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Separação do lixo doméstico não exige muito tempo e ajuda na sobrevivência de muita gente

 

Mudança de hábito - Foto de Paulo de Araújo/MMA
Mudança de hábito – Foto de Paulo de Araújo/MMA

 

Mudar alguns hábitos incorporando pequenas atitudes que envolvem consciência ambiental pode ter um grande impacto na preservação do meio ambiente. Um exemplo disso é a separação do lixo doméstico. No começo, pode parecer trabalhoso, pois envolve uma mudança de postura e um cuidado diferencial com os resíduos, como enxaguar as caixinhas de suco e leite, por exemplo. Mas depois do primeiro passo essa ação passa a ser automática. “Passa a fazer parte da rotina e não leva mais do que 30 segundos”, explica Vera Lúcia de Oliveira, dona de casa que separa o lixo doméstico há alguns anos.

O Dia do Consumo Consciente, comemorado em 15 de outubro, é um incentivo para a sociedade começar essa e outras pequenas mudanças que podem ter grandes resultados: separar o lixo, economizar água, minimizar as emissões de poluentes na atmosfera, comprar apenas o que realmente é necessário e escolher empresas que tenham responsabilidade social e ambiental.

Apesar da coleta seletiva ainda não estar implantada em todos os municípios do país, há, em muitos locais, cooperativas que recolhem os resíduos que são separados nas residências e dão a eles a destinação adequada: a reciclagem. No processo, o lixo é tratado como matéria-prima que será reaproveitada para fazer novos produtos. Além de diminuir a quantidade de lixo que vai para os aterros sanitários, os recursos naturais são poupados, reduz a poluição, além de gerar empregos e renda.

SEM VIDROS E PNEUS

Em Ceilândia, cidade satélite de Brasília, a Associação Recicle a Vida, recebe, em média, 25 toneladas de resíduos por mês. Lá, só não são recolhidos vidros e pneus. Vários catadores da Ceilândia entregam os resíduos coletados nesta associação. Vinte e quatro pessoas trabalham dentro do prédio da associação, recebendo, separando e preparando os resíduos que são prensados e armazenados em fardos e são vendidos para a indústria. Além do lixo doméstico, a Recicle a Vida recebe o lixo de oito escolas, públicas e particulares, de Ceilândia. “Já chegamos a recolher lixo de 14 escolas, mas quando muda a direção algumas pessoas não priorizam a coleta seletiva e abandonam o projeto”, relatou a presidente da Associação Recicle a Vida, Cláudia Maria Alves de Moraes.

Os catadores e a própria presidente da associação visitam casas da região e orientam os moradores na coleta seletiva do lixo, mostrando a importância dessa prática para o meio ambiente e também para essas pessoas que vivem dessa renda. “Muitas casas que nós visitamos passam a entregar os resíduos sempre para a gente, ficam fixas”.

Cláudia já viu a vida de muitas pessoas mudarem graças à coleta desses resíduos: “Aqui tem muito ex-morador de rua, muita gente que não tinha renda, não tinha como se sustentar e agora recebe uma quantia boa, da forma que melhor lhe convier, semanalmente, quinzenalmente ou por mês”. Segundo ela, os catadores recebem, em média, um salário mínimo e meio. “Depende do mês. Tem mês que eles tiram bem mais que isso”.

O QUE É RECICLÁVEL

Pode ser reciclado todo o resíduo descartado que constitui interesse de transformação de partes ou o seu todo. Esses materiais poderão retornar à cadeia produtiva para virar o mesmo produto ou produtos diferentes dos originais. Por exemplo: folhas e aparas de papel, jornais, revistas, caixas, papelão, PET, recipientes de limpeza, latas de cerveja e refrigerante, canos, esquadrias, arame, todos os produtos eletroeletrônicos e seus componentes, embalagens em geral e outros.

Como separar o lixo doméstico?

Não misture recicláveis com orgânicos – sobras de alimentos, cascas de frutas e legumes. Coloque plásticos, vidros, metais e papéis em sacos separados.

Lave as embalagens do tipo longa vida, latas, garrafas e frascos de vidro e plástico. Seque-os antes de depositar nos coletores.

Papéis devem estar secos. Podem ser dobrados, mas não amassados.

Embrulhe vidros quebrados e outros materiais cortantes em papel grosso (do tipo jornal) ou colocados em uma caixa para evitar acidentes. Garrafas e frascos não devem ser misturados com os vidros planos.

O que não vai para o lixo reciclável?
Papel-carbono, etiqueta adesiva, fita crepe, guardanapos, fotografias, filtro de cigarros, papéis sujos, papéis sanitários, copos de papel. Cabos de panela e tomadas. Clipes, grampos, esponjas de aço, canos. Espelhos, cristais, cerâmicas, porcelana. Pilhas e baterias de celular devem ser devolvidas aos fabricantes ou depositadas em coletores específicos.

