Belo Monte: resposta do Brasil à OEA é vergonhosa, artigo de Telma Monteiro
Faltou maturidade ao governo no trato com a OEA
[EcoDebate] Atônita com a atitude do Brasil frente às recomendações da OEA sobre Belo Monte, acabo de levar um grande susto com a retaliação de Dilma Rousseff em retirar a contribuição anual à organização. Todos os membros da OEA contribuem anualmente para manter sua estrutura. Não que isso vá acabar com a OEA. Mas a atitude do Brasil tem um significado vergonhoso.
Fiquei então pensando se Dilma, durante a ditadura, quando presa e torturada, na solidão de sua cela, exausta e sofrida, teria ansiado por um organismo internacional que intercedesse por ela e por aqueles que sofriam com a violação dos direitos humanos. Assim, como fez a Comissão de Direitos Humanos (CIDH) da OEA em favor dos indígenas do Xingu, para resguardar seus direitos ao consentimento livre prévio e informado.
Estranho, pois, que o governo brasileiro tenha uma atitude tão ou mais xenófoba que as dos militares brasileiros da ditadura, algozes autoritários. Aqueles militares que esbravejavam e que esbravejam ainda, caquéticos hoje, contra uma ridícula ameaça americana de conquistar a Amazônia e as suas riquezas naturais. No entanto, o que consta é que os que querem explorar as riquezas naturais da Amazônia são as nossas próprias empresas estatais consorciadas com as grandes empreiteiras, com mineradoras ávidas, com bancos públicos, privados e holdings internacionais. Belo Monte significa uma montanha de dinheiro, ou a Vale não estaria agora interessada.
Com tudo isso o Brasil, não este maravilhoso dos brasileiros, mas aquele dessa presidente autoritária e arrogante, está dando mostras contundentes de que não tem maturidade para integrar o tal Conselho de Segurança da ONU, tão almejado. Quem não respeita os direitos humanos e desse crime é apontado publica e internacionalmente, não pode ser levado a sério.
Será que Dilma Rousseff e entourage estão esquecendo como sofreram horrores na ditadura? Será que estão fazendo uma releitura da dita ao ignorar o clamor dos indígenas do Xingu e agora o grito dos Munduruku do Tapajós?
O governo, a AGU, suas excelências no Congresso, estão agindo, no caso da OEA e Belo Monte, com visível medo de que essa Medida Cautelar proferida pela CIDH se transforme em um precedente. Levando-se em conta tudo que está planejado nas obras tenebrosas do PAC, dá para entender o temor.
Telma Monteiro
https://twitter.com/TelmaMonteiro
EcoDebate, 02/05/2011
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Obrigado Telma. Seria bom reler o documento da Ditadura Militar sobre a Estratégia da Ocupaçao da Amazònia onde os Indios eram considerados como “empecilhos ambientais a serem removidos”. Se eu encontrar este documento nos arquivos que tenho na Itàlia vou encaminhar para o EcoDebate publicar. Hà uma série de absurdidades que agora o novo Governo da Presidente Dilma talvez ignore. Espero que ao reler aquele documento mude de opiniào a respeito dos MegaProjetos em àreas indìgenas e nao mude de opiniao como o ex Presidente Lula fez ( e continua fazendo) contrariamente ao Compromisso que assinou em 1989 no Compromisso em Defesa dos Direitos Indìgenas. Padre Angelo Pansa- Delegado ICEF (International Court of the Environment Foundation).
Com todo o respeito, expresso opinião diversa da autora do artigo e do comentarista. Vivemos em uma democracia, governo eleito legitimamente, e, não em uma ditadura. Assim, não cabe interferência de organismo externo em nossas decisões sobereanas. Salvo, evidentemente, nos casos em que eventualmente nossas decisões venham a afetar a vida de povos de outros países, o que não é o caso. A construção de hidrelétricas, particularmente, é assunto de interesse estrito do Brasil. Devemos sim exercer a soberania neste caso e a resposta da Presidente Dilma, por mais dura que possa ser, é legitima. Não cabe à OEA (ou à ONU, ou a ONGs) interferir nesta política de desenvolvimento do país.
Parabéns, parabéns, parabéns, guerreira Telma, venha cá, será que esta presidenta não tem qualquer dor na consciência de estar destruindo nossa natureza e toda a legislação ambiental? E aos entendidos: porque cargas d’água o Brasil quer tanto entrar neste conselho de segurança? Abs, roberta.graf@gmail.com.
Padre Angelo Pansa
Espero ansiosamente que consiga estes documentos para conhecimento de todos nós, são informações importantes e relevantes, poderemos usá-las para uma tentativa de “conscientização” do Governo Brasileiro enquanto “um país de todos”. Percebo que além de passar por cima dos Direitos Indígenas, o governo também se esquece de suas próprias leis que visam uma gestão sustentável dos recursos naturais e não investe em formas de energias mais limpas talvez por falta de recursos ou talvez por puro interesse privado.
Com todo respeito ao comentarista Eduardo Araujo, se essa obra afeta a natureza e o meio ambiente o mundo deve dar sua opiniäo. Náo é uma questão de soberania nacional, mas da sobrevivência do planeta e de todos nós. Que todos sabemos a Terra está se deteriorando dia a dia.
Com o lago da Belo Monte será “afogado” uma extensa area de floresta que poderá afetar o clima da regiáo e do mundo.
Os indios protestam porque sabem disso, eles conhecem a natureza mais do que qualquer estudioso ou curioso como eu.
Fico feliz com seu comentário , um grande país se constroi com o debate e a opinião de seus cidadãos.
Agora precisamos repensar sobre o crescimento dos países na atual crise climática. Qual o limite para o crescimento. até onde poderemos ir?
Até onde o planeta suporta os planos de desenvolvimento dos povos, que já se transformou numa disputa politica dispensando o bem estar social da humanidade.
Para Debora Gontijo. Jà estou com os documentos e dentro de alguns dias encaminharei para EcoDebate. Também posso enviar pelo e-mail se tiver o seu. Nao respondo ao sr. Eduardo Araujo pois é bastante claro o que respondeu Rivaldo Ribeiro. Por parte do atual Governo ainda estou aguardando a coleta de produtos contaminantes que se encontral na Terra do Meio e o envio “oficial” para laboratòrio que determine quais os contaminantes presentes com relativas quantidades para, em seguida, proceder à descontaminaçao como està sendo feita no Vietnam por parte dos Governos Vietnamitas e dos EUA na base aèrea que foi utilizada quando da “Operaçao Ranch Hand”.