Agricultores rurais interditam Transamazônica e impedem acesso ao canteiro de obras de Belo Monte em Altamira
Mais de 3000 lideranças de movimentos sociais fecham rodovia para protestar a presença do primeiro escalão dos governos federal e estadual no “Acampamento Xingu 2011: o despertar para novos tempos”, em Altamira-PA, para garantir a negociação da pauta.
Mais de 3000 agricultores rurais de 11 municípios da Transamazônica/Xingu interditaram hoje, por volta das 9h da manhã, a Rodovia Transamazônica, BR 230, no trevo que dá acesso a Vitória do Xingu e a Hidrelétrica Belo Monte. O movimento exige a presença do primeiro escalão dos governos federal e estadual no encontro “Acampamento Xingu 2011: o despertar para novos tempos”, em Altamira-PA, para garantir a negociação da pauta.
Promovido pela Fundação Viver, Produzir e Preservar (FVPP) e o Grupo de Trabalho Amazônico (GTA), no âmbito do Projeto BR-163: Floresta, Desenvolvimento e Participação e pela Federação dos Trabalhadores em Agricultura (Fetagri) regional, o evento teve início na última segunda-feira (29) e tem como eixos prioritários cinco temáticas: questão fundiária, infraestrutura, desenvolvimento urbano, estratégias produtivas, políticas sociais e gestão ambiental.
A manifestação visa, também, impedir o acesso das máquinas e trabalhadores ao canteiro de obras da Usina Hidrelétrica de Belo Monte. Segundo João Batista Uchôa, coordenador do movimento, a ação é pacífica e quer chamar a atenção das autoridades para a realidade da região. “As obras de Belo Monte estão a todo vapor, mas a pauta dos movimentos sociais, que já vem sendo discutida há 20 anos, não consegue avançar” – contestou Uchoa.
Segundo os organizadores do acampamento, alguns números demonstram o descaso do governo com a região. Em relação ao programa federal “Luz para Todos”, somente 40% da região foi atendida. Dentro do Pará a BR 230 tem 976 km entre Marabá e Itaituba, sendo que apenas 726 km estão sendo asfaltados e de forma lenta devido aos problemas com licenciamento da obra e a retirada de materiais.
Além disso, os mais de 25 mil km de estradas vicinais e ramais dos 11 municípios da região da Transamazônica/Xingu, não têm verba pública destinada para abertura e manutenção, uma vez que os governos não se entendem em relação à responsabilidade dessas estradas.
No que diz respeito aos assentamentos rurais, eles não têm licença ambiental o que impede as lideranças da reforma agrária terem acesso aos créditos.
O “Acampamento Xingu 2011: o despertar para novos tempos” acontece até o dia 01 de setembro e tem como objetivos fazer uma análise da história de luta e conquistas dos movimentos sociais na região, avaliar a consolidação de políticas estruturantes de desenvolvimento do território e elaborar um plano de desenvolvimento que considere a dimensão humana, social, cultura, econômica, ambiental e ética, considerando os novos desafios impostos ao território pela expansão demográfica da população urbana e rural em função do impacto das grandes obras.
O evento conta com o apoio do Projeto BR-163: Floresta, Desenvolvimento e Participação de apoio técnico e a gestão financeira da FAO Brasil, recursos doados pela União Européia e coordenação do Departamento de Políticas de Combate ao Desmatamento da Secretaria Executiva do Ministério do Meio Ambiente.
Nota enviada pela Assessoria de Comunicação da Fundação Viver Produzir e Preservar / Rede GTA
EcoDebate, 31/08/2011
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