A agricultura deve ser o setor mais afetado pelas mudanças climáticas ao longo do século 21
Mudanças climáticas podem causar perdas de R$ 7,4 bilhões para agricultura, diz relatório
A agricultura deve ser o setor da economia mais afetado pelas mudanças climáticas ao longo do século 21, divulgou na sexta-feira (25) o Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC), na segunda parte do primeiro relatório nacional. De acordo com o estudo, o prejuízo do agronegócio com problemas climáticos pode chegar a R$ 7,4 bilhões em 2020 e R$ 14 bilhões em 2070. Até 2030, a produção de soja, por exemplo, pode ter perdas de até 24%.
“É uma preocupação em termos de impacto financeiro e para a questão de segurança. A ideia é que esses relatórios possam sinalizar aos tomadores de decisão a importância de agir agora. O custo da inação, de não fazer nada, vai ser maior do que se a gente começar a se prevenir”, defendeu Andrea Santos, secretária executiva do painel.
O estudo prevê que as mudanças nos regimes de chuva e a elevação da temperatura média prejudique a agricultura principalmente em áreas secas, como o Nordeste, região em que a distribuição de chuvas pode cair até 50%, segundo o relatório. Um resultado desse processo seria a intensificação da pobreza e a migração para áreas urbanas, impactando a infraestrutura. Culturas como as do milho, do arroz, da mandioca, do feijão e do algodão seriam prejudicadas.
Outra ameaça à segurança alimentar prevista pelo relatório é a diminuição do potencial pesqueiro do Brasil, que pode chegar a até 10% nos próximos 40 anos. Andrea explica que, com o aumento da temperatura da água e a mudança na salinidade, espécies podem buscar regiões mais frias, afetando toda a costa nacional. O estudo aponta ainda a elevação do nível do mar como outra possível vulnerabilidade das cidades litorâneas.
“Além de inundações, esse aumento pode levar a colapsos no sistema de abastecimento e esgotamento, com o retorno de esgoto para as residências em um caso de transbordo dos sistemas de tratamento. Isso pode trazer prejuízos também para o lençol freático”.
Nas grandes cidades, os prejuízos estimados serão na mobilidade e na habitação, que podem sofrer com tempestades mais frequentes no Sul e no Sudeste. Já biomas como a Amazônia e a Caatinga correm riscos de ter queda de até 40% dos índices pluviométricos (chuvas), afetando a biodiversidade. A alta da temperatura também pode aumentar a incidência de doenças, como a dengue e a leishmaniose, e, combinada a maiores radiações de raios ultravioletas e emissões de gás carbônico, as lavouras podem sofrer com mais pragas e doenças causadas por fungos.
O painel reúne 345 especialistas de universidades e institutos de pesquisa brasileiros e recebe o apoio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e do Ministério do Meio Ambiente, além de outras entidades.
** O Sumário Executivo do GT1 – Base Científica das Mudanças Climáticas, do Primeiro Relatório de Avaliação Nacional do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas foi lançado no dia 09 de setembro e está disponível para download no link: http://www.pbmc.coppe.ufrj.br/documentos/MCTI_PBMC_Sumario%20Executivo%204_Finalizado.pdf
Edição: Carolina Pimentel
Reportagem de Vinícius Lisboa, da Agência Brasil, publicada pelo EcoDebate, 28/10/2013
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A matéria em si tem dados bastante interessantes, mas o título é um tanto… bem, qual outra área econômica se esperaria que fosse prevista como a mais afetada diretamente por mudanças climáticas?
Enquanto boa parte dessas mudanças são previsões, o que se pode prever é aquilo que já aconteceu antes.
Pode-se inferir que a agricultura, sendo historicamente dependente do clima, será grandemente afetada por mudanças climáticas. Essa é a parte óbvia do processo. Excesso de chuvas atrapalha a agricultura, excesso de calor também, falta de chuvas também… aí vai. Excesso de chuvas sobre uma indústria pode não fazer nada. Ou pode ser ruim o suficiente para alagar a linha de produção e causar muito prejuízo. Mas quem vai conseguir prever algo com esse detalhe?
Dependendo do quanto o clima mude, é possível e provável que outras áreas econômicas também sejam afetadas, mas… como? Não é possível dizer, pois não temos os parâmetros históricos para isso.