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Liberação de metano pelo aquecimento do oceano pode acelerar o aquecimento global

Hidrato de metano:
Hidrato de metano: “gelo combustível”. Chama obtida pela queima do gás liberado. Créditos: The Speculist, in LQES/Unicamp

[Por Henrique Cortez, do EcoDebate] O aquecimento de uma corrente no Ártico, nos últimos 30 anos, provocou a libertação de metano, um potente gás com efeito de estufa, a partir de hidratos de metano armazenadas no sedimento do solo marinho.

O estudo [Escape of methane gas from the seabed along the West Spitsbergen continental margin] foi realizado por pesquisadores do National Oceanography Centre Southampton trabalhando em colaboração com pesquisadores da Universidade de Birmingham, Royal Holloway London e IFM-Geomar na Alemanha, constataram que mais de 250 fontes de bolhas de metano estão aumentando a liberação do gás, a partir do leito marinho, na margem continental no Ártico, em um intervalo de profundidade de 150 a 400 metros.

A liberação de metano, um gás do efeito estufa vinte vezes mais potente do que o dióxido de carbono, a partir dos hidratos de gás nos sedimentos submarinos já havia sido identificado como um potente agente das mudanças climáticas. A sua liberação já era esperada, a partir do aquecimento do oceano, mas os dados indicaram uma velocidade maior do que anteriormente estimada.

Os dados foram coletados a partir do navio de pesquisas RRS James Clark Rosse e as bolhas de metano foram detectadas usando sonar. Amostras foram coletadas ao longo de diversas profundidades.

Os resultados indicam que o aquecimento da corrente West-Spitzberg foi de 1°C, ao longo dos últimos trinta anos, o suficiente para causar a liberação de metano, ao quebrar a ‘estabilidade’ do hidrato de metano nos sedimento do leito marinho.

O hidrato de metano, substância composta de água e metano, é estável em condições de alta pressão e baixa temperatura. Atualmente, o hidrato de metano é estável, em profundidades superiores a 400 metros no oceano ao largo de Spitsbergen. No entanto, trinta anos atrás, era estável em lâminas d’água mais rasas, da ordem de 360 metros.

Embora a maior parte do metano liberada, a partir do fundo do mar, seja dissolvida na água antes de atingir a atmosfera, é possível que um fluxo mais vigoroso ou frequente possa atingir a atmosfera. Além disso, o metano dissolvido na água contribui para a acidificação dos oceanos.

Os pesquisadores advertem que, se este processo tornar-se generalizado ao longo da margens continentais do Ártico , dezenas de milhões de toneladas de metano poderão ser liberadas anualmente, o equivalente a 5-10% do montante total libertado por fontes naturais em escala global.

Pesquisas anteriores já haviam demonstrado a crescente liberação de metano a partir do descongelamento do permafrost e, agora, a este volume crescente adiciona-se o metano liberado a partir do hidrato de metano. Os riscos de aceleração do aquecimento global é real, tornando imprevisíveis as conseqüências até o final do século.

O artigo “Escape of methane gas from the seabed along the West Spitsbergen continental margin“, de Westbrook, G. K. et al, publicado pela Geophysical Research Letters, doi:10.1029/2009GL039191, 2009, apenas está disponível para assinantes. Para acessar o abstract clique aqui.

O aumento do metano na atmosfera pode trazer consequências imprevisíveis e potencialmente catastróficas. Sugerimos que leiam as matérias sugeridas abaixo, visando uma melhor compreensão dos riscos envolvidos.

Aumento dos níveis de metano na atmosfera do Ártico pode agravar efeito estufa

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(The methane time bomb) Aquecimento global faz oceano Ártico liberar metano

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EcoDebate, 17/08/2009

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