‘Não tomarás o santo nome de Deus em vão’, artigo de Roberto Malvezzi (Gogó)
[Ecodebate] Em nenhuma época da humanidade se falou tanto de Deus. Basta ligar uma TV com parabólica e contar os canais ditos confessionais. São pelo menos quatro em nome dos católicos e três em nome dos evangélicos. Mas, não é só. Pregadores desfilam programas comprados em outros canais comerciais tanto durante o dia como pelas madrugadas. Há uma super oferta de pregações, cultos, missas, terços – misturados com ofertas de produtos -, sempre em nome de Deus.
Ligando o rádio, vamos ouvir mais uma vez uma série de programas católicos e evangélicos. Grande parte é programa musical, dessas com uma pobreza literária, melódica, bíblica, teológica de arrepiar os ossos, com meia dúzia de palavras já previsíveis – amém, aleluia, glória, eu e Deus, Deus e eu, eu te amo – inundando nossos ouvidos. Essa música invadiu também a liturgia e hits ocupam o lugar da boa música litúrgica, trazendo o individualismo até no momento do Pai Nosso. O capital demorou para descobrir que religião é um ótimo comércio, mas agora explora até a última medalhinha milagrosa para fazer dinheiro.
Era inevitável que as religiões, inclusive o cristianismo, se aproximassem dos meios de comunicação. Afinal, evangelho quer dizer exatamente “boa notícia”. Portanto, são meios que podem ser postos a esse serviço. Porém, o que se está fazendo com esses meios de comunicação em nome de Deus é que é a questão. Não se espere daí uma palavra profética em nome da justiça, dos pobres, porque é um anúncio mutilado que precisa sobreviver segundo as regras do mercado.
O certo é que, em nenhuma outra época, se manipulou tanto o nome de Deus como nessa que vivemos. Nessas eleições, então, chegou-se às raias da aberração. A difamação, calúnia, parcialidade, inclusive por alguns bispos católicos – usaram até o nome da CNBB -, perdeu qualquer referência bíblica de respeito pelo próximo. “Levantar falso testemunho”, ou “invocar o Santo nome de Deus em vão” tornou-se prática do cotidiano. Com dois pesos e duas medidas para avaliar e recomendar candidatos, perdeu-se até o senso da dignidade.
Ninguém manipula a Deus, mas pode manipular seu nome. Entramos no terreno perigoso da caça às bruxas, com um vasto respaldo dos meios de comunicação.
Roberto Malvezzi (Gogó), articulista do EcoDebate, é Assessor da Comissão Pastoral da Terra – CPT.
EcoDebate, 15/10/2010
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De um lado, temos uma pessoa humilde que não alardeia seus feitos muito menos os de antecessores como sendo seus. E de outro, um arrogante que constantemente se compara a Cristo e a Deus, sempre favoravelmente, é claro.
E agora, com essa “divina” autoridade, quer nos impor uma sucessora que não se arrepende de seu passado de violência. Pelo contrário, se orgulha, a ponto de exigir indenização ao Brasil, pleiteando bolsa-ditadura pelos ‘serviços’ prestados durante o regime militar.