A Peregrinação no São Francisco, 20 anos depois. Entrevista com Ruben Siqueira
“A peregrinação e os jejuns tornaram-se referências de luta não só para o São Francisco e o Nordeste, neste início de século XXI, ao fazer a ponte entre fé e vida, ecologia e política, indivíduo e sociedade, espiritualidade e luta. Para nós, ribeirinhos e lutadores do São Francisco, revisitar, reviver e manifestar este legado é reencontrar, a despeito da conjuntura adversa, as forças que nos movem a continuar até vencer”, afirma o agente da Comissão Pastoral da Terra – CPT-Bahia
Foto: http://bit.ly/18XC6Xg |
Há 20 anos o franciscano Luiz Cappio liderou a primeira Peregrinação no Rio São Francisco, que nasce em Minas Gerais e atravessa os estados da Bahia, Pernambuco, Sergipe e Alagoas, para “sensibilizar e mobilizar as comunidades locais para a preservação do Rio”. Passadas duas décadas, o contexto dos moradores que vivem no entorno do Rio São Francisco “acentua os simbolismos desta celebração bidecenal”, diz Ruben Siqueira à IHU On-Line, em entrevista concedida por e-mail.
No próximo dia 15 de novembro, uma Romaria à Foz do São Francisco irá relembrar as ações iniciadas há duas décadas para demonstrar que a “conjuntura política e econômica atual não favorece e até recrudesce as ameaças sobre o São Francisco Rio e Povo”, assinala.
Na avaliação dele, “a retomada neodesenvolvimentista impõe mais projetos degradantes à bacia, os quais se somam aos antigos, o que aumenta o passivo socioambiental. São projetos como a transposição, centenas de barragens nos afluentes e subafluentes, imensos parques eólicos, mineradoras por todo o território, expansão do agronegócio monocultor, agrocombustíveis, ferrovias e outras obras de infraestrutura. Com os movimentos populares sob controle, desfibrados, mais difícil é resistir e, mais ainda, avançar em revitalização com protagonismo do povo organizado”. E dispara: “A dinâmica voltou a ser ‘correr atrás do prejuízo’”.
Na entrevista que segue, Siqueira também comenta a atual situação da transposição do Rio São Francisco, iniciada há cinco anos e sem prazo de conclusão. “A transposição não levou uma gota d’água a nenhum dos alegados ‘12 milhões de flagelados da seca’, mas já beira a R$ 9 bilhões consumidos. E votos da região não faltaram para a eleição de governistas nas eleições desde então. Assim como deve acontecer na próxima eleição presidencial, em 2014, com novos aditivos liberados e a promessa de correr água nos primeiros 100 km de ambos os canais até o final de 2014”.
Ruben Siqueira é agente da Comissão Pastoral da Terra – CPT-Bahia e coordena um projeto, em parceria com o CPP – Conselho Pastoral dos Pescadores, de apoio à Articulação Popular São Francisco Vivo.
Foto: http://bit.ly/13SifdF |
Confira a entrevista.
IHU On-Line – O que foi a peregrinação pelo Rio São Francisco 20 anos atrás?
Ruben Siqueira – O São Francisco é um rio de muitas importâncias, talvez mais do que qualquer outro para o país. O fato de ser decantado em prosa e verso como o “rio da integração nacional” não o preservou de uma série de intervenções cada vez mais danosas. Como tal, sempre foi também objeto de preocupação de muitos; alguns, mais consequentes, ousaram agir em sua defesa.
Nos anos 1970 e 1980, intensificaram-se os usos econômicos múltiplos, indisciplinados, sobrepostos de seus recursos naturais, sobretudo através de projetos hidrelétricos e de irrigação agrícola, sem contrapartidas sociais e ambientais à altura. O maior prejudicado neste processo era o povo ribeirinho da calha principal e dos afluentes. O rio era/é sua maior fonte de vida. Por isso, dependia deste povo conseguir preservá-lo, para o que precisava se mobilizar e lutar.
