O Meio Antrópico – Infra-estrutura, artigo de Roberto Naime
[EcoDebate] As questões de infra-estrutura envolvem todas as intervenções antrópicas no meio físico que se fazem necessárias para atender às necessidades das populações e para dar qualidade de vida para os agrupamentos humanos, permitindo que os diversos grupos sociais cumpram suas funções dentro do complexo tecido das relações sociais e econômicas da humanidade.
Sob o aspecto da logística e de suas necessidades, envolve estradas, energia, comunicações, hospitais, postos de saúde, creches, bancos, infra-estrutura para mineração, disponibilidade de matérias-primas para construção civil e para outros tipos de indústrias.
Principalmente o conjunto de populações mais carentes, em um país que ainda tem uma grande quantidade de excluídos e de periferias econômicas e sociais, depende da infra-estrutura de transportes, segurança, saúde, educação e saneamento.
Hoje cada vez mais cresce a lista dos bens catalogados como de infra-estrutura, incluindo as estações de micro-ondas, estações de radio base e de fibra ótica para telecomunicações e outros.
Mas questões básicas como evitar o assoreamento dos rios (que gera menor vazão de água com todas as conseqüências que isto produz) por fenômenos descontrolados de erosão produzidos por expansão rural ou urbana, permanecem ocorrendo. Estas ocorrências poderiam ser evitadas com pequenas ações corretivas ou preventivas, mas permanecem acontecendo devido a desarticulação da capacidade de intervenção dos órgãos responsáveis pela infra-estrutura pública.
Raciocínio semelhante pode ser feito com as denominadas áreas de risco, que nada mais são do que áreas alagáveis ou passíveis de instabilizações de taludes, que colocam em risco populações de baixa renda assentadas de forma regular ou geralmente clandestina.
Esta realidade amplia cada vez mais o fosso que separa as populações do Brasil que está integrado ou incluído e o Brasil dos excluídos e dos marginalizados. Isto é um problema ambiental, embora não pareça. Não se pode falar em compatibilização da sociedade humana com as características físicas ou biológicas dos meios se a questão de sobrevivência vem antes.
Não adianta legislar apenas. Não adianta colocar fora da lei um motorista que carrega madeira de desmatamento ilegal. Ele não faz isto por princípios, faz por necessidade de sobrevivência, se voce providenciar alguma forma dele prover sua vida particular e de sua família, ele não optará por agredir o meio ambiente ou transgredir a lei.
Portanto talvez nada seja tão integrado com a questão ambiental quanto a questão social. As disponibilidades e as necessidades de infra-estrutura diferenciadas operam como excelentes indicadores sociais. Enquanto áreas são servidas por redes de cabo de fibra ótica, populações inteiras marginalizadas, estão assentadas geralmente de forma irregular em áreas de risco.
Conforme demonstrado anteriormente, estas áreas nada mais são do que regiões inundáveis no interior do domínio das planícies aluviais dos rios, ou áreas de encostas com declividade elevada, nas quais as edificações sofrem riscos de colapsos por instabilizações de taludes verticais ou cortes mal drenados dos terrenos.
Dr. Roberto Naime, colunista do Ecodebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.
EcoDebate, 19/05/2011
Nota do EcoDebate: desta série de artigos leiam, ainda:
O Meio Antrópico – Saneamento Básico, artigo de Roberto Naime
O Meio Antrópico Industrial, artigo de Roberto Naime
Meio Antrópico Agropecuário, artigo de Roberto Naime
O Meio Antrópico, artigo de Roberto Naime
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