EcoDebate

Plataforma de informação, artigos e notícias sobre temas socioambientais

Artigo

Homoafetividade e o futuro da humanidade, crônica de Paulo Sanda

 

modelo de desenvolvimento

 

[EcoDebate] Não meus amigos, não descobri meu lado gay, mas queria fazer uma provocação aos reacionários de plantão.

Vamos imaginar o seguinte cenário, eu você mais 9 pessoas vamos fazer o seguinte:

Eu tenho 100 reais, então eu lhe empresto este dinheiro, mas não como dinheiro vivo, como crédito, você deixa os 100 reais comigo e usa eles da seguinte forma, gasta ele apenas transferindo o crédito para outra pessoa, que também deixa ele “depositado” comigo. Então você me deve 100 reais que deverá me pagar com juros, e este dinheiro continuará comigo pois a pessoa para quem você pagou eles, terá deixado comigo.

Como eu ainda tenho estes 100 reais, que agora tem outro titular mas estão comigo, então eu posso emprestar eles novamente para outra pessoa, que por sua vez fará o mesmo que você fez. Agora dos 100 reais originais, eu tenho ainda os 100 reais mais duas pessoas me devendo os juros de 200 reais. E assim vai. Nesta cascata(usando todo duplo sentido que você quiser) se eu fizer isto com 10 pessoas e cobrar 10% de juros ao ano, eu terei feito 100 reais sobre os 100 originais. Só que estes outros 100 não existem! Lembre-se só haviam 100 reais não 200, como isto aconteceu?

Isto aconteceu, pois dos 100 originais, eu fiz com que rodassem em nosso “mercado” imaginário 1000 reais, vejam de 100 eu emprestei 1000. Mas dos 1000 que coloquei em circulação, só existiam 100 originais. Para manter esta roda girando você e os outros nove tem que continuar a me pagar e pegar emprestado, continuamente. Este capital não pode parar de crescer, se parar, ninguém mais vai conseguir me pagar, pois o dinheiro não existe e com isto a nossa economia vai por água abaixo.

Estou maluco? Não, não sou eu quem esta maluco, todos nós estamos, pois é assim que funciona nosso sistema financeiro.

O dinheiro roda dentro do sistema desta forma, ele sai em forma de empréstimo, é usado para extrair recursos, fabricar, consumir, etc. Ele não pode parar, muito pelo contrário, este extrair, construir, fabricar e consumir tem que continuar em um crescente infinito, pois a simples estagnação deste crescimento, faz o sistema inteiro entrar em colapso. Mas lembre-se, que o primeiro item desta lista é EXTRAIR, extrair recursos. Só que os recursos estão se esgotando!

Que recursos? Todos que você quiser imaginar.

Continua complicado?

Note a humanidade gastou dezenas de milhares de anos para chegar ao primeiro bilhão de habitantes, isto ocorreu por volta do ano 1800, de lá para cá, ou seja em pouco mais de 200 anos passamos da casa dos 7 bilhões de habitantes!

E isto tudo ocorreu, em grande parte por causa deste circulo de crescimento ‘infinito’ que empreendemos. Crescimento este impulsionado pelas descobertas e uso de energia. Principalmente as energias fósseis. Imagine que um barril de petróleo, tem energia equivalente a um ano de trabalho humano. Em 2010 consumimos cerca de 86,6 milhões de barris de petróleo por dia, que transformado em energia humana equivale ao trabalho de mais de 1 quadrilhão de pessoas. Com tantos “escravos” assim trabalhando para humanidade, dá para entender porque nosso número cresceu tanto assim.

E não somente o número de pessoas cresceu, mas também a quantidade de recursos consumidos por pessoa continua e tem que continuar crescendo, para que esta roda continue a girar. E novamente repito, os recursos são finitos, e estão no fim, pois nossa utilização de recursos é cada vez maior.

E o que a homoafetividade tem a ver com isto?

Oras, se alguém quiser sonhar em continuar com este estilo de vida, melhor que a população diminua drasticamente. Neste caso, nada melhor que os casais gays!

Casais homoafetivos femininos, inseminação não vale tá! Tem que adotar.

Então só precisamos diminuir a população? Hummm bom, na verdade não.

Já seria bom, um dos passos com certeza. Mas não resolve.

Contudo, vocês já repararam que em geral, os mesmos conservadores radicais que atacam os homoafetivos, são aqueles que defendem a “prosperidade” financeira?

Oras, façam sua escolha, se é para querer ganhar dinheiro, façam como o Rafinha Bastos.

Ao ser perguntado: Por que você tem um café gay?

Ele respondeu: Oras porque gay da dinheiro!

Paulo Sanda é Teólogo, palestrante, idealista, associado da ONG RUAH, é um dos coordenadores do Portal Palavra Aberta.

EcoDebate, 19/04/2013


[ O conteúdo do EcoDebate pode ser copiado, reproduzido e/ou distribuído, desde que seja dado crédito ao autor, ao EcoDebate e, se for o caso, à fonte primária da informação ]

Inclusão na lista de distribuição do Boletim Diário do Portal EcoDebate
Caso queira ser incluído(a) na lista de distribuição de nosso boletim diário, basta clicar no LINK e preencher o formulário de inscrição. O seu e-mail será incluído e você receberá uma mensagem solicitando que confirme a inscrição.

O EcoDebate não pratica SPAM e a exigência de confirmação do e-mail de origem visa evitar que seu e-mail seja incluído indevidamente por terceiros.