No início dos anos 1990, constitui-se a Associação Prá Barca Andar, com representantes de várias regiões da bacia hidrográfica, como resultado de uma viagem de barco de Pirapora-MG a Xique-Xique-BA, feita por militantes sociais, artistas e ambientalistas. A viagem foi um criativo trabalho eco-cultural de educação e mobilização popular em vários locais ribeirinhos. Deixou a conclusão de que os problemas eram muitos e graves, mas havia iniciativas de resistência e muito acolhimento e disposição de luta do povo.
Convencidos disto, Frei Luiz Cappio, (foto: http://migre.me/g534h) franciscano, então padre da diocese de Barra-BA, reuniu um pequeno grupo, composto de Irmã Conceição Menezes, religiosa franciscana, Adriano Martins, sociólogo e ambientalista, e Orlando Araújo, lavrador e garimpeiro. Depois de um ano e meio de preparação, envolvendo igrejas e entidades ao longo do rio, puseram-se a caminhar e visitar as comunidades pelas barrancas, ilhas, povoados e cidades do “Velho Chico”, da nascente à foz, entre 4 de outubro de 1992 e 4 de outubro de 1993, dia de São Francisco e do “batismo” pelos colonizadores portugueses do Rio que era o “Opara” (“rio-mar, sem rumo certo”) dos indígenas.
Peregrinação franciscana
A motivação central desta Peregrinação franciscana, no espírito do Rio e do Santo, foi a de sensibilizar e mobilizar as comunidades locais para a preservação do Rio, em especial as mais pobres, que mais precisam dele, e provocar os que mais têm poder sobre sua vida e sua morte.
Imbuídos deste espírito, não levavam nada além de poucas roupas e a imagem de São Francisco Peregrino, talhada em madeira pelo cearense Zeus especialmente para a ocasião, doada pelo artista Bené Fonteles. Comeram do que lhes deram, dormiram onde foi possível. O forte era a mensagem e tudo estava em função dela, sobretudo o testemunho. Foram acolhidos com alegria por 350 comunidades, ao longo dos 2.863 km de extensão do rio.
O refrão adaptado da obra de Guimarães Rosa, de uma espécie de “Hino da Peregrinação”, composto por Frei Luiz, muito cantado até hoje, resume a proposta: “Meu Rio de São Francisco / Nessa grande turvação / Vim te dar um gole d’água / E pedir sua benção”.
Variadas atividades foram desenvolvidas: 737 celebrações; 464 encontros com estudantes e professores; 296 com grupos específicos (crianças, jovens, sindicatos, colônias de pescadores, grupos ecológicos, povos indígenas); 46 com Câmaras de Vereadores; 35 com Prefeituras Municipais; 15 com empresas; e um sem número de entrevistas para emissoras de rádio, canais de televisão e jornais. Milhares de árvores foram plantadas como gesto simbólico do “gole d’água” dado ao Rio em retribuição às tantas “bençãos” que ele dá. Por certo será este, como alguns estudiosos admitem, um dos maiores movimentos eco-religiosos da história.
Uma exposição iconográfica da Peregrinação foi montada com ajuda de amigos da Alemanha e percorreu várias cidades de lá e de cá, prolongando seus efeitos por mais lugares e pessoas incontáveis.
A Peregrinação mexeu tanto com o povo como com as autoridades. Uns e outros são levados a reconhecer a situação alarmante de degradação do Rio. Nasce a expressão “revitalização do rio São Francisco” para dizer de uma necessidade imperiosa afirmada pelo povo e, a partir daí, uma pauta política relevante para o país.
IHU On-Line – Quais os principais problemas e lutas do povo ribeirinho que os peregrinos encontraram?
Ruben Siqueira – A Peregrinação foi também um profundo diagnóstico da situação do rio e de seu povo. Os peregrinos escreveram nove cartas dando conta do que viram e viveram. A última, da foz, ao final da viagem, traz um resumo dos principais problemas. Elas podem ser encontradas no livro publicado pela Editora Vozes (1ª edição -1995; 2ª – 2000), intitulado “Rio São Francisco – uma caminhada entre vida e morte”. Concluem os peregrinos: “Vimos o rio, que é fonte de vida, próximo da morte. O povo do rio está sendo cada vez mais afastado de suas beiras, tomadas pelas fazendas de gado e pelos projetos agroindustriais.
