Com o ‘novo’ Código Florestal a área de florestas recuperadas cairá 58%
Um estudo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) estima que a área de florestas a ser recomposta em todo o território brasileiro cairá 58% caso o formato do novo Código Florestal seja mantido. Só a região do Cerrado, com a expansão da soja, poderá ter 40 milhões de hectares desmatados legalmente por possuir a maior extensão de propriedades com ativo florestal (áreas passíveis de desmatamento). Matéria de Bruno Deiro, em O Estado de S. Paulo, socializada pelo ClippingMP.
A área de passivo ambiental (em que há obrigação de se recompor a vegetação nativa), segundo o estudo, cairá de cerca de 50 milhões de hectares (Mha) para 21 Mha. Os Estados mais prejudicados serão Mato Grosso, Pará, Minas Gerais e Bahia.
Para os responsáveis pela pesquisa, a pressão pelo desenvolvimento da agricultura no País é a principal causa. “É preciso planejar melhor a produção agrícola em áreas já ocupadas e aumentar a produtividade, de modo que não seja necessário abrir novas áreas”, diz Britaldo Silveira Soares-Filho, do Centro de Sensoriamento Remoto da UFMG. “O País tem de dirigir suas políticas agrárias neste sentido.”
O caso do Cerrado é o mais emblemático. Estados como Maranhão, Piauí e Bahia têm sido palco de expansão da cultura da soja e poderão perder, legalmente, áreas de vegetação nativa com as mudanças aprovadas no código. Outro bioma ameaçado é a Caatinga, com cerca de 26 Mha de ativo florestal.
“É preciso desenvolver políticas de manutenção de floresta em pé”, argumenta Britaldo. “Uma possibilidade é criar um mercado de terras florestadas, em que quem tem excedente de floresta nativa em sua propriedade gera um título para quem tem um déficit.”
Mesmo com a grande redução de áreas a serem recompostas, o estudo prevê a possibilidade de que mecanismos criados pelo novo código, como a Cota de Reserva Ambiental (CRA), efetivamente viabilizem parte da recomposição. Pelas projeções, seria possível reduzir em até 55% o passivo ambiental em reservas legais, o que equivaleria a pouco mais de 16 Mha.
Expansão. O estudo da UFMG, que será divulgado oficialmente nesta semana, foi encomendado pela Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República e faz parte de um estudo maior que fará o modelamento da expansão da agricultura no País. Pouco mais de 60% do território brasileiro (cerca de 530 Mha) é coberto por vegetação nativa e 40% (quase todo na Amazônia) é formado por áreas de conservação ou terras indígenas.
EcoDebate, 14/03/2013
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O Brasil é o país das contradições. Enquanto o mundo todo se preocupa com a manutenção da vida humana, nós rumamos por outra vertente, a destruição das áreas florestadas, com a destruição da floresta propriamente dita e de todos os outros organismos vivos que as habitam diretamente e indiretamente vivem em função dos benefícios provenientes da existência dos seus remanescentes.
Vejo sempre a afirmação de que o Brasil anda a caminho rápido de eliminar sua cobertura florestal. O novo Código florestal, então, coitado, virou a nova chaga nacional. Por outro lado, vejo a seguinte frase dita na presente notícia do trabalho da UFMG: “Pouco mais de 60% do território brasileiro ( cerca de 530Mha) é coberto por vegetação nativa e 40% (quase toda na Amazônia) é formado por áreas de conservação ou terras indígenas.
Já insisti várias vezes sobre a necessidade de que esses dados sejam levados em consideração e discutidos pelos defensores da preservação. Fico imaginando, com a população expandindo, se seria viável aumentarmos essa cobertura “de pouco mais de 60%”. Quem está disposto a a discutir esse número? A mostrar, com realismo e sem paixão, que poderíamos avançar para 70 ou 80%. Tenho a impressão de que todos procuram fugir desta discussão e pensam apenas em situações específicas, nunca no conjunto