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Protestos devem incentivar brasileiros a cobrar reformas estruturais na política, avalia especialista

 

São Paulo, 17/06/2013 - Protesto contra aumento das passagens do transporte público, gastos na Copa do Mundo e a corrupção tomaram as ruas da capital paulista.
São Paulo, 17/06/2013 – Protesto contra aumento das passagens do transporte público, gastos na Copa do Mundo e a corrupção tomaram as ruas da capital paulista. Foto de Marcelo Camargo/ABr.

 

As motivações que têm levado milhares de pessoas a protestar nas ruas de diversas cidades devem servir para incentivar os brasileiros a lutar e cobrar reformas estruturais na política do país. Na avaliação do professor da pós-graduação em política social da Universidade de Brasília (UnB) Vicente Faleiros, se é verdade que o “gigante acordou”, como bradam os manifestantes em redes sociais e com cartazes durante os protestos, é preciso que ele não se cale até que o “modo de fazer política no Brasil” passe por mudanças radicais e sustentáveis.

“O momento da revolta é o de se repensar não apenas em aspectos pontuais, mas na maneira de fazer política. Com essas manifestações, colocou-se em questão não apenas o valor da passagem, mas a maneira como está organizada a representatividade no país. É preciso repensar e modificar a relação da política com o povo e com o mercado”, disse à Agência Brasil.

Doutor em sociologia, Faleiros defende o fim do que classifica de “fulanização da política”. “No Brasil temos o costume de dizer que o ´fulano´ é bom, acreditando que uma personalidade será o salvador da pátria. Enquanto isso, persistem os currais eleitorais, a prática do clientelismo e do apadrinhamento. Por isso, nossa luta tem que ser pela reorganização da política e das relações de poder”, acrescentou.

Ao ressaltar que o Brasil vive uma crise de representatividade, na medida em que a classe política, independentemente de partidos ou de níveis de poder, vem perdendo a credibilidade da população, ele defendeu uma reforma que garanta uma democracia mais participativa do que representativa, capaz de aproximar os agentes públicos das demandas da população, em uma relação orgânica e que atenda aos interesses como um todo e não fragmentados, setorializados.

Entre as medidas que o especialista defende em uma reforma política estão a ampliação da transparência dos gastos públicos, com informações diretas e fáceis sobre os destinos dos recursos e a quem está beneficiando; o financiamento público de campanhas; e a apropriação mais efetiva das ferramentas de participação social no processo eleitoral, como a Lei da Ficha Limpa.

Para o professor, os protestos ocorridos em São Paulo, no Rio de Janeiro, em Brasília, em Belo Horizonte, entre outros, são consequência de um processo construído ao longo dos anos de insatisfação em relação a diversos aspectos associados à revolta com a repressão.

“Estamos fortalecendo uma sociedade de consumo, mas o mercado não pode substituir o Estado. Como as pessoas querem medidas efetivas para melhoria das condições do cotidiano, como as relacionadas à saúde, educação e transporte, foram às ruas para protestar e a resposta dada foi a repressão, o que demonstra não apenas um despreparo da polícia, mas da política brasileira, já que a polícia é uma das esferas desse modo de fazer política”, enfatizou.

Edição: Lílian Beraldo

Reportagem de Thais Leitão, da Agência Brasil, publicada pelo EcoDebate, 19/06/2013


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3 thoughts on “Protestos devem incentivar brasileiros a cobrar reformas estruturais na política, avalia especialista

  • Artur Vieira dos Santos

    Gostaria muito que esses movimentos se cristalizasse em organizações civis perenes voltadas à representação de comunidades hoje sem voz e que também contribuíssem efetivamente para cidanizá-las, politizá-las, integrá-las à vida política do país.

  • O problema é que muitas Pessoas acham que só o fato de poder votar, isto já é o suficiente para dizer que existe democracia, ocorre que se as instituições também não se democratizarem, o País é praticamente uma ditadura, vejam os exemplos do INSS, da Receita federal, do judiciário e vai por aí.
    Os órgãos governamentais, ainda trazem no seu dorso, o autoritarismo da era Vargas e da Ditadura Militar.

  • E mais Romualdo, esse autoritarismo está até nos atendimentos nos postos de saúde e hospitais. Eles nos “colocam” em seus devidos lugares. Sãos os donos do pedaço.Trabalham no momento que querem atender(com as pequenas excessões) e falam conosco com “autoridade” bem parecido com os senhores feudais, Não podem ser demitidos nem transferidos, então as reclamações caem no vazio e fazem muxoxo de quem lhes paga o salário. Salário? isto não é merecimento?

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