MMA e Ibama divulgam Nota Retificadora sobre o Monitoramento do Desmatamento no bioma Cerrado
Infográfico AE
O Ministério do Meio Ambiente – MMA e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – Ibama firmaram acordo de cooperação em 2008 para a realização do Programa de Monitoramento do Desmatamento nos Biomas Brasileiros por Satélite, que conta com o apoio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – Pnud. Este programa consiste na realização do monitoramento sistemático da cobertura vegetal dos biomas Cerrado Caatinga, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal, a fim de quantificar desmatamentos de áreas com vegetação nativa, para embasar ações e políticas de prevenção e controle de desmatamentos ilegais nestes biomas, além de subsidiar políticas públicas de conservação da biodiversidade e de mitigação da mudança do clima . O sistema utilizado tem como referência os Mapas de Cobertura Vegetal dos Biomas Brasileiros, produzidos pelo MMA/Probio, em 2007 (cujo ano-base das imagens foi o de 2002, e escala de 1:250.000).
Os primeiros dados, preliminares, obtidos pelo Programa foram sobre o bioma Cerrado, e vieram a público no dia 10 de setembro de 2009, por ocasião das comemorações do Dia Nacional do Cerrado, 11 de setembro.
Na ocasião, os dados apontavam um desmatamento para, o período de 2002 a 2008, de 127.564 km2, o que equivale a 6,3% da área total do bioma. Os remanescentes de vegetação até o ano de 2008 somavam aproximadamente 1.044.000 km2, isto é, 51,2 % da área total do bioma, enquanto que as áreas desmatadas equivaliam a 982.000 mil km2, 48,2% da área total.
Anteriormente à data de lançamento dos dados na imprensa, no dia 1º de setembro p.p., MMA e Ibama promoveram o I Seminário Técnico-Científico de Análise de Dados Referentes ao Monitoramento dos Biomas Brasileiros por Satélite – Bioma Cerrado, que contou com a presença de diversos pesquisadores da área, tendo participado representantes do INPE, Embrapa, UFG, UnB, Funcate e de organizações não-governamentais. Na ocasião, houve manifestações de algumas instituições que levantaram a hipótese de que os dados poderiam estar superestimados e sugeriram uma revisão a fim de garantir exatidão dos números. A partir daquele momento, o Ibama iniciou a revisão dos dados, contando inclusive com a colaboração de pesquisadores da UFG, da EMBRAPA, do INPE e da Funcate.
Porém, antes mesmo que o Ibama concluísse a revisão, notícias foram veiculadas na imprensa informando haver superestimação dos números. Parte das críticas partiu da comparação entre os dados gerados pelo MMA/Ibama e os dados do SIAD Cerrado, do Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento – Lapig, da Universidade Federal de Goiás. A comparação sugeria uma diferença na ordem de 30%.
A revisão final levada a efeito pela equipe técnica do Centro de Sensoriamento Remoto – CSR do Ibama, que reviu cuidadosamente polígono a polígono do desmatamento no bioma Cerrado, encontrou uma diferença significativa para o desmatamento atribuído ao do período de 2002 a 2008.
Essa diferença decorre de uma inconsistência na atribuição da data do desmatamento. De um total de 177.000 km2 detectados como desmatamento até o ano de 2008 somente a metade destes, ou seja, 85.075km2, foram realmente confirmados para o período de 2002 a 2008. A outra metade originalmente atribuída ao período 2002-2008 se refere a desmatamentos anteriores a 2002. Em resumo, a revisão demonstrou que no período 2002-2008 houve um desmatamento de 85.075 km2 e não de 127.564 km2, como anteriormente informado (uma diferença de 33%).
Assim os valores apresentados a seguir representam a correção feita pelo CSR/Ibama.
Deve-se destacar que o número total de desmatamento do Cerrado até 2008 não se altera, ou seja, o Cerrado perdeu cerca de 48% de sua cobertura original até 2008. Também é importante ressaltar que a identificação de desmatamentos não foi alvo de questionamento ou correção, apenas a data de ocorrência. O bioma Cerrado é formado por um mosaico de vegetação (cerradão, matas de galeria, campos etc.), o que torna mais difícil a detecção do desmatamento.
A fim de realizar uma estimativa de erro dos dados da revisão, foi feita uma amostra de 143 pontos escolhidos aleatoriamente. Nesses somente 7 pontos foram considerados realmente como erros de interpretação de desmatamento, ou seja, 5% de erro .
Em relação às dúvidas surgidas sobre a confiabilidade do trabalho desenvolvido pelo MMA e Ibama, devemos esclarecer que os dados obtidos no CSR/Ibama baseiam-se em imagens de satélite Landsat e Cbers de alta resolução (30m/20m). Por isso, comparações com trabalhos baseados em imagens satelitais de resolução menos detalhada (como o MODIS) devem ser evitadas.
Esclarecemos que os dados utilizados pelo Governo para estimar as atuais taxas de emissão de gases de Efeito Estufa e para definir metas nacionais para sua redução até 2020 foram baseados nos novos dados revisados de desmatamento no bioma Cerrado agora divulgados.
O Ibama reafirma sua confiança nos novos dados revisados sobre o desmatamento ocorrido no Bioma Cerrado no período entre 2002 e 2008 e lamenta qualquer inconveniência causada pela divulgação de dados preliminares em setembro que se demonstrou agora estarem sobreestimados em cerca de 33%. Tal como o processo desenvolvido pelo INPE para monitorar os desmatamentos na Amazônia, o monitoramento do desmatamento no bioma Cerrado deverá ao longo dos anos passar por um processo contínuo de aperfeiçoamento. É notório, no entanto, o avanço que este Programa representa para as políticas públicas para a conservação dos biomas brasileiros, pois é a primeira vez que se adota um monitoramento da cobertura vegetal que pretende ser realizado todos os anos para os biomas extra-amazônicos. O Ibama agradece às instituições que apontaram possíveis erros e que contribuíram no processo de revisão dos dados.
Centro de Sensoriamento Remoto – CSR
Diretoria de Proteção Ambiental – Dipro
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – Ibama
Consulte os documentos relacionados revisados nos portais do Ibama e do MMA
Nota do Ibama, publicada pelo EcoDebate, 27/11/2009
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