Súplica da Natureza, por Gilberto Brito
[EcoDebate] Não faças isso comigo não, criatura, eu sou a tua mãe. Sou tão boa para ti e para teus irmãos todos.
Faça, não. Sofro. Sofro muito. Tu fazes isso e eu vou me entristecendo, murchando e a cada momento perdendo vigor, energia, morrendo. Cada dia que passa tu vais fazendo assim: maltrata hoje, maltrata amanhã, todo dia, toda hora, sem parar um segundo, sequer. E olha que eu não te nego nada. Tudo que tens, eu te dei. Tudo que queres, eu te dou. Dou para você e meus outros filhos todos. Até os que nada pedem, não choram, nada dizem, sequer pensam, pois juízo não têm.
Eu quero continuar a servir a vida inteira, o tempo todo. Dia e noite, sem nunca parar.
“Papai” criou-me ensinando a cuidar de vocês todos, preocupado no aperfeiçoamento, na glória, no bem. Até “os outros”, os que vivem matando para viver, “respeitam” o que “Papai” ensinou. Só comem o tanto certo, sem acabar com a espécie da qual é “irmão”. Aliás, um serve ao outro, constituindo uma família grande, bonita, harmoniosa, unida, repleta de tudo que é bom.
Vamos permanecer coesos, pensando um no outro. Não é preciso pensar em mim, não. Eu dou o meu jeito. “Papai” me dá forças. Pense em teus irmãos. Pense nos meus netos, nos teus filhos. Tu já pensastes se Adão e Eva não tivessem existido? Então, como você quer acabar comigo? Só eu tenho tudo que tu queres e nada te cobro, nada te peço. Só quero paz, respeito, sensibilidade.
Até a inteligência que tu tens e por meio dela me agrides, eu te dei. A força, a cor, a beleza, a saúde, o pão do sustento, a luz, a energia, o oxigênio de tocar o pulmão. A água de beber, coisa tão gostosa, tão boa. Eu te faço dormir, te faço até sonhar um sonho lindo, em lugar gostoso, de paisagens lindas, com amor. Até amar eu te ensinei. Eu te ensinei como faze r o teu próprio filho, a continuação de cada um.
Até filho meu que não é irmão seu, serve-te tanto. Te ajuda. Sou eu que mando ele te servir. E você, o que dizes, o que falas? Diga em que errei, onde errei. Eu te eduquei com amor, respeito e ordem. Te dei do vigor da força ao repouso eterno do cansaço que a vida traz.
Eu sou a única mãe que gera, pare, cria e depois recolhe ao ventre. A minha placenta é eterna e o meu leite nunca seca. Meu prazo de procriação está nas suas mãos, filho querido. Eu quero continuar parindo, criando, frutificando, te dando irmãos. Fecunda para tudo, para todos e para o bem.
Eu quero ver crianças a sorrir.
Gilberto Brito – brito-gilberto@uol.com.br
EcoDebate, 27/09/2011
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