O espaço sagrado da vida passou a ser visto pelo Estado brasileiro como área de interesse para a expansão do capital. Vivemos hoje uma nova invasão no Vale do São Francisco, e os “novos índios” a serem exterminados são os pobres que o habitam. (…) Rio e povo são uma mesma e única vida ameaçada pela exploração irracional e criminosa de suas riquezas”.
Quatro foram os principais problemas diagnosticados em todo o vale: o desmatamento dos cerrados e das matas ciliares, a poluição das águas, as barragens e os projetos de irrigação. E, baseadas em iniciativas encontradas e/ou sugeridas durante a Peregrinação, 17 foram as propostas feitas para a revitalização do rio e do povo, que vão desde uma nova postura, de “simplicidade voluntária” diante da vida, até a solidariedade internacional, passando pelo fim do analfabetismo e pela educação ecológica; plantio de árvores, sobretudo nas beiradas do rio; fim do desmatamento e da monocultura do eucalipto; programas de saneamento e despoluição das águas; gerenciamento racional, justo e democrático dos múltiplos usos das águas; revisão dos projetos desenvolvimentistas e democratização dos planejamentos e ações de desenvolvimento; reforma agrária e apoio aos pequenos agricultores e à agroecologia; reorientação da política energética com alternativas de produção de energia; descentralização da indústria, não poluente e voltada para o consumo local e regional; valorização da rica cultura ribeirinha, do exercício da cidadania e da interação equilibrada com o meio ambiente. Todas ainda muito atuais.
IHU On-Line – Qual foi o saldo deixado pela Peregrinação?
Ruben Siqueira – Uma das grandes qualidades da Peregrinação foi a de, com franciscana sensibilidade, integrar as dimensões da ecologia, da política e da espiritualidade dentro de uma tradição cultural, que é a do povo ribeirinho e nordestino. A Peregrinação foi responsável por criar uma compreensão comum dos principais problemas do São Francisco e do desafio de enfrentá-los em conjunto, única maneira de salvá-lo.
A mensagem mobilizadora aí contida é de que “cada um é responsável pela vida do Rio e é capaz de fazer algo pela sua recuperação”. E mais fará se estiver unido a seus irmãos, irmãs, companheiros e companheiras. Também porque desvendar a superexploração é expor suas grandes mazelas, um desafio para gerações.
Muitas iniciativas surgiram durante e depois da Peregrinação, por ela motivadas: além do plantio de árvore, preservação de nascentes e matas em propriedades particulares e comunitárias; mutirões de limpeza da beira do Rio; programas de educação ambiental e semanas ecológicas nas escolas; mutirões de arborização das cidades; fortalecimento e criação de consórcios intermunicipais de recuperação de matas ciliares; programas municipais de reciclagem do lixo; iniciativas de recuperação de afluentes e subafluentes; criação de comitês de microbacias; oficina que elaborou o Programa de Gestão Integrada da Bacia Hidrográfica etc., em parceria com ONGs, poder público e empresas privadas.
Em 2005, como herdeira dessa consciência e dessa capacidade de mobilização despertadas, surge a Articulação Popular São Francisco Vivo – SFVivo. Vêm também daí sua mensagem básica e sua missão: “SÃO FRANCISCO VIVO TERRA, ÁGUA, RIO E POVO”. Desde então, ficou claro que, para preservar o Rio, o povo tem que estar mobilizado, ativo, pressionando, fiscalizando, fazendo.
Foi assim no enfrentamento do projeto de transposição. Em 2007, a São Francisco Vivo liderou a ida a Brasília com cerca de 800 representantes do povo ribeirinho em protesto contra a decisão de implantar o projeto. Depois, a ocupação do canteiro de obras em Cabrobó-PE, com cerca de 1.500 pessoas. Em seguida, dois mutirões de trabalho de base com cerca 60 militantes cada um, esclarecendo o povo ao longo do traçado dos canais sobre as mentiras do projeto. E tem sido assim, também, na luta pela revitalização verdadeira do Velho Rio.
IHU On-Line – Qual a importância de celebrar estes 20 anos da Peregrinação?
