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Comer menos carne beneficiaria o meio ambiente, reduzindo as perdas no ciclo de nutrientes

 

Comer menos carne beneficiaria o meio ambiente
Arte: SVMA

 

Um novo relatório sugere que reduzir pela metade o nosso consumo de produtos de origem animal pode beneficiar o meio ambiente, melhorando os ciclos de nutrientes.

O relatório [Our Nutrient World], encomendado pelo Programa de Meio Ambiente das Nações Unidas (PNUMA), analisou os problemas causados pela interferência humana nos ciclos naturais de nutrientes, tais como nitrogênio e fósforo.

“Assim como o ciclo do carbono é perturbado, os ciclos de nitrogênio e fósforo também são perturbados pela atividade humana. Isto se estes não são perturbados ainda mais. Dobramos o nitrogênio vai para o meio ambiente ao longo dos últimos 100 anos “, diz o professor Mark Sutton, do Centro de Ecologia e Hidrologia, principal autor do relatório.

Ele explica que quanto mais passos ocorrerem nos processos existentes na cadeia alimentar, mais oportunidades existem para que os nutrientes sejam perdidos em cada fase: a partir do fertilizante para plantas; das plantas para o animal, do animal para o processamento, etc, resultando na perda de uma fração de nutrientes de cada vez. Se as pessoas optarem por não comer carne ou por reduzir o consumo de carne e laticínios, isto também reduziria a perda de nutrientes na cadeia alimentar.

Reduzir o consumo pessoal de carne é apenas uma das 10 ações-chave do relatório, que sugere como seria possível reduzir a quantidade de nitrogênio que entra no ambiente.

“Se você analisar os números, é bastante surpreendente que do nitrogênio absorvido pelas plantas, 80 % do montante vai para a alimentação do gado. Apenas 20 % é destinado diretamente para a alimentação das pessoas, mostrando uma ineficiência enorme. ” Sutton insiste, “não se trata de ser vegetariano ou não, mas sobre o quanto a carne que você come possui impactos. É sobre ser deficitária.”

Ele explica que se você reduzir pela metade a quantidade de consumo de carne e laticínios, você ainda será um ‘comedor de carne’, mas terá reduzido o seu impacto no ambiente até pela metade.

O relatório apoia uma melhoria de 20 % na eficiência de nitrogênio, até 2020, o que reduziria o uso de fertilizantes nitrogenados em até 20 milhões de toneladas por ano. Os autores propõe um novo termo global, ’20:20 para 2020 “.

O relatório “Our Nutrient World” foi publicado pelo NERC Centre for Ecology and Hydrology, em conjunto com o Global Programme on Nutrient Management and the International Nitrogen Initiative. O relatório está disponível online em: http://initrogen.org/index.php/publications/our-nutrient-world/

O relatório também está disponível, no formato PDF e para download gratuito, na página do PNUMA (UNEP) em http://www.gpa.unep.org/component/docman/doc_download/255-our-nutrient-world.html?Itemid=139

Da redação do EcoDebate, com informações de Harriet Jarlett, do Planet Earth Online (Natural Environment Research Council)

EcoDebate, 18/02/2013


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2 thoughts on “Comer menos carne beneficiaria o meio ambiente, reduzindo as perdas no ciclo de nutrientes

  • Estou curiosa para saber se o relatório considerou a diferença (se é que há) entre a agricultura familiar, a ecológica e o modelo ‘industrial’. Pode ser que haja também aí um impacto grande e as pessoas possam manter padrões de consumo como os atuais com mais sustentabilidade e saúde. A reportagem poderia ter incluído alguma consideração a respeito.

  • Oi Luciana,

    Já li esse relatório, e ele avalia sim a diferença entre a pecuária “grass feed” (familiar e ecológica são termos brasileiros, que são quase englobados ali) e a intensiva. Assim como entre dietas veganas, vegetarianas, onívoras e carnívoras (a “carnívora” é o consumo médio de carne do USA).

    É engraçado ver diversas reportagens sobre isso, pois na imprensa americana o choque era o fato de que o relatório NÃO recomendava exclusivamente a dieta vegana, e nem mesmo só a vegetariana.

    Pelo relatório, do ponto de vista do meio ambiente (importante, pois vários veganos e vegetarianos tem outros motivos, religiosos, de moral, etc para o serem)uma dieta equilibrando carne e vegetais, com consumo de carne MODERADO (nada dos exageros americanos… laticínios uma vez ou duas ao dia, com porção de um copo de leite, e carne vermelha no máximo três vezes por semana), com o uso de agricultura organica/pecuária grassfeed (gado criado em sistema extensivo, com acesso a pasto… a definição é bem próxima da nossa de carne orgânica) tem a possibilidade de:
    1. produzir comida suficiente para alimentar 7 bilhões de pessoas.
    2. continuar com esse nível de produção pelo futuro.

    Dietas vegana e vegetariana eram aprovadas também, nesses termos.

    A pecuária intensiva, com gado confinado e alimentado com grãos não passava no teste de manter a produção para o futuro, nem a prazo curto (30 anos).

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