O Meio Antrópico Agropecuário, artigo de Roberto Naime
[EcoDebate] A agropecuária envolve todas as atividades humanas de pecuária extensiva ou intensiva, criação das mais diversas espécies terrestres ou aquáticas e as atividades vinculadas com a agricultura dos mais variados tipos, desde as pequenas propriedades com o plantio de subsistência, passando pela agricultura familiar e chegando no agronegócio mais sofisticado com monoculturas extensas de exportação.
Qualquer que seja o enfoque da abordagem são muitos os impactos ambientais produzidos pela agropecuária, uma atividade essencial para a sobrevivência humana. Temos muito que avançar no uso racional da água na agropecuária. É necessária uma extensiva reformulação de conceitos de eficiência energética aplicados nesta atividade. Concepções de preservação de matas ciliares, bacias e microbacias hidrográficas, canais de drenagem e conservação de solos precisam urgente consideração.
Neste sentido é digno de menção e elogio o trabalho que é realizado pela Prefeitura Municipal de Lucas do Rio Verde em conjunto com a The Nature Conservancy e a Federação de Agricultura do Mato Grosso. O projeto é uma aliança única no Brasil para tornar o município o primeiro a ter todas as propriedades rurais regularizadas do ponto de vista do Código Florestal, transformando Lucas do Rio Verde num dos únicos municípios do país sem passivos sócio-ambientais no setor agropecuário, sem problemas trabalhistas e de uso correto e seguro de agroquímicos. É uma iniciativa da Prefeitura de Lucas do Rio Verde e da The Nature Conservancy, em parceria com a Secretaria Estadual de Meio Ambiente do estado do Mato Grosso (SEMA), Fundação Rio Verde, Sindicato Rural de Lucas do Rio Verde, Ministério Público estadual do Mato Grosso, Sadia através do Instituto Sadia de Sustentabilidade, Syngenta e Fiagril.
Existem ainda questões como tratamento de efluentes gerados por atividades agropecuárias, principalmente através das agroindústrias (como na agroindústria canavieira), gestão adequada de todos os resíduos sólidos (e não apenas embalagens de agrotóxicos que por lei sofrem tríplice lavagem e são retornadas aos fabricantes através do INPEV).
O INPEV é uma entidade civil de direito privado, sem fins lucrativos, fundada por fabricantes de defensivos agrícolas e por entidades privadas representativas dos elos da cadeia produtiva agrícola. O instituto representa a indústria fabricante de agrotóxicos no cumprimento da legislação (Lei n. 9974/00), sendo portanto responsável pelo transporte das embalagens vazias a partir das unidades de recebimento até a destinação final (reciclagem ou incineração) e também responsável pelo destino ambientalmente adequado desses materiais.
Mesmo assim, ainda são relevantes os impactos ambientais gerados pelo uso indiscriminado dos agrotóxicos, atingindo a rede de drenagem superficial e os impactos produzidos pelos efluentes não tratados de criações intensivas de aves e suínos.
Detalhar qualquer item se torna muito exaustivo e técnico e foge da idéia de trazer uma noção básica de percepção ambiental e diretrizes para compreender o conjunto da questão ambiental. Mas é fácil sem dúvida, imaginar e avaliar a extensão do assunto.
Evidentemente que a atividade agropecuária é fundamental para a sobrevivência da espécie humana, mais importante ainda em nosso país, que é eminentemente primário. Mas é necessário além de ressaltar as boas iniciativas que já ocorrem, aprofundas o trabalho de trazer sustentabilidade econômica e ambiental para as populações que vivem da atividade de lavoura e pecuária.
Dr. Roberto Naime, colunista do Ecodebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.
EcoDebate, 16/05/2011
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