O Ego, o Alter e os Incas, artigo de Isabela Abes Casaca
[EcoDebate] Tenho observado com tristeza o que está acontecendo com os guarani-kawiowá, no estado do Mato Grosso do Sul, essa violência desmedida. O que gera a situação supramencionada é fato da maioria dos latifundiários enxergarem, como único modo de produção, a monocultura.
Esta situação atual pode ser vista sob uma ótica comparativa com a história do continente Americano, desde os primórdios da história americana os ameríndios e sua cultura tem sido alvo de depredação e marginalização. E qual o cerne disso? O ego e a ganância.
A criatura humana, ainda possui em si o egocentrismo, aquele comportamento gerador da concepção que nossa visão de mundo é superior. Inúmeros problemas a humanidade deixaria de gerar se abandonássemos tal postura.
Precisamos, em nosso comportamento, de mais alteridade, nos colocarmos no lugar dos outros. Refletir, os outros estão tão errados e nós tão certos? Essa desconfiança proporciona uma evolução mais simples e fácil.
Como modelo prático recordemos de quando os europeus fizeram contato com os ameríndios. Imaginemos se não tivessem agido de maneira eurocêntrica e sim com alteridade, como estaríamos agora?
Arrisco afirmar, atualmente a sociedade seria mais avançada, evitaríamos inúmeros problemas ambientais e estaríamos muito mais perto do desejado desenvolvimento sustentável.
Os Incas, por exemplo, eram bastante avançados, em alguns aspectos científicos deixavam os espanhóis para trás, e quiçá nós também, suas técnicas de engenharia e agricultura superam as nossas. Atualmente conseguiríamos construir algo com a grandeza de Machu Picchu de forma tão harmônica com natureza?
Há uma parte do filme Diários de Motoclicleta, que se registrou em minha memória como a cena mais bonita do filme, quando Ernesto Guevara, el Che, está na cidade perdida dos Incas, e pergunta-se como uma civilização capaz de construir algo tão grandioso pode ter sido arrasada pelos espanhóis. (Vejam a cena: El che en el Machu Pichu)
Compartilho o mesmo sentimento, afinal é pesaroso que a maioria deste conhecimento perdeu-se, por causa do ego e cobiça pelo ouro. Aprendamos com o passado, a fim de não repetirmos os mesmos erros, deixemos o nosso ego, nosso eu-egoísta, em segundo plano e em destaque procuremos o alter, nosso eu nos outros.
Por Isabela Abes Casaca, estudante de Direito.
Campo Grande – Mato Grosso do Sul
Texto originalmente publicado em: http://isacasaca.blogspot.com/
EcoDebate, 12/09/2011
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