Pesquisa associa a gordura na carne ao aumento do risco de câncer de pâncreas
[Por Henrique Cortez, do EcoDebate] Câncer do pâncreas, geralmente se espalha rapidamente e é geralmente fatal. Os sintomas muitas vezes são vagos, o que dificulta o diagnostico precoce, fator que dificulta um tratamento mais eficaz, antes de que ocorra malignização avançada
É a quinta causa de morte por câncer nos USA e o National Cancer Institute (NCI) prevê que cerca de 42.500 mil americanos serão diagnosticados com câncer pancreático em 2009 e que a grande maioria dessas pessoas, cerca de 35.250 morrerão em conseqüência da doença.
De acordo com o National Institutes of Health (NIH), as causas conhecidas da doença, a longo prazo, incluem diabetes, tabagismo e inflamação crônica do pâncreas (pancreatite). No entanto, um novo estudo [Dietary Fatty Acids and Pancreatic Cancer in the NIH-AARP Diet and Health Study] aponta para outra importante causa evitável do câncer de pâncreas: comer gordura na carne vermelha e produtos lácteos.
A pesquisa, publicada apenas on-line na Revista do Instituto Nacional do Câncer (Journal of the National Cancer Institute), foi realizado para aprofundar estudos anteriores que tentaram relacionar consumo de gordura à doença, mas apenas obtiveram resultados inconclusivos. Este estudo, no entanto, conclui que a ligação entre dieta rica em gordura animal e câncer pancreático parece ser forte o suficiente.
Os pesquisadores avaliaram um grupo de mais de 500.000 pessoas do NIH, participantes do AARP Diet and Health Study. Os participantes do estudo preencheram questionários de freqüência alimentar em 1995 e 1996 e o acompanhamento de controle foi realizado pelos pesquisadores de seis em seis anos, a fim de acompanhar a saúde dos participantes, incluindo o eventual desenvolvimento do câncer pancreático.
Homens e mulheres cujas dietas incluíram grandes quantidades de gorduras totais tinham 53 % e 23%, respectivamente, de aumento das taxas de câncer pancreático, em comparação com os homens e mulheres que tinham baixo consumo de gordura. Globalmente, os participantes da pesquisa que comiam grandes quantidades de gordura animal saturada tinham uma taxa 36% maior de câncer pancreático em comparação com aqueles que comiam pequenas quantidades de gordura animal saturada.
De acordo com a pesquisa a gordura encontrada nos produtos hortícolas, não foi associada ao câncer de pâncreas. Os pesquisadores encontraram associações positivas entre o consumo de gorduras saturadas, polinsaturado e gorduras em geral, sobretudo de carnes vermelhas e laticínios. No entanto, não foi observada nenhuma associação consistente de associação ao câncer pancreático a partir de vegetais ou gordura polinsaturada.
Os resultados, portanto, indicam fortemente na direção de um papel da gordura animal em na carcinogênese pancreática.
Pesquisas anteriores já haviam indicado o consumo de carne vermelha como fator de risco, inclusive para o desenvolvimento de câncer, tal como que a dieta rica em carne pode aumentar o risco de câncer de próstata em 40% e que o consumo de carne vermelha e processada pode aumentar o risco de morte.
O artigo “Dietary Fatty Acids and Pancreatic Cancer in the NIH-AARP Diet and Health Study“, Journal of the National Cancer Institute Advance Access originally published online on June 26, 2009, JNCI Journal of the National Cancer Institute 2009 101(14):1001-1011; doi:10.1093/jnci/djp168, apenas está disponível para assinantes da Journal of the National Cancer Institute.
