Relato da manifestação Belo Monte NÃO, em São Paulo, no MASP, 8/2/2011
[EcoDebate] Era 13hs de oito de fevereiro, a poucos dias do carnaval e um pequeno grupo com as caras pintadas “sambava” em plena avenida Paulista. Mas ao som de maracas e flauta.
Através de um megafone comprado com seus próprios recursos, as palavras de ordem eram emitidas apesar do cansaço. Afinal estavam ali na marquise do MASP desde as 8hs.
Bravas guerreiras, Carol, Leda, Eli, Paola, Tati sem esquecer da Adriana que imprimiu os folhetos para nós, e minha querida Rosely, amada esposa e companheira de todas as horas. Thiago e sua arte, Gustavo e sua flauta, deram cor e música ao movimento..
O povo passava e a polícia olhava.
Alguns ignoravam, outros criticavam e outros, ainda que poucos, indagavam. Para nossa felicidade pudemos esclarecer e motivar algumas pessoas. Mil folhetos foram distribuídos.
Enquanto isto, recebíamos notícias de Brasília. Poucos manifestantes do povo e nada da presidente Dilma dar as caras. Nem esta consideração os representantes de milhares de pessoas que estão para perder suas terras, sua cultura e sua dignidade, mereceram da nossa presidente.
Bom, em São Paulo a cena se repetiu, a minoria ficou lá fazendo de tudo para denunciar mais este escárnio que está para acontecer em nosso querido Brasil.
A maioria da população paulistana está totalmente alheia ao drama Belo Monte. Poucos sabem que esta usina abre as portas para outros mega projetos de hidroelétricas na nossa floresta amazônica, que não existem dados concretos sobre o impacto ambiental, não há real noção do custo final desta obra, que sua congenere usina hidroelétrica de Balbina é um desastre!
Desastre econômico, a geração de energia dela é pouca e cara, um desastre ecológico inundou uma área gigantesca com a perda de uma biodiversidade incalculável, um desastre ambiental pois a decomposição da matéria orgânica que ficou no fundo do lago gera 11 vezes mais metano e CO2 que uma termoelétrica movida a carvão com a mesma potência.
Tudo isto poucas pessoas sabem, e olha que eu tenho certeza que ainda sei pouco.
Enquanto entregávamos os folhetos para os passantes, alguns motoristas apoiavam, a cena triste do dia ficou por conta de calouros (“bichos”) da USP que ao serem indagados sobre Belo Monte, nada sabiam e também pouco se interessaram.
Mas houve o troco, um grupo de estudantes do Sesi se interessaram, participaram por algum tempo conosco, não podiam ficar mais pois tinham que ir a escola, estes sim se mobilizaram, tem vontade de se comprometer. Viva o Brasil tem futuro!
Pois então, a minoria esmadora de São Paulo não tem respostas para estas questões. Mas tem uma certeza, este projeto é desumano, caro e irresponsável. Se temos que lutar sozinhos seguiremos lutando pois ainda não conseguimos salvar a floresta amazônica. Mas com certeza salvamos nossa humanidade.
Fotos Tatiana Cardeal – Texto de Paulo Sanda
Colaboração especial de Paulo Sanda e Tatiana Cardeal para o EcoDebate, 09/02/2011
[ O conteúdo do EcoDebate é “Copyleft”, podendo ser copiado, reproduzido e/ou distribuído, desde que seja dado crédito ao autor, ao Ecodebate e, se for o caso, à fonte primária da informação ]
Inclusão na lista de distribuição do Boletim Diário do Portal EcoDebate
Caso queira ser incluído(a) na lista de distribuição de nosso boletim diário, basta clicar no LINK e preencher o formulário de inscrição. O seu e-mail será incluído e você receberá uma mensagem solicitando que confirme a inscrição.
O EcoDebate não pratica SPAM e a exigência de confirmação do e-mail de origem visa evitar que seu e-mail seja incluído indevidamente por terceiros.
Parabéns pela iniciativa!!! Teria ido se soubesse antes!
Caros Paulo Sanda e Tatiana Cardeal.
Vi o esforço da parte dos dois, um girando a câmara fotográfica em várias direções para fotografar e outro tentando magnificar no texto a importância da micro-manifestação contra a usina de Belo-Monte.
A manifestação foi tão pequena que foi possível colocar no texto o nome de todos os manifestantes, ou seja isto não é um fato jornalístico e insistir nisto chega as raias do ridículo.
Mas deixando de lado considerações do que deve ser noticiado ou não, vamos a alguns comentários sobre o assunto. Primeiro, por que as manifestações estão sendo um fracasso? Primeiro, porque o apelo mediático depois da nossa índia de Copacabana (a Sheila Juruna) ter sido fotografada com o produtor cinematográfico do Avatar (que tinha vindo ao Brasil faturar mais uma graninha para o seu filme) acabar não tendo mais holofotes o pessoal caiu fora. Segundo, que os “prejudicados” pelo projeto (não atinge mais do que duzentos descendentes de Índios) estão sendo compensados monetariamente pelo consórcio que ganhou o projeto, e como são poucos em relação ao preço da obra, provavelmente vão sair muito melhores do que estão.
Quanto ao desastre ecológico apregoado no texto não sei da onde saiu esta informação, basicamente a usina de Belo Monte é uma usina sem reservatório (usina a fio d’água), logo não mudará o regime hidrológico do rio, se outras usinas forem construídas cada caso deverá ser estudado.
Quanto a custos, não sei qual é a opinião de vocês sobre o que está sendo revelado no 3 forum de geração de energia eólica em São Paulo, tanto as PCHs como as eólicas estão entregando 30% menos energia do que o prometido (dados medidos), ou seja o que era caro esta se transformando mais caro ainda.
Eng. Rogério.
Agradecemos pelo comentário.
Quanto ao ridículo de nossos esforços. Sabe, preferimos ser ridículos do que esquecermos nossa humanidade, ela não está a venda.
Também acredito que o sr. Cameron prefere os “trocadinhos” dele ganhos com sua arte cinematográfica do que os “trocadinhos” ganhos por empreiteiros em obras ilegais.
Quanto aos indígenas e ribeirinhos, que bom que existem pessoas que não vendem sua dignidade.
Em relação a micro-manifestação, sim concordo isto não é fato jornalistico, pelo menos não para quem gosta de ver números. Mas é um fato humanistico. Vou lhe contar uma historinha.
Um dia um rico executivo andava pelas ruas da Índia e se deparou a famosa Madre Tereza cuidando de um indigente em plena calçada. O homem estava imundo e largado em uma poça de lama. Cheirava a urina e fezes. Ela pacientemente limpava um ferimento e tentava convencer-lo a vir com ela para pudesse ser cuidado e re-estabelecido.
O executivo diante daquela cena disse, “eu não faria isto por dinheiro nenhum deste mundo”.
A madre levantou os olhos para ele, e sorrindo disse; “eu também, por dinheiro nunca”.
Um grande abraço e que Deus lhe abençoe.
Marcelo, terça feira estaremos novamente a partir do meio dia.
Te esperamos lá.