As florestas no centro das grandes estratégias, artigo de Washington Novaes
[O Estado de S.Paulo] É impressionante como boa parte da sociedade e dos meios empresariais – no Brasil e fora daqui – continua a entender que temas como conservação de florestas, biodiversidade e mudanças climáticas nascem da fantasia de “ambientalistas” desocupados e extravagantes. Não levam em conta, na sua visão crítica dos “ambientalistas”, os impactos negativos da predação dos ecossistemas, principalmente na área da produção econômica – ainda que sejam cada vez mais frequentes os estudos que alertam para essas consequências.
Quem estiver nessa posição deve prestar atenção às palavras do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, diplomata competente e experimentado, capaz de coordenar a convivência de quase 200 nações, com autoridade sobre departamentos e órgãos científicos, conferências e acordos internacionais. Nas recentes comemorações do Dia Internacional da Água, Ban Ki-moon fez um apelo em favor da redução do desmatamento e da perda de florestas no mundo, pois elas cobrem um terço da superfície do planeta e influem decisivamente em serviços vitais para a sobrevivência humana – fluxos de água, regulação do clima, fertilidade do solo etc. (e esses serviços prestados gratuitamente pela natureza, já foi comentado neste espaço, valeriam três vezes mais que todo o produto bruto mundial se tivessem de ser substituídos por ações e tecnologias humanas).
Segundo o secretário-geral da ONU, 2 bilhões de pessoas dependem de florestas para sua subsistência e sua renda e 750 milhões nelas vivem; ali nasce mais de metade das águas do planeta; nelas está grande parte da diversidade de ecossistemas e metade das espécies terrestres de animais e plantas. Mas além da exploração comercial em busca de madeiras, da derrubada para implantar culturas e pastagens, as florestas sofrem porque 3 bilhões de pessoas ainda usam madeira como combustível. Pelas mesmas razões, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) tomou idêntica posição, lembrando ainda que a perda de florestas afeta a segurança alimentar, principalmente das populações mais pobres, já prejudicadas pelo desperdício de mais de 1 bilhão de toneladas anuais de alimentos.
Deveríamos prestar muita atenção a essas palavras, já que o Brasil tem cerca de 500 milhões de hectares de áreas florestais – embora os “verdes” não venham conseguindo discutir na Comissão de Meio Ambiente da Câmara dos Deputados a redução, com o projeto do novo Código Florestal, de 58% nas áreas de floresta desmatadas a serem recuperadas, conforme pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais (Estado, 21/3). Só no Cerrado a expansão das culturas de soja se traduz em 40 mil hectares desmatados ilegalmente (Estado, 13/3). A área a ser recomposta com vegetação cairá de 50 mil para 21 mil hectares em Mato Grosso, no Pará, em Minas Gerais e na Bahia. Não por acaso, a Comissão de Meio Ambiente é presidida pelo maior plantador de soja em Mato Grosso. E o Brasil ainda não ratificou – o governo agora promete para 2014 – as novas exigências da Convenção da Biodiversidade, aprovadas em 2010 em Nagoya, que estabelecem a conservação em 17% das áreas terrestres e 10% das áreas oceânicas.
Também não é casual a revelação de um estudo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul mostrando (Agência Fapesp, 26/3) que o Bioma Pampa – que em certas áreas tem maior diversidade vegetal do que a floresta – já está com 35% de sua superfície ocupada por florestas plantadas de eucaliptos e pinus. Como não é acaso que o desmatamento ilegal na Amazônia, entre agosto de 2012 e fevereiro último, tenha sido de 1.351 quilômetros quadrados, 91% mais que em igual período anterior (Estado, 13/3), segundo o instituto Imazon – mesmo que nesse período 72% da área estivesse encoberta por nuvens e não pudesse ser avaliada com precisão. De acordo com esse instituto, entre 2001 e 2010 a degradação subsequente das áreas florestais atingiu 30% da área desmatada.