Ruben Siqueira – O contexto que vivemos acentua os simbolismos desta celebração bidecenal. A conjuntura política e econômica atual não favorece e até recrudesce as ameaças sobre o São Francisco Rio e Povo. A retomada neodesenvolvimentista impõe mais projetos degradantes à bacia, os quais se somam aos antigos, o que aumenta o passivo socioambiental. São projetos como a transposição, centenas de barragens nos afluentes e subafluentes, imensos parques eólicos, mineradoras por todo o território, expansão do agronegócio monocultor, agrocombustíveis, ferrovias e outras obras de infraestrutura. Com os movimentos populares sob controle, desfibrados, mais difícil é resistir e, mais ainda, avançar em revitalização com protagonismo do povo organizado. A dinâmica voltou a ser “correr atrás do prejuízo”.
Não é fora de propósito que Frei Luiz (Foto: http://migre.me/g53vM) fizesse dois jejuns (ou greves de fome) contra o projeto de transposição e pela revitalização do rio. O primeiro em 2005, ele já bispo da Barra-BA, em Cabrobó-PE. O segundo em 2007, em Sobradinho-BA, aos pés da barragem tida como o “coração artificial” do rio, à época com água em apenas 12% de sua capacidade, revelando a penúria do rio. Os dois jejuns – como ele prefere chamar – se deram como derradeiro recurso, depois que os movimentos e entidades fizeram o que puderam para que o projeto de transposição fosse suspenso e instaurado um processo de discussão e implantação de alternativas sustentáveis de desenvolvimento do semiárido e recuperação do rio. Deram em vão. E a resistência ao longo dos canais em obra não deslanchou.
A peregrinação e os jejuns tornaram-se referências de luta não só para o São Francisco e o Nordeste, neste início de século XXI, ao fazer a ponte entre fé e vida, ecologia e política, indivíduo e sociedade, espiritualidade e luta. Para nós, ribeirinhos e lutadores do São Francisco, revisitar, reviver e manifestar este legado é reencontrar, a despeito da conjuntura adversa, as forças que nos movem a continuar até vencer.
IHU On-Line – Como será a celebração dos 20 anos?
Ruben Siqueira – A celebração começou em outubro de 2012, quando, acompanhando Frei Luiz e Adriano Martins, cerca de 40 representantes dos povos, entidades e regiões da bacia foram à nascente do São Francisco, repetindo o gesto de 20 anos atrás. Os 12 km a pé de subida da Serra da Canastra, desde a igreja-matriz de São Roque de Minas, foram de revivência da Peregrinação, no gesto e na alma. Desde então, ela tem sido lembrada em atividades da SFVivo, buscando reminiscências e vestígios, atualizando sua mensagem.
Para concluir estes 20 anos, está programada uma Romaria à Foz do São Francisco para o dia 15 de novembro próximo. Pelo menos mil pessoas, vindas de todas as regiões da bacia, deverão reviver pela manhã, em frente à “Igreja das Correntes”, em Penedo-AL, a celebração de 4 de outubro de 1993, conclusiva da Peregrinação. À tarde, uma romaria de barcos, a imagem de São Francisco Peregrino à frente, sairá de Piaçabuçu-AL em direção à foz, onde águas puras da nascente coletadas em outubro de 2012 serão despejadas, reproduzindo o gesto de 1993, para dizer da revitalização do Rio e do Povo pelo qual lutamos.
No dia anterior, as comitivas vindas do Alto, Médio e Submédio São Francisco, acompanhadas de Frei Luiz e peregrinos, farão, em Floresta-PE, a “benção da adutora”. Próximo dali, a “Adutora do Pajeú” capta água do rio e, por tubulação, leva ao interior do sertão de Pernambuco, já abastecendo 90 mil pessoas. É uma das obras constantes para os estados do Nordeste no Atlas Brasil de Abastecimento Urbano de Água da Agência Nacional de Águas (http://migre.me/g53Kn), que defendemos como parte das alternativas à transposição, por ser mais eficiente, sustentável econômica, política e ambientalmente.
Para o meio rural são as dezenas de tecnologias disseminadas pelas cerca de 800 entidades da sociedade civil reunidas na Articulação do Semiárido – ASA, as quais captam água de chuva e do subsolo para consumo humano e produção (exemplos em http://migre.me/g53IW).
IHU On-Line – Como está a obra da transposição? E a revitalização prometida?
