Uma escolha muda o futuro, artigo de Carlos Alberto Pompeu de Toledo Soares
[EcoDebate] Uma das dificuldades do ser humano com que deparamos na vida são pessoas que vivem com constância a ansiedade. A ansiedade é fruto do medo que temos de sermos responsabilizados se errarmos ou de que venhamos a sofrer por nossas próprias escolhas.
Escolher é preferir, eleger, achar melhor, fazer uma seleção entre algumas coisas, optar. Parece simples mas não é. Junto à escolha vem a dúvida. A consciência de que somos seres falíveis faz com que não confiamos plenamente em nossas escolhas, o que gera a ansiedade. Quando constante, ela acaba inibindo outras futuras escolhas num processo vicioso. Lidamos muito mal com a necessidade assumir a responsabilidade de nossos próprios erros, o que deveria ser algo comum se compreendêssemos que somos seres em aprendizado constante. É por isso que o mundo moderno valoriza quem tem maior facilidade para escolher caminhos. São pessoas com menor medo de errar ou menos dúvidas.
Fugir das escolhas? Impossível. Mesmo quando teimamos em postergá-las, estamos escolhendo pelo continuísmo. Ou seja, é inerente ao ser humano fazer escolhas. Jessamyn West, escritora americana deu uma definição que julgo fantástica sobre o assunto: “Você faz o que parece ser uma simples escolha: escolhe um homem, um emprego, ou um bairro – e o que você escolheu não é um homem, um emprego, ou um bairro, mas uma vida.” Está claro que nos fazemos a partir das escolhas feitas por nós mesmos.
Aprendemos com o erro, mas a dificuldade para assumir a responsabilidade por nossas más escolhas dissemina na vida social outro mal, chamado de culpa. Como não saboreamos ver nossos erros, sempre procuramos alguém a quem culpar. O governo, os bancos, outras pessoas, funcionários. Raramente surpreendemos a culpa onde ela está – grande parte das vezes, em nós. William Jennings Bryan definia: “Destino não é uma questão de sorte, mas uma questão de escolha; não é uma coisa que se espera, mas que se busca.” Assim, se pretendemos mudar o nosso futuro, temos que parar de nos esconder do erro ou da culpa, e isso só depende de nós. Quando erramos adquirimos a experiência para não repetir a falha no momento presente, e o momento presente é sempre o tempo de outra escolha e de ação. Concordo com Dan Miller: “Às vezes, o maior risco é não se arriscar”.
Muitos vivem num comodismo. Não pensar com cuidado e abrangência nas suas escolhas e, por isso mesmo, erram. São os que vivem constantemente numa profecia auto-realizável. De tanto medo de escolher mal, escolhem mal.
Nossas escolhas mudam nosso futuro, de sorte que viveremos nossas escolhas. Por essa razão devemos nos ocupar mais em avaliar as opções que temos e como elas impactarão em nossas vidas. Afastar o comodismo de escolhas que parecem mais fáceis e buscar escolhas racionais que nos reforcem a confiança afastando a ansiedade.
Ser consciente é ressignificar isso dentro de nós. Compreendendo que, nesse caso, consciência é sinônimo de escolha.
* Carlos Alberto Pompeu de Toledo Soares, é diretor da Gcapts Consultoria, especializada em reestruturação empresarial gcapts@terra.com.br
** Colaboração de Ticiane Araújo, para o EcoDebate, 28/04/2011
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