de idade e 7,77 milhões de mulheres, enquanto o grupo das pessoas com 100 anos e + deverá ser formado por 160 mil homens e 404 mil mulheres. Da mesma forma, a população brasileira idosa do grupo 60-64 anos vai continuar a aumentar em temos absolutos entre 2030 e 2060, porém o seu peso relativo deverá cair para 19,1%. O grupo dos centenários deverá passar para 0,7% da população idosa.
No ano de 2100, o número de pessoas com idade entre 60-64 anos deverá cair em relação ao ano de 2060, ficando 5,73 milhões de homens e 5,66 milhões de mulheres, o que vai representar 15,2% da população idosa. Ou seja, a base da pirâmide idosa vai diminuir em termos relativos e absolutos nas últimas décadas do século XXI. Já o número de centenários vai subir, atingindo 464 mil homens e 1,27 milhões de mulheres, o que representará 2,3% da população idosa.
Portanto, o Brasil não vai apenas envelhecer, mas vai ter uma maior população idosa com uma estrutura etária mais envelhecida. Dos 75 milhões de pessoas com 60 anos e mais previstos para 2100, apenas 15% terá entre 60 e 64 anos, enquanto 39% terá 80 anos ou mais. Desta forma, o país precisa se preparar para uma situação em que não apenas vai haver mais idosos, mas também vai haver mais idosos, longevivendo no topo do topo da pirâmide populacional.
José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado e doutorado em População, Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br
Adriano Melo Nogueira, Mestrando da ENCE/IBGE. E-mail: nogueira.a@gmail.com
EcoDebate, 19/09/2014
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Tudo bem. Mas precisaremos comprar outros planetas Terra para dar uma força a este que estamos ocupando agora. kkkkkkkkk