Somos todos bananas, artigo de Daniel Clemente
Charge por Renato Andrade, no Humor Político
[EcoDebate] Durante quatrocentos anos de saques, os piratas do Velho Mundo desenterraram todo o ouro e a prata que não haviam enterrado no Novo Mundo, e com o propósito de perpetuar a logística colonialista, passaram a inundar o continente americano com seus produtos industrializados, fomentando necessidades comerciais às novas nações latino-americanas, que retribuíam enviando a preço de banana toda a riqueza de sua matéria-prima.
E a banana transformou as jovens repúblicas da América Central e Caribe em vastos plantios, colhendo ditadores militares sanguinários que viravam suas armas contra o próprio povo e políticos corruptos que legislavam de acordo com interesses alheios a nação. Os que trabalhavam na terra morriam de fome mesmo produzindo toneladas de alimentos, a riqueza do solo foi sugada pela sede gananciosa da United Fruit Company, empresa estadunidense, assassina das democracias centro-americanas e caribenhas, transformando-as em Repúblicas das Bananas, colonizadas pelo poder do capital financeiro do vizinho do norte.
Agora as bananas não param de cair, sendo arremessadas das arquibancadas em direção ao gramado, os estádios de futebol retratam a face do racismo enraizada no mundo. A motivação racial é a resposta incorreta para justificar a crise ou para explicar a ascensão. As teorias nazistas e fascistas que adormeciam soterradas sob os escombros da II Guerra Mundial levantam-se como explicação para a crise de credibilidade financeira europeia. O antropólogo brasileiro Darcy Ribeiro, doutor em decifrar as obviedades do planeta, entendeu melhor do que ninguém as origens de sua profissão: “A antropologia, por demasiado tempo não foi mais do que uma doutrina racista sobre a superioridade do homem branco e europeu, a destinação civilizatória que pesava sobre seus ombros como um encargo histórico”.
Somos todos bananas, combatemos o racismo fazendo um pedido de inclusão, aceitamos a condição de colonizados buscando no colonizador o meio ideal de vida, desejamos uma sociedade ideal idealizando como explorar os demais. No final das contas estamos digerindo as bananas, digerindo nós mesmos, somos todos bananas.
Daniel Clemente é Professor de História, Sociologia e Filosofia do Colégio Adventista de Santos
EcoDebate, 26/05/2014
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Pena que o texto seja tão curto Daniel. Quão mal e torcida está a história contada nas escolas, não? Que bom que a Escola Adventista de Santos tenha professores bem posicionados politicamente.
Um gde e ftn abç