Pesquisa indica que El Niño do futuro vai trazer seca ao Sudeste
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Arte/Folha de S.Paulo
O aquecimento global tem grandes chances de mudar a dinâmica do El Niño, um dos fenômenos periódicos mais importantes para o clima da Terra. A forma mais atípica do fenômeno pode se tornar cinco vezes mais comum, trazendo consequências como secas no Sudeste e no Sul do Brasil.
O declínio do El Niño convencional e a ascensão do chamado El Niño Modoki (palavra japonesa que significa “parecido, mas diferente”) foi previsto em simulações de computador, detalhadas em artigos na revista científica “Nature” de hoje (El Niño in a changing climate e Climate change: The El Niño with a difference). Reportagem de Reinaldo José Lopes, da Folha de S.Paulo, com informações complementares do EcoDebate.
Sang-Wook Yeh e seus colegas do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento Oceânico da Coreia do Sul assinam a pesquisa, que usou os dados históricos sobre o El Niño (de 1850 até hoje) e as projeções sobre o aquecimento para avaliar como será o fenômeno neste século.
“Desde os anos 1980, o El Niño Modoki já está aparecendo com mais frequência. Yeh e seus colegas mostram que é viável associar isso com o aumento da temperatura que vem acontecendo desde então”, explica Karumuri Ashok, do Centro Apec do Clima, na Coreia do Sul, que comentou a pesquisa a pedido da “Nature”.
Mudança de estilo
A diferença entre os dois tipos de El Niño tem a ver principalmente com a região do oceano Pacífico que passa por um aquecimento anormal de suas águas, desencadeando os efeitos do fenômeno. Enquanto o El Niño tradicional está ligado às águas relativamente quentes no leste do Pacífico, perto da costa peruana, o Modoki aparece na região central do oceano –daí outro de seus apelidos, “El Niño da Linha Internacional da Data”, por estar perto da linha imaginária usada para marcar a mudança de um dia para outro nos fusos horários.
Por enquanto, o El Niño Modoki fica muito atrás da forma normal do evento em número de ocorrências –apenas sete contra 32 casos nos últimos 150 anos. O aumento projetado na nova pesquisa indica que o Modoki poderia se tornar tão comum quanto a forma normal do El Niño. “O Nordeste do Brasil vai receber mais chuva do que o normal, impacto que é o contrário do que ocorre no El Niño tradicional”, diz Ashok.
Já o Sul e o Sudeste terão menos chuva do que o normal, outra inversão da forma típica do fenômeno. Isso, é claro, se mais pesquisas confirmarem as simulações. “Lembre-se de que os modelos ainda não são perfeitos”, afirma o pesquisador.
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El Niño in a changing climate
Sang-Wook Yeh, Jong-Seong Kug, Boris Dewitte, Min-Ho Kwon, Ben P. Kirtman, Fei-Fei Jin
Nature 461, 511-514 (24 September 2009) doi:10.1038/nature08316 Letter
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Climate change: The El Niño with a difference
Karumuri Ashok, Toshio Yamagata
Nature 461, 481-484 (23 September 2009) doi:10.1038/461481a
EcoDebate, 25/09/2009
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se o el nino modoki ja esta atuando é por isso que esta ocorendo chuvas emtre boa parte do nordeste as frentes frias estao chegandfo com mais frequencia na regia e isso e raro para o mes de outubro