Areal devastado apresenta ótima recuperação após reflorestamento
Quase uma década depois de participarem do plantio de aproximadamente 150 mil mudas de leguminosas florestais em áreas de mineração de areia do polo produtor de Seropédica/Itaguaí, no Estado do Rio de Janeiro, os pesquisadores da Embrapa Agrobiologia, Alexander Resende e Eduardo Campello, retornaram ao local para analisar a atual situação. O resultado, de acordo com Resende, é de encher os olhos. “De um terreno onde praticamente não se via árvores, hoje pode-se avistar quase cem hectares de floresta ao redor das lagoas de extração de areia e nas lagoas de rejeito, onde é depositado o material não comercial”, conta.
Segundo ele, tendo em vista os resultados obtidos após uma década do reflorestamento, a intenção do Sindicato dos Mineradores de Areia do Estado do Rio de Janeiro (Simarj), agora, é reiniciar as ações. Para isso, a entidade solicitou à Embrapa uma nova proposta, para o plantio de mais cem hectares de áreas utilizadas na mineração de areia. “Além de avaliarmos a eficiência das estratégias de plantio utilizadas, vamos estudar qual pode ser o papel da Empresa nessa nova fase do projeto”, afirma Resende.
Ele e Campello foram dois dos autores do documento Uso de leguminosas arbóreas fixadoras de nitrogênio na recuperação de áreas degradadas pela mineração de areia no polo produtor de Seropédica/Itaguaí, em 2007, junto com o pesquisador aposentado da Embrapa, Avílio Antônio Franco, e o então estudante de Engenharia Florestal da UFRRJ, Adailton Pereira Ferreira. Eles orientaram o plantio das mudas, entre os anos de 2003 e 2005, que foi colocado em prática como parte do cumprimento de um Termo de Ajustamento de Conduta Ambiental (TAC), firmado entre o Simarj e instituições governamentais, como o Instituto Estadual do Ambiente (Inea).
O TAC foi instituído em 2001, após a constatação, pelos órgãos ambientais de que o processo exploratório de areia em Seropédica estava causando danos consideráveis ao meio ambiente, devido à falta de fiscalização e também de preocupação por parte dos proprietários dos terrenos que os arrendavam a empresas mineradoras para a extração de areia para abastecer a construção civil da região metropolitana do Rio de Janeiro.
Para contornar o problema e adequar o reflorestamento à baixa capacidade de recuperação natural da área e à restrita fertilidade do substrato, os pesquisadores optaram pelo uso de mudas de leguminosas florestais arbóreas, inoculadas com bactérias fixadoras de nitrogênio. “Implantar espécies que não façam essa associação e, portanto, dependam de uma condição de solos mais férteis seria se sujeitar a gastos financeiros exorbitantes, fazendo uso de fertilização e um elevado risco de o projeto não se concluir de modo satisfatório. Daí a alternativa de trabalhar com leguminosas florestais arbóreas, por apresentarem um bom desempenho como ativadoras do processo de sucessão ecológica e serem mais resistentes a essa situação”, explica o documento.
A Embrapa produziu e repassou ao Simarj cerca de 150 mil mudas de leguminosas florestais inoculadas com bactérias específicas e fungos micorrízicos. As mudas foram produzidas no viveiro da Unidade, que também foi a responsável pelas orientações sobre a forma de plantio nas diferentes condições apresentadas nos areais.
Texto de Liliane Bello , Embrapa Agrobiologia, publicado pelo EcoDebate, 29/07/2013
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UM trabalho formidável! Não obstante deve ter sido uma hercúlea tarefa feita por pessoas alheias ao processo minerário que ainda vai deixar marcas terríveis indeléveis que estão sob o solo.