Estudo da Academia de Ciências dos EUA, que analisou 292 áreas protegidas no Brasil, mostrou há pouco, mais uma vez, que entre todos os modelos de proteção florestal as áreas indígenas e os parques nacionais são os mais eficazes, melhores que os chamados projetos de “exploração sustentável”. Ainda assim, o Serviço Florestal Brasileiro acaba de homologar a concessão de mais duas áreas florestais públicas para esse tipo de “exploração sustentável” por empresas (o autor destas linhas conhece diretamente algumas dessas áreas; numa delas, considerada “exemplar”, a empresa foi multada depois pelo Ibama por retirar sete vezes mais madeira do que estava autorizada). Mas alimenta esperanças o acordo da Associação Brasileira de Supermercados de não trabalhar com carnes provenientes de áreas desmatadas.
A agropecuária deveria prestar muita atenção a todas as informações dessa área, uma vez que o desmatamento tem relação direta com mudanças do clima. Um estudo da Global Change Biology mostrou há pouco que na França cresce de ano para ano o impacto do aumento da temperatura sobre o milho, e que ele se vai multiplicar. Na Bahia (Estado, 17/3) a seca de 2012 levou à perda de R$ 1 bilhão na safra de grãos. E um estudo do governo norte-americano demonstrou que o clima mais quente já tem reduzido nas últimas seis décadas em 10% a capacidade dos trabalhadores de resistirem a temperaturas mais altas – e isso pode dobrar até 2050. Não é por acaso, assim, que mudanças climáticas tenham entrado até na estratégia dos órgãos que planejam a segurança dos EUA. A China já vai introduzir uma taxa sobre o carbono emitido por empresas do país. Os EUA já a discutem no Congresso.
Curiosamente, é o Fundo Monetário Internacional (FMI) que aponta uma das raízes do problema: um dos fatores mais fortes na geração de poluentes e de mudanças do clima está nos subsídios que quase todos os países concedem ao consumo de petróleo e seus derivados.
* Washington Novaes é jornalista. E-mail: wlrnovaes@uol.com.br.
Artigo originalmente publicado em O Estado de S.Paulo.
EcoDebate, 08/04/2013
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Obrigado Washington por nos ter relembrado o que acontece com a derrubada da floresta. Entretanto teria sido importante também relembrar que parte destas derrubadas foram efetuadas com o uso de desfolhantes, produtos químicos formulados com os mesmos que foram utilizados no Vietnam, ou seja o Agente Laranja. Isso provoca não somente a morte das árvores mas deixam no solo, nas águas, no ar e também nos aliemntos da cadeia alimentar resíduos tóxicos persistentes com dioxinas e furanos. E a CTNBio continua aprovando estes “defensivos agrícolas” desrespeitando o “Príncípio de Precaução”. Padre Angelo Pansa-Delegado ICEF (International Court of the Environment Foundation).
A idéia de proteger é importante. Mas..quem vai proteger? o proprietário privado deve proteger toda sua área, sem remuneração, como escravo? Desmatamento zero?
Ou pode ele derrubar 20% a 80% conforme a Lei autoriza, impondo-lhe o ônus de proteger sem remuneraçao, o restante?
É vorgonhoso que a criação de Unidades de Conseração no Brasil tem sido feito em larga escala, sem qualquer pagamento aos proprietários, preservadores. o Brasil possui um Passivo Fundiário trilionário de indenizações que nunca aconteceram…e jamais acontecerão! Criou-se 74% de todas UCs mundiais no Brasil, nos ultimos anos, a mando do G-7, nos programas ARPA e PDA, criados pelos paises do G7 que tem como objetivo estragégico combater o BRICS, que em 2050 superará o G7 hoje falido e que vive da exploração economica das colonias, inclusive da COLONIA AMBIENTAL no Brasil. Mas os proprietários nao sao indenizados pela perda da propriedade que preservaram por longos anos! Quem preserva é punido!! Como convencer um pequeno proprietário para proteger mais do que a lei exige, sem remuneração, de forma escrava?
