A utopia do desenvolvimento ameaça a floresta
Abraçado por parcela significativa da esquerda que hoje participa do comando de Estados Nacionais, o desenvolvimento em curso arrasa recursos naturais
A proposta de consolidar um amplo leque de alianças para resistir aos megaprojetos e planos do poder econômico para a região PanAmazônica, apresentada pelo técnico da FASE Amazônia, Guilherme Carvalho, foi centro dos debates na primeira mesa do Encontro PanAmazônico.
Ele definiu o desenvolvimentismo como a “nova utopia” de parcela significativa da esquerda, em especial de segmentos que chegaram ao comando de Estados Nacionais. Mas baseado na destruição de recursos naturais, o desenvolvimento em curso faz parte, alertou Carvalho, dos planos do capital para a região pan-amazônica
” Estamos diante de um bloco de poder que desenvolve ações estratégicas bem definidas nos planos nacional e internacional para garantir o acesso, o uso e o controle dos recursos naturais existentes”
A catástrofe ambiental, por exemplo, foi transformada em oportunidade negócios. Um deles é a venda do direito de poluir aos países ricos, através do mercado de carbono. Outro é a venda de tecnologia limpa.
As Instituções Financeiras Internacionais ganham força tanto provocando o desastre quanto apoiando supostas soluções. O Banco Mundial lucra ao mesmo tempo financiando atividades predatórias, fazendo a gestao de um fundo global para o meio ambiente e também emprestando dinnheiro para que os países desenvolvam “boas práticas”.
Nesse cenário o Brasil comparece com uma instituição (BNDS) que financia grande parte das obras de infra-estrutura na América do Sul e grande parte das exportações dos países vizinhos e participa das obras para integração econômica regional a partir da IIRSA e do PAC.
Os planos para a região também são acompanhados de pressões por mudanças constitucionais que facilitem a diminuição da Faixa de Fronteira, a abertura das terras indígenas à exploração de mineradoras, petrolíferas e madeireiras, além do agronegócio. E contra as resistências dos povos atingidos, ganha força a criminalização dos movimentos sociais e o desrespeito aos modos de vida e as visões de mundo dos povos tradicionais.
Guilherme acredita que um amplo leque de alianças poderia fazer a crítica implacável ao modelo de desenvolvimento que se baseia no uso intensivo dos recursos naturais, no consumo insustentável e no desperdício. Além de buscar transformar as alternativas construídas pela sociedade civil em políticas públicas, um bloco contra-hegemônico de poder deveria, segundo ele, ” fundamentar sua utopia no respeito e valorização da diversidade cultural, na justiça sócio-ambiental, no combate a toda forma de discriminação, na construção e fortalecimento da democracia e no fim da exploração”.
A crise e os planos do capital para a (Pan) Amazônia. Apresentação de Guilherme Carvalho, em PPT.
Publicado pela Ciranda Internacional de Informação Independente e enviado por Rogério Almeida, colaborador e articulista do EcoDebate.
EcoDebate, 23/07/2009
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