Ruben Siqueira – A transposição, iniciada há cinco anos, não levou uma gota d’água a nenhum dos alegados “12 milhões de flagelados da seca”, mas já beira a R$ 9 bilhões consumidos. E votos da região não faltaram para a eleição de governistas nas eleições desde então. Assim como deve acontecer na próxima eleição presidencial, em 2014, com novos aditivos liberados e a promessa de correr água nos primeiros 100 km de ambos os canais até o final de 2014.
Neste mesmo contexto, devem ser interpretados os novos canais do São Francisco para a Bahia e para o Piauí. Ignoram-se os dados do Centro Nacional de Pesquisa Atmosférica (NCAR – Colorado/EUA), os quais indicam que foi de 35% a perda da vazão do São Francisco em 56 anos, entre 1948 e 2004, e os dados do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas – PBMC, cujo recente relatório prevê perda de 30% da vazão que resta.
A obra da transposição foi iniciada apressadamente como estratégia eleitoral – além de votos, dinheiro das empreiteiras nos caixas de campanha – sem projetos executivos. Por isso, começam e param atividades nos 16 lotes de construção dos 720 km de canais, aquedutos, túneis e elevatórias em que operam dezenas de consórcios empresariais. E parte do feito se deteriora, como o concreto dos canais que rachou em Custódia-PE, e o túnel de Cuncas, que ruiu em Mauriti-CE.
Pior é a constatação, nesta última seca, a maior em 60 anos, de que as obras, além de impedirem acesso a aguadas e pastagens, gastaram águas subterrâneas e de açudes que faltaram a famílias e a seus rebanhos. Com a situação assim agravada, os eleitores ficaram mais reféns de programas públicos de emergência e de promessas renovadas, ou seja, da imorredoura “indústria da seca”.
Com o programa de revitalização não é muito diferente. Focado no saneamento – como se o problema do rio fosse só qualidade da água e não quantidade –, o programa desencadeou obras de esgotamento sanitário em 102 municípios da calha e de alguns dos afluentes. Grande parte está inconclusa, deteriorada ou sob denúncias de superfaturamento. Como são pouquíssimas as Estações de Tratamento de Esgoto construídas, aumentou a carga de dejetos jogada diretamente no rio. O Programa Água para Todos avançou mais, com obras previstas no mesmo Atlas da ANA, desde que ficou evidente que se morria de sede não muito longe da beira do rio, cujas águas seriam transpostas para outros distantes sedentos.
Entre os desafios da SFVivo para os próximos anos está o de constituir “núcleos de cidadania” nos municípios para fiscalizar, pressionar e exigir a expansão e a conclusão das obras de saneamento. E também a recuperação de microbacias com a participação das comunidades. De resto, garantir os territórios dos povos e comunidades tradicionais e enfrentar os projetos que mais degradam as condições do rio e do povo sanfranciscano. Como se vê, a peregrinação pela vida do rio e do seu povo não para.
(Ecodebate, 17/09/2013) publicado pela IHU On-line, parceira estratégica do EcoDebate na socialização da informação.
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Caro Ruben,
Gostaria de fazer um comentário sobre a expressiva redução na vazão média do rio São Francisco em um período de pouco mais de 50 anos.
Ao contrário do que muitos pensam, a perda de água de um rio não se dá pela destruição da mata ciliar, por poluição ou por qualquer outra agressão ao rio, pois nada disso tem influência marcante sobre sua vazão média.
Em um rio com muitas barragens, como ocorre com o rio São Francisco, a principal perda é pelo aumento do volume de água evaporado.
Quando se faz uma represa, aumentam-se expressivamente as perdas por evaporação. Para se ter uma ideia, Sobradinho perde em média, a cada segundo, 230 metros cúbicos de água por evaporação. Isso equivale a mais de 12% de sua vazão firme na foz, que é de 1.815 m3/s.
Portanto, essa é a razão principal da perda de água do rio São Francisco.
Quanto aos prognósticos apocalípticos de que o rio perderá mais 50% de sua vazão atual, eu me permito desacreditar deles. Nem com uma mudança climática muito intensa, que aumente expressivamente as perdas por evaporação, ainda assim não teremos perdas dessa magnitude.