A população da República Democrática do Congo em 2100, artigo de José Eustáquio Diniz Alves
[EcoDebate] A população da República Democrática do Congo era de 12,2 milhões de habitantes em 1950, cerca de um quarto da população brasileira da época e passou para 65,9 milhões de habitantes em 2010, menos de um terço da população brasileira. Portanto, a R.D. do Congo teve um crescimento demográfico rápido e, mesmo sendo um país relativamente pequeno em termos territoriais, pode ultrapassar a população brasileira até o final do século XXI. Para 2050, a estimativa é de 148,6 milhões na projeção média, podendo chegar a 212,1 milhões de habitantes em 2100. No final do século XXI a população congolesa pode chegar a 314 milhões na hipótese alta ou 138,3 milhões na hipótese baixa.
A densidade demográfica era baixa em 1950, de 5 hab/km2, mas chegou a 28 hab/km2, em 2010 (superando a densidade brasileira), devendo chegar a 63 hab/km2, em 2050 e superando 100 hab/km2, em 2100.
A taxa de fecundidade total (TFT) da R.D do Congo era de 5,98 filhos por mulher em 1950, mas subiu para 7,14 filhos em 1990-95. Em 2010 a TFT era de 6,07 filhos por mulher e, segundo a projeção média da ONU, deve cair para 2,73 filhos em 2050 e 1,9 filhos em 2100. O número médio de nascimentos estava em 608 mil no quinquênio 1950-55, chegou a 2,772 milhões em 2005-10 e deve alcançar 3,380 milhões de nascimento em 2050.
A idade mediana era de 18 anos em 1950 e diminuiu para 16,7 anos em 2010. Com a redução da base da pirâmide populacional, a idade mediana deve passar para 25 anos em 2050 e 38 anos em 2100. Portanto, a R.D. do Congo vai continuar sendo um país com alta proporção de jovens no restante do século XXI.
A mortalidade infantil era muito alta, de 167 mortes por mil nascimentos em 1950, caiu para 115,8 mortes por mil em 2010 e deve ainda se manter alta, em torno de 57 por mil, em 2050 e só deve ficar em torno de 20 por mil em 2100. A esperança de vida era de 39 anos em 1950, passou para 47,4 anos em 2010 e deve atingir 61 anos e 74 anos em 2050 e 2100, respectivamente.
O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) era de 0,286 em 1980 e caiu para 0,234 em 2000, tendo uma ligeira recuperação para 0,304 em 2012, mas se mantendo em penúltimo lulgar entre os países do mundo. Ou seja, a República Democrática do Congo possui baixíssima renda, pequena esperança de vida e péssimos níveis educacionais.
Em termos ambientais, a R.D. do Congo possui um grande superávit ambiental. Segundo o relatório Planeta Vivo, da WWF, a pegada ecológica per capita dos congoleses era de apenas 0,76 hectares globais (gha), em 2008, mas para uma biocapacidade de 3,10 gha. Porém, o país está sob ameaça de destruir toda a sua riqueza ambiental devido ao aumento da população, ao desmatamento, às guerras e à depleção dos recursos naturais provocado pela mineração e pela exploração econômica selvagem.
José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado em Estudos Populacionais e Pesquisas Sociais da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br
EcoDebate, 12/04/2013
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