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Artigo analisa os efeitos adversos de aditivos alimentares à saúde infantil

obesidade infantil
Segundo o artigo, existem vários produtos, como iogurtes, gelatinas, refrigerantes, biscoitos, balas e outros, que não estão sujeitos à normatização, o que torna a criança mais vulnerável (Foto: Homecareplus)

Analisar os riscos acarretados pelo consumo de aditivos alimentares foi o objetivo do artigo Consumo de aditivos alimentares e efeitos à saúde: desafios para a saúde pública brasileira, publicado na edição de agosto da revista Cadernos de Saúde Pública da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz). O artigo foi escrito pela doutoranda em saúde pública Maria Lúcia Polônio, que investiga efeitos adversos à saúde de crianças devido ao uso de aditivos alimentares e associa essa ingestão ao risco de neoplasias, transtornos de déficit de atenção com hiperatividade e também hipersensibilidade alimentar. Segundo a autora, as crianças fazem parte de um grupo mais vulnerável em razão do consumo potencial de alimentos com esses aditivos, principalmente os que contêm corantes artificiais.

O artigo é uma revisão sistemática da literatura acadêmica e faz parte da pesquisa de doutorado de Maria Lúcia, intitulada Percepção de risco de pais ou responsáveis de pré-escolares no município de Mesquita, Rio de Janeiro, associada ao consumo de aditivos alimentares, orientada por Frederico Peres, pesquisador do Centro de Estudos em Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana (Cesteh/Ensp). De acordo com o texto, a OMS define aditivos alimentares como “qualquer substância que, enquanto tal, não se consome normalmente como alimento, nem tampouco se utiliza como ingrediente básico em alimentos, tendo ou não valor nutritivo, e cuja adição intencional ao alimento com fins tecnológicos em suas fases de fabricação, elaboração, preparação, tratamento, envasamento, empacotamento, transporte ou armazenamento, resulte ou possa preservar razoavelmente por si, ou seus subprodutos, em um componente do alimento ou um elemento que afete suas características”.

Para Maria Lúcia, a ingestão desses aditivos alimentares tem aumentado nas últimas décadas e isso vem atraído a atenção de órgãos reguladores e da comunidade científica como um todo, pois numerosos estudos apontam reações adversas agudas e crônicas a esses aditivos, entre elas reações tóxicas no metabolismo desencadeantes de alergias, alterações no comportamento, e outras. “A substituição de alimentos in natura por processados contribui de forma contundente para o empobrecimento da dieta. Consequentemente, este fato contribui para o aparecimento de doenças crônicas não transmissíveis, responsáveis principalmente por doenças do aparelho circulatório, diabetes e neoplasias. Além de a dieta ter sofrido modificações ao longo do tempo, a tecnologia aplicada pela indústria de alimentos com o intuito de aumentar o tempo de vida útil desses produtos tem gerado questionamentos relacionados à segurança do uso de aditivos, principalmente no que diz respeito à corantes artificiais”, comentou.

Índice relacionado à saúde infantil é grande preocupação

A avaliação dos aditivos alimentares no âmbito mundial é baseada no controle da Ingestão Diária Aceitável (IDA), índice desenvolvido pelo Comitê de Especialistas em Aditivos Alimentares da Organização Mundial da Saúde (OMS), em parceria com a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). Maria Lúcia ressalta que a IDA relacionada à saúde infantil é uma grande preocupação, pois esse grupo está entre os maiores consumidores desses produtos e, além disso, estão entre os mais suscetíveis à reações adversas.

A pesquisadora apontou que “existem vários produtos no mercado, como iogurtes, gelatinas, refrigerantes, biscoitos, balas, dentre outros, que são consumidos tanto por crianças como por adultos, e que não estão sujeitos à normatização, o que torna a criança mais vulnerável. Deve-se levar em consideração a frequência com que os aditivos são consumidos pelas crianças, a quantidade de substâncias por peso, a falta de capacidade cognitiva para controlar o consumo e a imaturidade fisiológica desse grupo, que prejudica o metabolismo e a excreção dessas substâncias”.

Os resultados dos estudos que associaram o consumo de aditivos apontaram carência de pesquisas sobre o transtorno do déficit de atenção e hiperatividade. Em relação à hipersensibilidade não específica, o número de estudos foi significativo e os resultados mais consistentes quanto às manifestações clínicas de rinite, urticária e angioedema provocadas pelos aditivos, em particular pelos corantes artificiais. “Os resultados indicam que estudos de consumo de aditivos alimentares deveriam servir de base para a elaboração de estratégias de vigilância alimentar e nutricional, com a finalidade de reduzir o consumo dessas substancias e promover hábitos alimentares mais saudáveis na população, principalmente nesses grupos mais vulneráveis”.

Informe Ensp / Agência Fiocruz de Notícias, publicado pelo EcoDebate, 06/08/2009

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