Remoção da lista de distribuição do Boletim Diário do Portal EcoDebate
Para cancelar a sua inscrição neste grupo, envie um e-mail para ecodebate@ecodebate.com.br. O seu e-mail será removido e você receberá uma mensagem confirmando a remoção. Observe que a remoção é automática mas não é instantânea.

Alexa

6 thoughts on “Homoafetividade e o futuro da humanidade, crônica de Paulo Sanda

  • Obrigada. Faz tempo que não via um texto tão irônico, sutil e bem escrito.

  • Eu não iria comentar mas, eu fiquei impressionada com…

    TAMANHO REACIONARISMO!

    Como assim? Vamos apoiar a homoafetividade porque ela dá lucro?

    Começou bem, a discussão sobre como se dá o sistema financeiro e tal mas, de verdade, a comparação foi extremamente inapropriada!

    Não é uma questão de diminuir a população mundial e por isso vamos apoiar casais homoafetivos… A questão em jogo é, o direito a vc se relacionar com quem quiser da forma que quiser, o livre exercício da sua orientação sexual…

    Preservar os recursos naturais, dentre outras coisas, não tem a ver com o livre exercício da sua sexualidade, ora.. vamos incentivar a homoafetividade, diminuimos a população e acabam-se os problemas… doce ilusão!

    Mais, querer culpar sujeitos individuais pelo esgotamento dos recursos naturais é uma ingenuidade tamanha, sabemos que o problema não é dos seres humanos individualmente e sim, do próprio sistema, de empresas que utilizam os recursos da forma como querem, etc.. e, cá entre nós, isso não tem nada a ver com sua orientação sexual e sim, com a exploração do capital sobre os homens e sobre a natureza!

  • Muito bem escrito, porém tendencioso e capcioso ao mesmo tempo. Demonstra falta de escrúpulos e ganancia desenfreada, com desrespeito às tradições milenares da família que constitui uma sociedade sadia!
    Nada pessoal, pois não o conheço, mas pelo barulho da carroça podemos saber se está vazia ou carregada!

  • Caros amigos.

    Agradeço muito as críticas também.
    É sempre interessante para quem escreve, ter o retorno de quem lê.

    Digamos que a fase do meio e mensagem pode ter passado, hoje podemos ver a mensagem como o destino, em outras palavras como o leitor a entende.

    Não pretendo me explicar, as linhas são traçada não necessariamente para transmitir o que desejo, mas para fazer “maieutica” no leitor.

    Então vamos ao leitor;

    Patricia.
    Com certeza, não vamos apoiar a homoafetividade por ela dar lucro. Não precisamos fazer isto, já fazem….
    De qualquer forma, não se trata de apoiar ou não, a questão é respeitar a opção do outro. Apenas isto.

    Por outro lado, quando você diz que a preservação dos recursos naturais, não tem nada a ver com o respeito da opção sexual do outro, bom; neste caso podemos afirmar tanto que você está correta como também errada. Explico, obviamente em relação a diminuir a população do planeta, sim concordo, esta não é a solução, seria necessário um verdadeiro massacre e não apenas a diminuição gradual da população mundial. Note que na crônica fazemos um jogo em relação a heteronomia reinante, para que o sistema possa continuar a existir. Ou seja o sistema não pode lidar com a autonomia. Trabalhar esta questão a fundo, exigiria mais espaço e tempo do que temos. Mas prometo que assim que puder, escrevo alguma coisa a este respeito, e aguardarei ansioso suas críticas.

    Mas antes de fechar o assunto, este recai sobre a questão dos sujeitos individuais, que você cita. Existimos sim como sujeitos individuais, porém diante do sistema colocado, não podemos ver as opções, ou não queremos ver, neste sentido individualmente somos sim responsáveis, por todo o sistema.

    E ao fazer parte deste sistema, que espolia a natureza e as pessoas(mais fracas) também temos os casos como a de nosso amigo meu xará Pereira. Note como a forma de compreender o mesmo assunto é antagônica, entre os dois. De um lado você me chama de reacionário, do outro o Pereira acusa de ganancia, e defende “tradições milenares da família”. Linguagem típica do TFP(Tradição Familia e Propriedade) por exemplo, entidade religiosa ultra conversadora e reacionária!

    Agradeço imensamente aos dois pelas criticas, Patrícia e Pereira.

  • Roberto Freitas

    Provavelmente é impossível transmitir uma idéia com palavras de modo que todos leiam e compreendam o que se quer dizer. O texto de Paulo Sanda, conectado aos respectivos comentários, é uma prova disso.

    De minha parte, entendo que o texto tem 2 partes: a primeira sustenta que estamos numa tremenda enrascada, a segunda apresenta uma “solução” que é sobretudo ironia, como se fosse um texto de Douglas Adams.

    Concordo que estamos em tal enrascada. Aparentemente, ninguem tem uma solução, ao mesmo tempo que, no fundo, todos a temos. É preciso reinventar o modelo de economia (pessoas e empresas) e política (governos), incorporando mandatoriamente nesse novo modelo tudo que antes não sabíamos (mas agora já sabemos) sobre ecologia e meio ambiente. É isso, simples de falar! O que não sei é se ainda há tempo para afugentar as catástrofes que se avizinham e já lambem nossos pés, mesmo que as mudanças acontecessem já.

Fechado para comentários.