Como abrir mao do desenvolvimento do Brasil, em favor do G-7, sem remuneração, como colonias?
ESTA A QUESTAO QUE NAO QUER CALAR, que tenho em minha mente.
Colonia e Escravos “forever”?
Onde estão os US$4 tilhoes de Remuneração por Serviços Ambientais que o Brasil pesta anualmente?
praticamente nenhum centavo chega às maos dos proprietários , embora bilhões de dólares passam por mãos de ONGS internacionais que atuam no Brasil na criação de UCs e em programas tipo “desmatamento zero”.
Pura demagogia da parte dos defesnsores do desmatamento zero e prestação de serviços ambientais sem remuneração, como colonias ou trabalho escravo.
Um exemplo numérico ajudaria. Dois proprietários que no passado possuíam terra (valor de R$1.000,00) com florestas (R$1.000,00). Aquele que derrubou floresta no passado recebeu o valor econômico, (R$1.000,00) que aplicou e teve rendimentos, digamos R$800,00. E ainda usou a terra para cultivo, que produziram mais rendimentos, digamos R$900,00, mantendo ainda o valor da terra (R$1.000,00). Quem destruiu tem hoje um patrimônio econômico de R$3.700,00. Aquele que preservou a floresta tem ela desapropriada, pelo ICMBio recebendo (pela perversa IN2) somente o valor da terra nua, R$1.000,00. Ou seja, o preservador é punido duplamente.
No Brasil,a causa ambiental é utilizada para punir quem preserva e em beneficio de quem nao paga e se beneficia.
Ou seja, para exploração economica!
A idéia de proteger é importante. Mas..quem vai proteger? o proprietário privado deve proteger toda sua área, sem remuneração, como escravo? Desmatamento zero?
Ou pode ele derrubar 20% a 80% conforme a Lei autoriza, impondo-lhe o ônus de proteger sem remuneração, o restante?
É vergonhoso que a criação de Unidades de Conservação no Brasil tem sido feito em larga escala, sem qualquer pagamento aos proprietários, preservadores. o Brasil possui um Passivo Fundiário trilionário de indenizações que nunca aconteceram…e jamais acontecerão! Criou-se 74% de todas UCs mundiais no Brasil, nos últimos anos, a mando do G-7, nos programas ARPA e PDA, criados pelos paises do G7 que tem como objetivo estratégico combater o BRICS, que em 2050 superará o G7 hoje falido e que vive da exploração econômica das colônias, inclusive da COLONIA AMBIENTAL no Brasil. Como convencer um pequeno proprietário para proteger mais do que a lei exige, sem remuneração, de forma escrava?
Como abrir mão do desenvolvimento do Brasil, em favor do G-7, sem remuneração, como colônias?
ESTA A QUESTAO QUE NAO QUER CALAR, que tenho em minha mente.
Colônia e Escravos “forever”?
Onde estão os US$4 trilhões de Remuneração por Serviços Ambientais que o Brasil presta anualmente?
praticamente nenhum centavo chega às mãos dos proprietários , embora bilhões de dólares passam por mãos de ONGS internacionais que atuam no Brasil na criação de UCs e em programas tipo “desmatamento zero”.
Pura demagogia da parte dos defensores do desmatamento zero e prestação de serviços ambientais sem remuneração, como colônias ou trabalho escravo.
Um exemplo numérico ajudaria. Dois proprietários que no passado possuíam terra (valor de R$1.000,00) com florestas (R$1.000,00). Aquele que derrubou floresta no passado recebeu o valor econômico, (R$1.000,00) que aplicou e teve rendimentos, digamos R$800,00. E ainda usou a terra para cultivo, que produziram mais rendimentos, digamos R$900,00, mantendo ainda o valor da terra (R$1.000,00). Quem destruiu tem hoje um patrimônio econômico de R$3.700,00. Aquele que preservou a floresta tem ela desapropriada, pelo ICMBio recebendo (pela perversa IN2) somente o valor da terra nua, R$1.000,00. Ou seja, o preservador é punido duplamente.