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O crescimento da classe média no mundo segundo o PNUD, artigo de José Eustáquio Diniz Alves

 

O crescimento da classe média no mundo segundo o PNUD

 

[EcoDebate] O Banco Mundial e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) mostram que a humanidade avançou muito, nos últimos 30 anos, no sentido de reduzir a pobreza e aumentar o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). O número de pessoas vivendo em situação de extrema pobreza (com menos de US$ 1,25 ao dia) era de 1,938 bilhão (representando 43% da população mundial) em 1981 e caiu para 1,2 bilhão em 2010 (17,6% do total). O IDH mundial era de 0,561 en 1980, passou para 0,639 em 2000 e chegou a 0,694 em 2012.

Isto significa que houve aumento da renda, da educação e da esperança de vida da população global. Ou seja, a média mundial já ultrapassou dois terços do caminho para chegar ao IDH que tem como valor máximo o índice 1,0. A Noruega, 1º colocado, tem um IDH de 0,955 e o Brasil, 85º colocado, tem IDH de 0,730.

Concomitantemente ao processo de redução da pobreza e crescimento do IDH, houve um processo de crescimento das camadas médias de renda na sociedade, que pode continuar nas próximas décadas. O Relatório de Desenvolvimento Humano 2013, apresentado, em meados de março, pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) mostra que, até 2030, o mundo deve conseguir um rápido aumento da classe média (pessoas com renda entre 10 e 100 dólares por dia, em poder de paridade de compra). E o maior crescimento dev ocorrer nos países do sul global (emergentes).

Em 2009, a classe média global era de 1,845 bilhão de indivíduos, o que representava 27% da população mundial de 6,8 bilhões de habitantes. As projeções do PNUD indicam uma classe média global de 3,2 bilhões de pessoas em 2020, representando 42% da população mundial de 7,7 bilhões de habitantes. Para 2030, as projeções indicam uma classe média global de 4,88 bilhões de pessoas, representando 59% da população mundial de 8,3 bilhões de habitantes. Ou seja, em meados da década de 2020, a classe média global será maioria da população mundial.

Entre 2009 e 2030, a classe média deve ficar aproximadamente constante na Europa, com cerca de 690 milhões de pessoas e na América do Norte, com 330 milhões de pessoas. A América Latina e o Caribe tinha um classe média de 181 milhões em 2009, que deve passar para 251 milhões em 2020 e podendo chegar a 313 milhões de pessoas em 2030. Na África Subsariana, a classe média deve passar de 1005 milhões, para 165 milhões e 234 milhões nos mesmos períodos. Porém, o maior crescimento deve ocorrer na Ásia-Pacífico que tinha uma classe média de 525 milhões em 2009, devendo passar para 1,74 bilhão em 2020 e 3,228 bilhões em 2030. Ou seja, do total de 4,884 bilhões de pessoas, 66% da classe média mundial deverá estar vivendo na Ásia-Pacífico.

Todavia, estes cenários cornucopianos podem não se realizar caso haja um acirramento da crise econômica e um aprofundamento da crise ambiental. O próprio PNUD apresenta um cenário pessimista de aumento da pobreza decorrente de um crise ambiental. O progresso humano tem se dado às custas do regresso do meio ambiente. Quanto maiores forem os níveis de consumo da nova classe média maiores serão os impactos ambientais. Em algum momento esta disjunção pode chegar ao grau máximo de rompimento, com a natureza, degradada, cobrando um alto preço pelo sucesso do padrão médio de vida dos seres humanos. O sonho de um mundo predominantemente de classe média pode virar pesadelo.

Referência:
Relatório de Desenvolvimento Humano 2013, PNUD, março de 2013
http://www.pnud.org.br/arquivos/rdh-2013.pdf

José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado em Estudos Populacionais e Pesquisas Sociais da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br

EcoDebate, 28/03/2013


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