Especismo e ecocídio: o massacre de elefantes e o comércio de marfim, artigo de José Eustáquio Diniz Alves
Foto de Kristian Schmidt / WildAid
[EcoDebate] Milhares de elefantes são mortos cruelmente todos os anos para que alguns poucos humanos possam lucrar com o comércio de marfim e outros tantos humanos possam lucrar com a compra e venda de jóias e objetos de decorração fabricados a partir das presas e do sacrifício de um dos animais mais fantásticos do Planeta.
Segundo os dicionários, marfim é uma substância dura, rica em sais de cálcio, que forma a maior parte dos dentes, em geral, e as presas dos elefantes, em particular. A expressão “Deixar correr o marfim” significa não se importar com coisa alguma, ser indiferente a tudo. Especialmente ser indiferente ao crime de ecocídio, que, em termos de espécies, equivale ao crime de genocídio.
Portanto, para quem se preocupa com a vida, com a biodiversidade e sobrevivência das espécies vivas da Terra não é possível “deixar correr o marfim”. Mas apesar da proibição mundial, a venda do marfim tem continuado de forma clandestina, estimulando o massacre de elefantes no mundo e, em especial, na África. Os animais são assassinados a tiros por caçadores antes de terem suas presas arrancadas. A matança é impulsionada pela demanda da matéria-prima pelos países do Oriente e pela riqueza que se acumula nas novas classes média e rica na China, assim como por turistas do mundo todo que compram os objetos fabricados com marfim.
Existem dezenas de denúncias contra o comércio ilegal de marfim. Na África os comerciantes já aprenderam a palavra chinesa para o marfim (xiangya). Milhares de presas de elefantes são apreendidas pela polícia, mas sem resolver o problema. Porém, como o marfim tem demanda crescente na China, tem sido virtualmente impossível rastrear o comécio legalizado no mundo. Na China existem salas de exibição de marfim de alta qualidade, com esculturas que são vendidas por valores que podem ultrapassar US$ 400 mil dólares. Cada jóia e escultura leva meses para ser finalizada e são muito apreciadas como símbolo de status pelos novos ricos da China e pelas elites econômicas do globo.
O jogador de basquete Yao Ming, ídolo esportista da China e na altura dos seus 2,29 metros, tem participado de uma campanha mundial contra o assassinato de elefantes na África. Ele aceitou participar e se tornar o rosto de uma ambiciosa campanha destinada à rica elite chinesa, no sentido de despertar o interesse pela vida selvagem africana e pela preservação dos elefantes em seu habitat natural e não como lembranças esculpidas e expostas nas prateleiras da sala de estar.
Na medida em que a proibição do comércio de marfim não tem sido suficiente para evitar a matança de elefantes, existe um movimento mundial pela proibição da venda e comercialização de objetos fabricados a partir do marfim. Dinheiro nenhum deste mundo vale a morte cruel de um elefante. Só a proibição total da venda do marfim pode interromper o crime de ecocídio e o massacre contra uma das espécies mais fortes, bonitas e inteligentes que a evolução gerou no útero da Mãe Terra.
José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado em Estudos Populacionais e Pesquisas Sociais da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br
EcoDebate, 21/11/2012
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Que necessidade de ostentação mais pavorosa! Estou apavorada com a estupidez humana!