Outras dicas:

Papéis: todos os tipos são recicláveis, inclusive caixas do tipo longa-vida e de papelão. Não recicle papel com material orgânico, como caixas de pizza cheias de gordura, pontas de cigarro, fitas adesivas, fotografias, papéis sanitários e papel-carbono.

Plásticos: 90% do lixo produzido no mundo são à base de plástico. Por isso, esse material merece uma atenção especial. Recicle sacos de supermercados, garrafas de refrigerante (PET), tampinhas e até brinquedos quebrados.

Vidros: quando limpos e secos, todos são recicláveis, exceto lâmpadas, cristais, espelhos, vidros de automóveis ou temperados, cerâmica e porcelana.

Metais: além de todos os tipos de latas de alumínio, é possível reciclar tampinhas, pregos e parafusos. Atenção: clipes, grampos, canos e esponjas de aço devem ficar de fora.

Isopor: Ao contrário do que muita gente pensa, o isopor é reciclável. No entanto, esse processo não é economicamente viável. Por isso, é importante usar o isopor de diversas formas e evitar ao máximo o seu desperdício. Quando tiver que jogar fora, coloque na lata de plásticos. Algumas empresas transformam em matéria-prima para blocos de construção civil.

Matéria de Rafaela Ribeiro, do MMA, publicada pelo EcoDebate, 18/10/2012

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2 thoughts on “Separação do lixo doméstico não exige muito tempo e ajuda na sobrevivência de muita gente

  • Dan Moche Schneider

    Olá Rafaela,

    Dá licença prum Pitaco.

    A coleta seletiva de resíduos secos (sobretudo embalagens) E úmidos (orgânicos) – ambos recicláveis, tornou-se obrigatório a partir da Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS.

    A PNRS determina a obrigatoriedade da coleta seletiva da fração orgânica.

    Segundo o decreto 7.404/10 o sistema de coleta seletiva será implantado pelo titular do serviço público de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos e deverá estabelecer, no mínimo, a separação de resíduos secos e úmidos.

    A PNRS é clara quando determina que a coleta seletiva deva ser aplicada a todos os resíduos que possam ser transformados em bens econômicos. Além dos secos recicláveis, os úmidos (orgânicos) não deverão estar nos aterros sanitários a partir de 2014.

    Segundo a PNRS rejeitos são resíduos sólidos que, depois de esgotadas todas as possibilidades de tratamento e recuperação por processos tecnológicos disponíveis e economicamente viáveis, não apresentem outra possibilidade que não a disposição final ambientalmente adequada.

    A definição é clara: para os resíduos úmidos, coletados seletivamente de forma progressiva, há possibilidade de tratamento e há disponibilidade de tecnologia. Portanto, não são rejeitos.

    O artigo 36 também não deixa dúvidas sobre a obrigatoriedade da compostagem:

    “Art. 36”. No âmbito da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, cabe ao titular dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos, observado, se houver, o plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos:
    …………………………..
    II – estabelecer sistema de coleta seletiva;
    …………………………..
    V – implantar sistema de compostagem para resíduos sólidos orgânicos e articular com os agentes econômicos e sociais formas de utilização do composto produzido”;

    nesse artigo da Lei claramente se firma como responsabilidade do ente público o estabelecimento da coleta seletiva e a implantação de sistemas de compostagem para valorização de resíduos orgânicos como bem econômico.

    Não se deve confundir “separação de resíduos secos e úmidos” com “separação de resíduos secos dos úmidos”.

    A Lei fala em “separação de resíduos secos E úmidos” claramente determinando a coleta seletiva para um e outro, e transferindo, via responsabilidade compartilhada, o compromisso para a construção de solução para toda a cadeia de produção e consumo.

    A compostagem dos resíduos úmidos, (ou biodigestão com desejável recuperação de energia), deve ser a principal estratégia para a redução dos rejeitos a serem dispostos, seguida da recuperação dos resíduos secos; a coleta diferenciada dos resíduos secos, dos resíduos úmidos e dos rejeitos é necessária para se buscar eficácia e eficiência nesse processo.

    Por fim, Rafaela, estou na torcida para que o MMA continue a defender o espírito e objetivos da PNRS e não permita que o lobby da incineração do lixo destrua o que a duras penas se vem tentando construir no Brasil nos últimos anos: a coleta seletiva solidária com a integração de um milhão de catadores.

  • muito bom essa materia de voces, podem contar comigo.

Fechado para comentários.