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Assim como brasileiros, alemães estão longe do consumo sustentável

 

Requisitos como impactos sociais e econômicos ainda não entram na lista de compra dos alemães. No Brasil, tema também não é prioritário. Além de outras medidas, é preciso mais transparência sobre a origem de mercadorias.

Os alemães acreditam que são o povo que consome de forma mais responsável, mas não é verdade. O consumo no país é muito alto e as consequências negativas desse comportamento não são somente ambientais, mas também sociais e econômicas.

A conclusão é de Ulf Schrader, coordenador do departamento de Economia e Consumo Sustentável da Universidade Técnica de Berlim. Junto com o governo, ele trabalha em políticas para “reeducar” os hábitos de consumo da sociedade.

“Na Alemanha, é mais barato viajar de Hamburgo para Stuttgart de avião do que de trem, e isso é uma catástrofe no sentido do consumo sustentável”, exemplifica Schrader, que também é integrante da assessoria científica Políticas de Consumo e Alimentação do Ministério Federal para Alimentação e Agricultura.

Apesar de o debate sobre sustentabilidade estar bastante presente no país, muitas vezes citado como exemplo, os alemães ainda estão bem longe de praticar o consumo responsável.

Na hora da compra é preciso também avaliar as consequências sociais e econômicas da produção de determinados produtos, como, por exemplo, as condições de trabalho na produção de roupas em Bangladesh. Ou a guerra causada no Congo pelo controle de minas de coltan, mineral utilizado na produção de aparelhos eletrônicos, como celulares e computadores. Esses requisitos ainda não entram na lista de compra dos alemães.

Parece um comportamento difícil de ser seguido, especialistas concordam. Mas só assim as futuras gerações terão o sustento garantido. “Consumo sustentável é tentar viver de uma maneira global, de forma que esse consumo não limite a vida de outras pessoas no presente e no futuro e, se possível, as favoreça”, tenta definir o conceito Schrader.

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Atores diversos

Uma mudança de comportamento não depende somente dos consumidores, mas é um processo no qual governos e empresas desempenham um papel importante. A decisão da compra é individual e pode forçar a indústria a produzir de maneira sustentável.

Mas para isso, o cidadão precisa ter opções de compra e também acesso a informações sobre a origem dos produtos, além de receber uma educação que reforce a importância da sustentabilidade. E nesses aspectos as políticas públicas são fundamentais.

“Todos são responsáveis pelo consumo sustentável. Nesse contexto, o papel da política é criar as condições para estimular e facilitar a produção de produtos regionais e orgânicos e também fornecer educação para a população”, afirma o secretário de Proteção Climática, Meio Ambiente, Proteção do Consumidor e da Natureza do estado da Renânia do Norte-Vestfália, Johannes Remmel.

Para o político, o setor mais complicado de se alcançar um consumo responsável na Alemanha é o alimentar. “Os alemães possuem as cozinhas mais caras do mundo, mas na hora de comprar alimentos optam pelos mais baratos, diferentemente da Itália ou França onde o aspecto principal é a qualidade”, diz.

Segundo especialistas, para estimular o consumo sustentável o governo alemão precisa criar leis de transparência para que consumidores tenham acesso a informações simplificadas sobre a origem de produtos, aumentar as taxas de reciclagem, chegando até 100%, e desenvolver políticas que tornem o preço de produtos sustentáveis mais acessíveis ao bolso do consumidor.

“Nós precisamos de uma política tributária que taxe a produção que consome mais recursos, mais energia e que polui mais. Produtos assim precisam ser mais caros”, reforça Schrader.

Reciclagem também promove a sustentabilidade

Consumo responsável no Brasil

Assim como na Alemanha, o consumo responsável ainda não é uma prática comum no Brasil. Segundo Juliana Gonçalves e Thais Mascarenhas, do Instituto Kairós, os brasileiros estão consumindo em excesso e escolhendo produtos sem pensar como foram produzidos.

Para fortalecer esse debate e estimular consumidores a refletirem sobre sua decisão de compra são necessárias ações educativas e também investimentos em assistência técnica para que produtores trabalhem de maneira sustentável. Essa forma de produção também precisa ser econômica e viável, afirmam as especialistas do Instituto Kairós, ONG que promove o consumo responsável e comércio justo no Brasil.

No país, o consumo responsável está sendo incentivado por algumas iniciativas e instituições e essa prática já vem acontecendo no setor alimentar. Muitos consumidores estão dando preferência a produtos orgânicos e regionais. Essa mudança de hábito de consumo fez com que o mercado aumentasse a oferta desses tipos de produtos.

Matéria de Clarissa Neher, na Agência Deutsche Welle, DW, reproduzida pelo EcoDebate, 22/01/2014


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