Especismo e ecocídio: a extinção dos tigres, artigo de José Eustáquio Diniz Alves
[EcoDebate] No espaço de um século a população de tigres selvagens diminuiu de cerca de 100.000 (cem mil) para 3.500 indivíduos. Três subespécies – Javan, Bali, e Caspian tigres – desapareceram durante o século 20. Uma quarta subespécie, o tigre do Sul da China, não foi vista na natureza há mais de 25 anos e foi assumida como extinta durante a década de 1990.
De 1900 para cá, a população humana passou de 1,6 bilhão para quase 7,2 bilhões de indivíduos, ocupando cada vez mais espaços no Planeta. Os tigres, assim como outras espécies animais e vegetais, sofrem do mesmo processo de predomínio do crescimento da civilização humana e da diminuição da vida selvagem e da perda da biodiversidade.
Populações remanescentes de tigres na Sibéria, Indochina, Malásia e Sumatra são pressionadas em pequenas áreas isoladas, protegidas que compõem menos de 7 por cento de sua escala anterior. O tigre de Bengala, encontrado na Índia, Nepal, Bangladesh, Butão, Myanmar e China, possui a maior variação genética, sendo considerado a chave para a sobrevivência da espécie.
No Nepal, com ajuda da WWF e de organismos internacionais, houve aumento do número de tigres, mas o número total no país é de apenas 198 indivíduos. Mesmo assim, a população nepalesa de 27 milhões de humanos reclama dos planos de conservação da floresta e dos animais, pois existem casos tigres atacando pessoas, especialmente aquelas que exploram os recursos naturais das montanhas.
Na Índia, a situação é particularmente preocupante, já que a população do tigre-de-bengala (Panthera tigris tigris), caiu de 3,6 mil para apenas 1,4 mil nos últimos oito anos. A necessidade de ampliar as áreas de agricultura e de produção de alimentos para uma população que caminha para 1,5 bilhão de habitantes, estreita os espaços disponíveis para a vida selvagem.
Muitos Tigres têm sorte de escapar dos caçadores, mas enfrentam o azar de serem baleados ou envenenados por moradores indignados com as perdas de gado. A fêmea reprodutora precisa de duas presas por semana, ou 20 quilos de carne por dia, especialmente no inverno. Mas as fontes de alimento e vida selvagem só diminuem para as espécies não-humanas.
Devido a estas ameaças e ao rápido declínio da população de tigres, a União Internacional para a Conservação da Natureza incluiu a espécie na “lista vermelha” daquelas ameaçadas de extinção e está pensando em mudar seu status de “em Perigo” para “Criticamente em Perigo”. Essa é a última paragem antes do final amargo: “Extinto na Natureza”.
Referência:
- Caroline Fraser. As Tigers Near Extinction: A Last-Ditch Strategy Emerges, e360, Yale, 15/11/2010
- ALVES, JED. Especismo e as desigualdades entre espécies. EcoDebate, Rio de Janeiro, 14/03/2012
- ALVES, JED. Erradicar o Ecocídio. EcoDebate, Rio de Janeiro, 31/10/2012
http://www.ecodebate.com.br/2012/10/31/erradicar-o-ecocidio-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/
- ALVES, JED. Especismo e ecocídio: 100 milhões de tubarões mortos por ano. EcoDebate, Rio de Janeiro, 07/11/2012
- ALVES, JED. Especismo e ecocídio: o massacre de elefantes e o comércio de marfim. EcoDebate, Rio de Janeiro, 21/11/2012
- ALVES, JED. Especismo e ecocídio: a ameaça de extinção dos rinocerontes. EcoDebate, RJ,28/11/2012
- ALVES, JED. Especismo e ecocÍdio: a destruição da Amazônia. EcoDebate, RJ, 01/02/2013
- ALVES, JED. Especismo e ecocídio: Gorilas ameaçados de extinção. EcoDebate, RJ, 10/04/2013
- ALVES, JED. Especísmo e ecocídio: o sumiço das abelhas. EcoDebate , Rio de Janeiro, 18/09/2013
José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado em Estudos Populacionais e Pesquisas Sociais da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br
EcoDebate, 25/10/2013
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