Para maiores informações transcrevemos, abaixo, o abstract:
Dietary Fatty Acids and Pancreatic Cancer in the NIH-AARP Diet and Health Study
Anne C. M. Thiébaut, Li Jiao, Debra T. Silverman, Amanda J. Cross, Frances E. Thompson, Amy F. Subar, Albert R. Hollenbeck, Arthur Schatzkin, Rachael Z. Stolzenberg-Solomon
Affiliations of authors: Nutritional Epidemiology Branch (ACMT, LJ, AJC, AS, RZS-S) and Occupational and Environmental Epidemiology Branch (DTS), Division of Cancer Epidemiology and Genetics, and Applied Research Program, Division of Cancer Control and Population Sciences (FET, AFS), National Cancer Institute, National Institutes of Health, Department of Health and Human Services, Bethesda, MD; AARP, Washington, DC (ARH)
Correspondence to: Rachael Z. Stolzenberg-Solomon, PhD, 6120 Executive Blvd, Ste 320, Rockville, MD 20852 (e-mail: rs221z{at}nih.gov).
Background: Previous research relating dietary fat, a modifiable risk factor, to pancreatic cancer has been inconclusive.
Methods: We prospectively analyzed the association between intakes of fat, fat subtypes, and fat food sources and exocrine pancreatic cancer in the National Institutes of Health–AARP Diet and Health Study, a US cohort of 308 736 men and 216 737 women who completed a 124-item food frequency questionnaire in 1995–1996. Hazard ratios (HRs) and 95% confidence intervals (CIs) were calculated using Cox proportional hazards regression models, with adjustment for energy intake, smoking history, body mass index, and diabetes. Statistical tests were two-sided.
Results: Over an average follow-up of 6.3 years, 865 men and 472 women were diagnosed with exocrine pancreatic cancer (45.0 and 34.5 cases per 100 000 person-years, respectively). After multivariable adjustment and combination of data for men and women, pancreatic cancer risk was directly related to the intakes of total fat (highest vs lowest quintile, 46.8 vs 33.2 cases per 100 000 person-years, HR = 1.23, 95% CI = 1.03 to 1.46; Ptrend = .03), saturated fat (51.5 vs 33.1 cases per 100 000 person-years, HR = 1.36, 95% CI = 1.14 to 1.62; Ptrend < .001), and monounsaturated fat (46.2 vs 32.9 cases per 100 000 person-years, HR = 1.22, 95% CI = 1.02 to 1.46; Ptrend = .05) but not polyunsaturated fat. The associations were strongest for saturated fat from animal food sources (52.0 vs 32.2 cases per 100 000 person-years, HR = 1.43, 95% CI = 1.20 to 1.70; Ptrend < .001); specifically, intakes from red meat and dairy products were both statistically significantly associated with increased pancreatic cancer risk (HR = 1.27 and 1.19, respectively).
Conclusion: In this large prospective cohort with a wide range of intakes, dietary fat of animal origin was associated with increased pancreatic cancer risk.
CONTEXT AND CAVEATS
Prior knowledge
Fat consumption has been linked to pancreatic cancer risk in some studies but not in others.
Study design
Information concerning diet and pancreatic cancer incidence was collected for a cohort of 525 473 American men and women, aged 50–71 years, from the National Institutes of Health–AARP Diet and Health Study. All participants were given a food frequency questionnaire in 1995–1996, and some were given two 24-hour dietary recall surveys within a year. Nutrient intakes were calculated from US Department of Agriculture databases, and pancreatic cancer data were collected from state cancer registries. Only cancers that occurred 1 year or more after the initial survey data until the end of 2003 were considered. Participants were divided into quintiles on the basis of percent energy from fat consumption, and hazard ratios (HRs) for risk of pancreatic cancer were estimated using Cox proportional hazards models.
Contribution
After a mean of 6.3 years of follow-up, men and women in the highest quintile of fat consumption had 53% and 23% higher incidence of pancreatic cancer, respectively, compared with the lowest quintiles for each sex. After multivariable adjustment, the combined risk of pancreatic cancer in the highest quintile, compared with the lowest quintile, was related to the intake of total fat, saturated fat, and monounsaturated fat, and particularly with the intake of saturated fat from animal sources (HR = 1.43).
Implications
Intake of saturated fats, particularly from meats and dairy products, can increase pancreatic cancer risk.
Limitations
These results are mostly based on self-reported food intakes on a food frequency questionnaire.
From the Editors
EcoDebate, 12/08/2009
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