Países pobres são destino ‘de 80% do lixo eletrônico de nações ricas’
Depósito de lixo eletrônico na China (China é um dos principais destinos mundiais de lixo eletrônico). Foto: StEP-EMPA
Os países em desenvolvimento são o destino de 80% do lixo eletrônico produzido nas nações ricas, mas carecem da infraestrutura, de tecnologias de reciclagem apropriadas e da regulamentação legal para absorver essa vasta quantidade de detritos.
Essa é uma das conclusões de um relatório [The global impact of e-waste: Addressing the challenge] divulgado nesta sexta-feira (18) pela Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Segundo o documento O Impacto Global do Lixo Eletrônico: Lidando com o Desafio, boa parte do lixo eletrônico exportado para as nações em desenvolvimento é enviado ilegalmente, e estes detritos acabam indo parar em plantas de reciclagem informais, predominantemente em países como China, Índia, Gana e Nigéria.
Especificamente em relação à América Latina, o documento afirma que a maior parte dos países da região ”ainda precisa elaborar uma legislação para o lixo eletrônico”.
O documento afirma que houve avanços recentes na região, como na Costa Rica, o primeiro país latino-americano a criar uma legislação nacional específica sobre o tema.
Ônus
De acordo com o estudo, ”as nações em desenvolvimento estão tendo de lidar com o ônus de um problema global, sem ter a tecnologia para lidar com isso. Além disso, os países em desenvolvimento estão eles próprios cada vez gerando maiores quantidades de lixo eletrônico’.
O estudo afirma que está havendo um aumento rápido na geração de lixo eletrônico doméstico produzido na China, no Leste Europeu e na América Latina.
Um total de 40 milhões de toneladas de lixo eletrônico é produzido anualmente. Estima-se que 70% dos produtos eletrônicos descartados e exportados todos os anos vá parar na China e que esta proporção estaria aumentando.
Muitas vezes, esse lixo exportado para a China é reexportado para outros países do Sudoeste asiático, como Cambodja e Vietnã.
De um modo geral, as exportações de pequeno porte são destinadas a países da África Ocidental. Mas o relatório diz que essa proporção deverá crescer, devido à adoção de leis mais duras por parte dos países do Sudeste Asiático, que costumavam absorver parte desse comércio.
Entre os principais problemas ligados ao lixo eletrônico, de acordo com o relatório, estão a ausência de regulamentações para assegurar a segurança dos que lidam com esses produtos descartados e a falta de incentivos financeiros para reciclar detritos eletrônicos de forma responsável.
A manipulação desses detritos traz vários riscos à saúde pela presença de materiais tóxicos.
Entre as recomendações feitas no documento da OIT, está a adoção de legislações apropriadas por parte dos países em desenvolvimento, a regularização do setor informal de reciclagem e a organização de trabalhadores que lidam com detritos eltrônicos em cooperativas.
The global impact of e-waste: Addressing the challenge – [pdf 3700KB]
Matéria da BBC Brasil, republicada pelo EcoDebate, 21/01/2013
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Pela foto da reportagem ve-se claramente que não se trata somente de lixo eletrônico. Transformadores de transmissão elétrica, equipamentos que contém BPC – Bifenilas Poli Clorada, substância altemente tóxica. É uma dos POPs Produtos Orgânicos Persistentes, substância de produção e uso proibidos segundo a Convenção de Estocolmo.
Inclusive seu trânsito (Importação/Exportação) é proibida para países que não possuem estruturas para a disposição adequada deste tipos de resíduos.
Implicando em responsabilidade compartilhadaentre ambos países sobre os danos à saúde e ao meio ambiente que porventura venham a ocorrer.