O pastor Feliciano e o Agronegócio, artigo de Antônio Canuto
Desde que foi eleito para a Presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, o Pastor Feliciano têm sido alvo de críticas vindas de todos os lados da sociedade, em decorrência de suas ideias e opiniões. Confira artigo de Antônio Canuto, Secretário da Coordenação da CPT Nacional, sobre a atuação do deputado.
O pastor Feliciano, desde que eleito para a presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, tem aparecido diariamente em quase todos os veículos de comunicação. Nestes se reproduzem pérolas do seu pensamento. Ele, em nome de Deus e da religião, não aceita pensamentos, comportamentos e atitudes diversos ao que ele prega. Deus é que assim o quer, segundo ele. Toda diversidade, desde a religiosa, passando pela moral e sexual, tem que ser combatida, pois está em confronto com o que Deus determinou. No Brasil e no mundo são inúmeros os felicianos.
O pastor Feliciano é ao mesmo tempo refém e promotor da monocultura que erige sua concepção religiosa, seus costumes, sua ideologia como os únicos verdadeiros. Todos devem adotá-los, todos a eles se submeter.
Mas, o que tem a ver isso com o agronegócio? Não sei se o pastor tem alguma atividade ligada ao agronegócio, nem se tem alguma relação com o campo. O que ele e o agronegócio têm em comum é a monocultura.
O agronegócio onde chega para se estabelecer, o primeiro que faz é destruir toda a biodiversidade existente. São varridas as mais diferentes espécies vegetais cujas riquezas e propriedades ainda pouco ou nada se conhecem. São afugentadas ou exterminadas as espécies animais daquele habitat. Toda a explosão de variadas formas de vida é substituída por monótonas paisagens uniformes de plantações de um mesmo produto. Tudo em nome do mercado, ao qual tudo deve estar subordinado e que não aceita divergências.
Com a destruição da diversidade, destrói-se o equilíbrio natural existente. Este equilíbrio é substituído pelo uso cada vez maior dos mais variados venenos para o controle do que se convencionou chamar de “pragas”.
A grande praga, porém, é a monocultura. Toda monocultura é destruidora da diversidade, seja a agrícola, seja a cultural, religiosa e ou ideológica.
A monocultura agrícola, para dar lugar a vastas plantações de capim, soja, cana, eucalipto e outras tem que utilizar da violência das motosserras e dos tratores para destruir a vegetação presente. Por sua vez, a monocultura religiosa, cultural, ideológica só consegue se impor pela negação dos valores das culturas diferentes, pela proibição de suas manifestações, e até pela violência física contra os que teimam em mantê-las. A diversidade não é tolerada, e por isso suas expressões são proibidas, execradas, excomungadas.
A história registra até destruição de comunidades e povos inteiros em nome dessa “monocultura”. Todos os impérios, com raríssimas exceções, se estabeleceram com a destruição das culturas dos povos conquistados. O próprio cristianismo, “conquistou” o novo mundo com esta prática. Os povos indígenas de nossa América podem contar os horrores que sofreram por serem diferentes e assim quererem permanecer.
No mundo agrícola, a monocultura só se garante com o uso intensivo de venenos e agrotóxicos. A monocultura religiosa, cultural, ideológica, da qual o pastor Feliciano hoje é um símbolo, só é possível com o uso de venenos os mais diversos que vão do preconceito, passando pela intolerância, a discriminação, do etnocentrismo à segregação racial, do patriarcado à homofobia.
Entre os defensores da monocultura há os que toleram ilhas de diversidade para poderem dizer que há respeito e aceitação da diferença. Estas ilhas, porém, não passam de meros mostruários folclóricos.
Artigo socializado pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) e publicado pelo EcoDebate, 16/04/2013
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Caro sr. Antonio Canuto,creio que a diversidade na (agricultura) seja sim de suma importância, para continuidade de vida da terra, mas a visão que o sr. tem ainda é pequena quando a diversidade sexual, diferentemente da agricultura , onde o homem determina oque vai plantar e colher, ela é maléfica a sociedade pela ideologia que defende, leia-se (PLC/122).A sociedade não pode ser refém de uma minoria bancada por grandes empresários e governo, que querem impor uma ditadura “gay”, em nossa sociedade, pelos direitos que eles dizem lutar, já existem leis que serve pra todos os cidadãos.Quando ao Feliciano, ele não está na frente da comissão de direitos humanos como pastor , mas como DEPUTADO FEDERAL eleito pelo o povo, ao qual lhe deve defender seus direitos já que são maioria.Ele tem o direito de discordar e expor seus pensamentos, como cidadão, pastor e parlamentar, ele representa mais de 27 milhões de evangélicos do Brasil, e segundo a Constituição ele tem o direito de se expressar sim, mas pessoas como o Sr. o julgaram e o condenaram por um tribunal inexistente, isso pra mim é hipocrisia,(por aversão e intolerãncia religiosa) e disputa político, nada mais.
A comparação entre agronegócio e Feliciano foi muito feliz, tendo em mente que toda generalização é perigosa, inclusive esta. Mas esta realmente retrata bem, já que ambos querem passar por cima de pensamentos e existências diferentes. Infelizmente para o agronegócio e o Feliciano (gostaria realmente de não vê-lo com tanta evidência, dada sua mediocridade, mas isso é o que impera) o diálogo é inexistente, vimos isso muito na lide instalada em função do novo código “florestal”, onde Kátia Abreu e afins filtravam severamente o que não queriam ouvir e ver considerado, ao mesmo tempo em que davam ênfase desmerecida em estudos e visões que os beneficiava. Feliciano também age deste modo, considerando apenas um lado, o da sua verdade, colocando o outro como não sujeito de direito. À continuar assim, em breve veremos literalmente uma idade média instalada no Brasil, onde a Igreja diz o que o devemos fazer, todos, inclusive os não crentes, com feudos monoculturais dominados por agentes internos vendidos ao capital externo, tudo isso em detrimento do Brasil e benefícios de alguns, como bem sabemos.