Antivida, artigo de Efraim Rodrigues
[EcoDebate] Por que seu médico insiste para você continuar tomando o antibiótico mesmo depois de já se sentir bem ?
Imagine que cada bichinho que está lhe fazendo mal seja uma pessoinha. Algumas gostam do Pequeno Príncipe, outras de canções francesas. Do nada chega um exterminador (o antibiótico) que mata quase todos porque pega alguma característica muito comum.
Coloque aí como antibiótico, por exemplo, um professor que ‘matasse’ implacavelmente os fans de música sertaneja. Rapidamente sentiríamos o alívio em nossos ouvidos e uma incrível sensação de melhora, mas e se houvesse sobrado alguma dupla ? Uma, por exemplo, com uma estratégia inovadora de não usar chapéu ?
Com a ameaça rondando, eles dariam algum jeito, não ? Mas ao invés de gente, são bichinhos que se reproduzem insaciavelmente, a cada dez minutos. Ou seja, rapidamente a população aprende a lidar com o antibiótico, que então perde seu efeito.
Estes bichinhos que “deram um jeito” são os microrganismos resistentes. Há uma verdadeira fábrica deles não só entre as pessoas que não tomam antibióticos direito, mas também nas criações de suínos, aves e bovinos que muitas vezes ingerem antibióticos mesmo sem estarem doentes porque assim ganham peso mais rápido.
A lista de casos é extensa, mas um caso de Staphilocous aureus tem chamado a atenção internacional (não espere ver muito sobre isto por aqui, as empresas alimentícias são grandes anunciantes). Estes bichinhos resistentes (MRSA) desenvolveram resistência a vários tipos de antibióticos e estão se tornando
uma epidemia nos EUA, aqui há mais detalhes.
Um em cada 20 pacientes está tendo que lidar com infecções resistentes a variados antibióticos.
Nos EUA, a Dra Tara Smith tem coletado material de centenas de porcos em dezenas de fazendas, e 70% deles têm MRSA. Será que não deveríamos repetir esta pesquisa por aqui e divulgar bastante os resultados ?
Efraim Rodrigues, Ph.D. (efraim@efraim.com.br), Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor pela Universidade de Harvard, Professor Associado de Recursos Naturais da Universidade Estadual de Londrina, consultor do programa FODEPAL da FAO-ONU, autor dos livros Biologia da Conservação e Histórias Impublicáveis sobre trabalhos acadêmicos e seus autores. Também ajuda escolas do Vale do Paraíba-SP, Brasília-DF, Curitiba e Londrina-PR a transformar lixo de cozinha em adubo orgânico e a coletar água da chuva. É professor visitante da UFPR, PUC-PR, UNEB – Paulo Afonso e Duke – EUA. http://ambienteporinteiro-efraim.blogspot.com/
EcoDebate, 25/07/2013
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Sim, deveríamos. Talvez até houvesse surpresas na pecuária bovina (temos mais criações extensivas e semi extensivas, por isso eu esperaria menos problemas nisso), mas a situação de suínos e aves pode ser periclitante.
Pior é que não só dependeria de financiamento (talvez o mais fácil de se conseguir fosse por crowdfunding, pois as vias normais…), como de consentimento das grandes produtoras de alimento para se retirar amostras (e isso não sei como poderia ser possível.)