Holambra principal centro produtor de flores e plantas ornamentais já recompôs 60% de sua área de mata ciliar
PRODUTOR DE ÁGUA – Francisco Gunnewiek diz que na área reflorestada já surgiu uma nascente. Foto de Valéria Gonçalvez/AE
Produtores de Holambra (SP) dão lição de reflorestamento – Longe de questionar o Código Florestal, que exige que produtores rurais da Região Sudeste preservem 20% de suas áreas com mata nativa e mantenham intocadas as áreas de mata ciliar e no entorno de nascentes e mananciais, produtores do município de Holambra, na região de Campinas (SP), vêm dando uma aula de preservação e recuperação florestal.
No principal centro de comercialização de flores e plantas ornamentais do País, agricultores provam que é possível, sim, investir em reflorestamento. Conforme o engenheiro agrícola Charles José Lopes, da Casa de Agricultura de Holambra, de uma área rural de 6 mil hectares, 1.100 hectares devem ser obrigatoriamente de mata ciliar, dos quais 60% já estão reflorestados ou intocados no município. Matéria de Fernanda Yoneya, no O Estado de S.Paulo.
EM DIA COM A LEI
“Daqui a 15 anos toda a área degradada deve estar recuperada”, acredita o consultor Flores Welle, cuja empresa elabora projetos e faz o plantio de árvores. Considerando que produtores do Sudeste, Sul, Centro-Oeste e Nordeste devem, por lei, preservar 20% da propriedade com mata nativa, a iniciativa, além de trazer benefícios do ponto de vista ambiental, faz o setor produtivo ficar em dia com a legislação.
“Reflorestar é um investimento de longo prazo e, por isso, muito produtor não faz, porque quer retorno econômico imediato”, diz o casal de produtores Francisco Cornelius Klein Gunnewiek e Maritha Domhof. “Quem se preocupa com a natureza, porém, sabe a importância de reflorestar. Dá um certo orgulho falar para o vizinho que estamos plantando árvores”, diz Gunnewiek.
Em fevereiro, o casal reflorestou 2,5 hectares, que vão se somar a outros 2 hectares de mata do sítio de 55 hectares. Ali foram plantadas 2.500 mudas, de 100 espécies. “Começamos limpando a área, que era de pasto, na mão, fizemos a trilha onde as mudas estão plantadas, e, por fim, a área foi estaqueada.” O casal recorreu a uma empresa de plantio de árvores. A empresa responsabilizou-se pela aquisição das mudas e pela marcação e espaçamento do plantio. Ao produtor, coube a manutenção do plantio – irrigação, aplicação de herbicida e limpeza da área, até as espécies maiores sombrearem o solo e inibir o crescimento do mato.
Gunnewiek diz que o que o motivou a investir no plantio de árvores foi a preocupação com a escassez de água. “Temos curvas de nível e nove sistemas de captação para evitar enxurradas. Aqui não se perde nem uma gota de água de chuva.” Ele compara seu terreno a uma esponja. “Estou saturando a minha esponja para não ter problemas no futuro.”
MAIS UMA NASCENTE
A comparação do produtor está certa. No solo protegido, a água se infiltra lentamente e abastece lençóis freáticos; sem proteção, o solo compacta-se, impedindo a infiltração e provocando enxurradas. Para comprovar a teoria de Gunnewiek, há cerca de 40 dias uma mina de água “estourou” na área reflorestada. “Em dez anos, outras minas vão aparecer.”
O produtor de plantas ornamentais Theodoro Breg, do Sítio Kolibri, também fez um projeto para preservar a margem de um lago. “Já era uma área de preservação permanente e resolvi expandir o plantio de árvores”, conta Breg, que, em 2003, reflorestou 2 hectares com 1.700 mudas, de 76 espécies. “Vale também pela estética, já que as árvores deixam a área muito mais bonita.”
Gunnewiek calcula os custos do reflorestamento separadamente das despesas do sítio – o casal produz crisântemos em vaso, feno e ovos. “Vamos fechar a planilha no fim do ano, mas, até agora, o custo por muda está em R$ 10.” Cada muda consome 15 litros de água, duas vezes por mês. “O custo é alto, por pelo menos dois anos, mas vale a pena.”
* Matéria enviada pelo Fórum Carajás
[EcoDebate, 09/07/2009]
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