Sustentabilidade ambiental, artigo de Roberto Naime
[EcoDebate] Nós devemos partir de algumas premissas para discutir a vida em equilíbrio. Não podemos esquecer que a finalidade última de nossa vida na terra é alcançar a máxima felicidade.
Podemos conceituar a vida em equilíbrio dentro de uma concepção técnica como os estágios vivenciais harmônicos inseridos em contextos de desenvolvimento sustentável, solidariedade, democracia e justiça social.
O melhor conjunto de aproximação para definir desenvolvimento sustentável que patrocina a vida em equilíbrio, pode ser resumido num pequeno conjunto de fatores:
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Para contribuir com nosso sustento, que junto com o restante da sociedade caracteriza a sustentabilidade, devemos participar e contribuindo com a construção de empreendimentos compatibilizados com os meios físico e biológico;
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Agora não é mais boa prática recomendável, a análise do ciclo de vida do produto, a gestão compartilhada e a logística reversa implica em adotar conceitos de ecodesign sempre que forem aplicáveis;
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Tem que haver necessariamente uso conservativo de recursos naturais, tanto matérias primas quanto recursos hídricos e energéticos;
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Sempre que necessário executar rigoroso tratamento de efluentes líquidos de qualquer natureza, satisfatórias práticas de gestão de resíduos sólidos e adequados monitoramentos atmosféricos, todos estes procedimentos devem ser executados dentro dos melhores conceitos e padrões técnicos, atingindo elevados níveis de eficiência e eficácia;
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Uma postura de gestão ambiental e práticas de sustentabilidade pró=ativas exige ações de educação ambiental sistêmicas e projetos comunitários de finalidade ambiental relevantes;
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Disposição e comprometimento social com a transparência, a solidariedade, a democracia e a justiça social.
Progresso não significa apenas estradas, indústrias, usinas, cidades e máquinas. Tudo isto melhora a qualidade de vida dos seres humanos, mas isoladamente não pode permitir uma dimensão de equilíbrio e felicidade coletiva.
Para isto precisamos de harmonia e sustentabilidade dentro de uma visão holística abrangente.
O progresso de forma descontrolada tem alto custo social e ambiental sendo responsável por grande parte dos impactos hoje identificados.
O atual modelo de crescimento econômico produziu enormes desequilíbrios. De um lado nunca houve tanta riqueza e fartura no mundo, e por outro, a miséria, a degradação ambiental e a poluição aumentam dia-a-dia.
Diante desta constatação, surge a necessidade do Desenvolvimento Sustentável, buscando conciliar o desenvolvimento econômico com a preservação ambiental e o fim da pobreza no mundo.
Desenvolvimento sustentável pode ser definido de forma mais abrangente como a busca de equilíbrio entre tecnologia e ambiente, com participação de todos os grupos sociais e nações, em busca da qualidade de vida, equidade e justiça social.
Para atingirmos desenvolvimento sustentável, a proteção do ambiente tem que ser considerada integrante do processo de desenvolvimento.
Neste momento, deve ser enfatizada a diferença entre crescimento e desenvolvimento. Crescimento não conduz de forma automática à igualdade ou à justiça social, pois não considera estes aspectos.
O desenvolvimento considera a geração de riquezas e sua distribuição, de forma a melhorar a qualidade de vida de toda população, dentro do contexto de preservação ambiental do planeta.
O conceito amplo representado pelo desenvolvimento sustentado considera todo um conjunto de concepções e atitudes, destacando-se:
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Buscar contemplar a satisfação das necessidades básicas da população, adotando o princípio da equidade social, integrando a todos e propiciando educação, saúde, lazer, etc.;
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Priorização a preservação e conservação das condições ambientais para possibilitar boas condições de vida para as gerações futuras;
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Estimular a participação para obter resultados relevantes, o que somente é possível adotando práticas de descentralização do poder e gestão solidária e democrática;
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Auxiliar na construção de um sistema social que estimule a conservação ambiental, a eficiência econômica e a erradicação da miséria e inclusão social;
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Realçar e contribuir para as práticas educacionais que são fundamentais dentro deste contexto.
Para atingir os objetivos fundamentais do desenvolvimento sustentável a ferramenta da educação ambiental é indispensável e estratégica, pois representa a maneira funcional de participação responsável.
Existem limites ambientais para o desenvolvimento, mesmo que de forma sustentada. Em 1987, um relatório da ONU (Organização das Nações Unidas) já alertava que na medida em que os países em desenvolvimento começassem a atingir padrões de consumo de energia próximos ao dos países desenvolvidos, dentro da atual matriz energética, este fato se tornaria insuportável para o ecossistema planetário.
O antigo relatório já sintetizava as preocupações que hoje estão cada vez mais evidenciadas: “No passado nos preocupamos com os impactos do crescimento econômico sobre o meio ambiente. Agora temos que nos preocupar com os impactos do desgaste ecológico – degradação dos solos, regimes hídricos, atmosfera e florestas – sobre nossas perspectivas econômicas”.
Mais que a própria intensidade de ocupação do meio físico pelo imenso crescimento demográfico descontrolado, são a falta de planejamento no uso e ocupação do espaço e as incorreções e absurdos técnicos na concepção e implantação das ocupações, quando estas não são totalmente improvisadas e espontaneístas, que geram a maior potencialização dos problemas ambientais.
Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.
EcoDebate, 22/07/2014
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Oi,
Não consegui entender esta frase:
“Agora não é mais boa prática recomendável, a análise do ciclo de vida do produto, a gestão compartilhada e a logística reversa implica em adotar conceitos de ecodesign sempre que forem aplicáveis.”
Será que a idéia era:
“Agora não são apenas boas práticas recomendáveis (por terem sido colocadas em lei). A análise do ciclo de vida do produto, a gestão compartilhada e a logística reversa implicam em adotar conceitos de ecodesign sempre que forem aplicáveis.”
ou (acho que não, pois destoaria do restante do texto):
“Agora não é mais boa prática recomendável a análise do ciclo de vida do produto. A gestão compartilhada e a logística reversa implicam em adotar conceitos de ecodesign sempre que forem aplicáveis.”
Tanta conversa para dizer nada.
Em síntese, podemos afirmar: é absolutamente impossível a coexistência de sustentabilidade ambiental e capitalismo, isto porque o capitalismo se alimenta de lucro, e, para obter lucro, o capitalismo rompe quaisquer limites, sejam eles ambientais, climáticos ou sociais.
Em outras palavras, o capitalismo é absolutamente irracional em relação a qualquer questão que não seja a obtenção de lucro.