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Stent feito de um material bioabsorvível será testado no Brasil

Um novo aparelho usado para desobstrução de artérias de pacientes com doenças cardiovasculares começará a ser testado no Brasil em duas ou três semanas. Trata-se de um novo tipo de stent, espécie de mola implantada dentro da artéria do doente para liberar o fluxo de sangue. A diferença é que o novo stent é feito de um material bioabsorvível, ou seja, é absorvido pelo organismo do paciente anos depois de sua implantação e solução do problema cardíaco. Os stents usados atualmente são feitos de metal e permanecem na artéria do paciente.

A nova tecnologia é uma das inovações apresentadas no Encontro Global de Inovações em Intervenções, que reúne, em São Paulo, cardiologistas de vários países. Eles são especialistas em tratamentos que envolvem cirurgias, geralmente, utilizando catéteres implantados em pessoas com problemas cardiovasculares.

O médico Fausto Feres, chefe do Departamento de Cardiologia Invasiva do Instituto Dante Pazzanese, é um dos participantes do evento. Segundo ele, a nova tecnologia de stents é importante porque pode minimizar efeitos colaterais do uso do aparelho, como inflamações. “Os stents são colocados, promovem a abertura da artéria e, um ano ou dois após o implante, eles são absorvidos”, explicou Feres. “A obstrução não acontece mais e reduzem-se os casos de inflamação.”

Feres disse que o novo stent já está sendo usado na Europa, mas, no Brasil, ainda precisa passar por testes para ser aprovado. Isso, entretanto, não deve acontecer em menos de um ano. “Normalmente, após os estudos clínicos, isso demora um ano ou dois anos para chegar à população”, afirmou.

O médico Carlos Pedra, chefe da Seção Médica de Intervenções em Cardiopatias Congênitas do mesmo instituto, afirmou que outras inovações interessantes estão sendo debatidas no seminário. Entre elas, novas próteses para substituir válvulas do coração e outros aparelhos mais modernas para tratamento de problemas cardíacos de crianças.

Segundo Pedra, as doenças cardiovasculares são a maior causa de morte no país. Por isso, é necessária o desenvolvimento de novas técnicas de tratamento, principalmente, aquelas que permitem a solução de problemas sem a necessidade de cirurgias invasivas.

“O paciente submetido à terapia por cateterismo se recupera mais rápido, fica menos tempo no hospital, volta mais rápido para o trabalho, a família fica mais contente”, disse o médico sobre as vantagens das pequenas cirurgias usando catéteres.

Feres ratificou as vantagens do cateterismo e das inovações no tratamento das doenças. Ele espera que os debates e os testes da novas tecnologias facilitem a incorporação dessas terapias no rol de procedimentos realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Reportagem de Vinicius Konchinski, da Agência Brasil, publicada pelo EcoDebate, 14/04/2011

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