EcoDebate

Plataforma de informação, artigos e notícias sobre temas socioambientais

Notícia

Justiça manda retirar da internet vídeos com ofensas a religiões de matriz africana

 

direitos humanos

 

A pedido do Ministério Público Federal (MPF), o Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2) determinou, em liminar, a retirada de 15 vídeos postados no Youtube com ofensas a religiões de matriz africana. Após receber a notificação, a Google Brasil, responsável pelo site, terá até 72 horas para retirar o conteúdo discriminatório da rede. Caso descumpra a ordem judicial, a empresa será multada em R$ 50 mil por dia.

O MPF recorreu ao tribunal após uma polêmica decisão da 17ª Vara Federal do Rio de Janeiro, em que um juiz desconsiderou a umbanda e o candomblé, alegando não terem “os traços necessários de uma religião”. Após o episódio, a Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão pediu que fossem reconhecidos a urgência e gravidade do combate a essas ofensas à lei. Na liminar, o desembargador federal Reis Friede concordou com a procuradoria, e afirmou que a continuidade dos vídeos na internet representaria a negação à dignidade de tratamento às religiões de origem africana.

“A liberdade de expressão não pode constituir autorização irrestrita para ofender, injuriar, denegrir, difamar e/ou caluniar outrem. Vale dizer, liberdade de expressão não pode se traduzir em desrespeito às diferentes manifestações dessa mesma liberdade, sendo correto dizer que a liberdade de expressão encontra limites no próprio exercício de outros direitos fundamentais”, disse o desembargador no texto.

Para o conselheiro estratégico do Centro de Articulação de Populações Marginalizadas (CEAP), babalaô Ivanir dos Santos, a determinação do TRF-2 é uma grande vitória. “É uma decisão muito importante para a luta contra a intolerância religiosa. Os [15] vídeos são uma representação de um número muito maior que existe circulando na internet, que demonizam e depreciam a religião. Uma coisa é você falar sobre a sua religião, outra coisa é você usar um vídeo para demonizar as religiões de matrizes africanas”, disse.

O líder religioso lamentou o uso da internet para a propagação de preconceito. “Uma coisa é ter opinião, outra coisa é usar os meios de comunicação para disseminar ódio e preconceito. Isso é com qualquer religião, não só as de matrizes africanas. Anglicanos, budistas, judeus, islâmicos, a própria Igreja Católica também estão sofrendo com isso. Cristo não ensinou a ninguém odiar o próximo, ele ensinou a amar. Nós não podemos generalizar, nem todos fazem esse tipo de coisa. Na verdade são pessoas que usam da religião para disseminar ódio, não com objetivos religiosos”, opinou.

Outro caso de intolerância religiosa ocorreu durante a madrugada desta sexta-feira (27), na casa de candomblé Conceição d’Lissá, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Criminosos invadiram e atearam fogo no local. Segundo o babalaô Ivanir dos Santos, este não foi o primeiro ataque à casa. “Há três anos, homens passaram de carro e atiraram no portão. Estamos muito preocupados porque a intolerância religiosa continua crescendo. Vamos aguardar as investigações da polícia”.

A Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos do Rio de Janeiro repudiou, em nota, a ação criminosa e informou que enviará um ofício à Polícia Civil pedindo a identificação dos autores “para que posteriormente sejam remetidos à Justiça para responderem criminalmente”. O órgão lembrou que episódios como este distorcem a importância histórica e cultural das religiões de origem africana. “Todas as pessoas e suas respectivas religiões merecem proteção e respeito”, diz a nota.

Da Agência Brasil

EcoDebate, 30/06/2014


[ O conteúdo do EcoDebate pode ser copiado, reproduzido e/ou distribuído, desde que seja dado crédito ao autor, ao EcoDebate e, se for o caso, à fonte primária da informação ]

Inclusão na lista de distribuição do Boletim Diário do Portal EcoDebate
Caso queira ser incluído(a) na lista de distribuição de nosso boletim diário, basta clicar no LINK e preencher o formulário de inscrição. O seu e-mail será incluído e você receberá uma mensagem solicitando que confirme a inscrição.

O EcoDebate não pratica SPAM e a exigência de confirmação do e-mail de origem visa evitar que seu e-mail seja incluído indevidamente por terceiros.

Remoção da lista de distribuição do Boletim Diário do Portal EcoDebate
Para cancelar a sua inscrição neste grupo, envie um e-mail para ecodebate@ecodebate.com.br. O seu e-mail será removido e você receberá uma mensagem confirmando a remoção. Observe que a remoção é automática mas não é instantânea.

Alexa

One thought on “Justiça manda retirar da internet vídeos com ofensas a religiões de matriz africana

  • Todas as religiões devem ser objeto de estudo, devem compor a grade curricular dos cursos, sendo abordadas de um ponto de vista científico, objetivando desfazer as ilusões que foram instaladas nas mentes das pessoas desde tempos remotos.
    As crenças religiosas foram criadas há dezenas de milhares de anos, quando a espécie humana, impossibilitada de compreender os fenômenos da natureza, e tomando consciência de suas próprias fraquezas e de que a morte era inevitável, passou a criar seres sobrenaturais, poderosos e capazes de resolver seus graves problemas, entre os quais estavam a luta pela subsistência e a vida após a morte.
    É mais ou menos assim que Sigmund Freud explica o surgimento de deuses.
    As crenças religiosas são muito úteis às classes dominantes, e sempre foram utilizadas para subjugar povos, juntamente com as armas e com a apropriação dos meios de subsistência.
    Se temos, atualmente, muitos motivos que nos causam sentimento de decepção com o resultado da evolução da espécie humana, a permanência da crença religiosa é, sem dúvida, o mais exuberante de todos.

Fechado para comentários.