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Influenza A(H1N1): Estudos apontam que vírus pode se disseminar tanto quanto o tipo comum da doença

Micrografia colorizada do vírus H1N1 2009, causador da gripe A, que, segundo estudos recentes, é mais severo que o responsável pela gripe comum e pode se disseminar tanto quanto ele (imagem: CDC / Influenza Laboratory).
Micrografia colorizada do vírus H1N1 2009, causador da gripe A, que, segundo estudos recentes, é mais severo que o responsável pela gripe comum e pode se disseminar tanto quanto ele (imagem: CDC / Influenza Laboratory).

Será que ela veio para ficar? – O alerta de nível máximo para pandemias feito pela Organização Mundial de Saúde confirma: a gripe A, antes conhecida como gripe suína, já acomete o planeta inteiro. Por ser um problema recente, há poucas pesquisas científicas sobre essa linhagem do vírus. Mas dois estudos publicados esta semana na Science alertam: além de ser mais severo que a gripe sazonal, o tipo A da doença pode se tornar tão comum quanto ela. Matéria de Isabela Fraga, no Ciência Hoje On-line.

Para chegar a essas conclusões, os estudos – um realizado na Holanda e outro nos Estados Unidos – injetaram vírus da gripe A e da gripe sazonal (comum) em furões (Mustela putorius furo), por ser uma espécie que responde aos efeitos de gripes de forma similar aos seres humanos. Em seguida, compararam o quadro clínico dessas duas doenças e observaram aspectos como a severidade e a transmissibilidade do vírus.

A equipe holandesa introduziu os vírus da gripe comum e da gripe A em dois grupos de seis furões, que foram acompanhados clinicamente. Enquanto o grupo infectado com a gripe comum começou a se recuperar cerca de quatro dias após ser contaminado, os furões com a gripe A levaram seis dias para dar sinais de melhoras.

Severidade e contágio
“Nossos resultados mostraram que a gripe A veio para ficar”, alerta um dos autores do estudo holandês, o virologista Ron Fouchier, do Centro Médico Erasmus (Holanda), em entrevista à CH On-line. Segundo Fouchier, a nova gripe é mais severa e ainda apresenta um nível de contágio tão alto quanto o da gripe comum. “A gripe A atinge com muito mais força as vias respiratórias, especialmente os pulmões”, explica o virologista. O intestino dos furões também foi afetado pelo vírus da nova gripe.

Já o grupo norte-americano analisou vírus da gripe A de três locais diferentes: Califórnia, Texas e México. Em seguida, esses vírus foram introduzidos em três furões por suas vias respiratórias. Os animais foram acompanhados por 14 dias.

Em comparação com furões infectados com gripe sazonal, os animais contaminados com a gripe A sofreram uma perda de peso significativa. Assim como o estudo holandês, o norte-americano também percebeu que o vírus da gripe A era mais severo, pois atingiu com mais força os pulmões e também o intestino dos animais.

Apesar desses resultados comuns, os dois estudos chegaram a conclusões diferentes sobre o contágio da doença. “Esse novo vírus mostrou transmissão menos eficiente por perdigotos respiratórios do que o tipo sazonal da gripe”, explica à CH On-line o microbiólogo e coautor do artigo norte-americano Terrence Tumpey, do Centro para Controle e Prevenção de Doenças (EUA), contradizendo os resultados da equipe holandesa. Embora o estudo tenha considerado a gripe A menos contagiosa que a sazonal, Tumpey concorda que o vírus pode se tornar tão disseminado quanto o da gripe comum.

O motivo dessas divergências entre os estudos não é claro. “Elas podem ter a ver com as diferenças climáticas entre Estados Unidos e Holanda”, especula Fouchier. Já Tumpey tem outra ideia: “Os furões usados como modelo parecem ser levemente diferentes, e também é possível que haja uma pequena variação entre os vírus analisados.”

Comportamento imprevisível
Se esses estudos da Science confirmam a severidade da gripe A e apontam a possibilidade de ampla disseminação do vírus, devemos nos preocupar ainda mais? “Uma coisa que sabemos com certeza a respeito de gripes é que elas são imprevisíveis”, afirma Tumpey. “A incerteza de como o vírus da gripe A vai se adaptar entre humanos torna imperativo que se monitore de perto a evolução dessa pandemia.”

Para Fouchier, o fato de os estudos oferecerem mais dados científicos sobre a gripe A de 2009 vai ajudar os governos e organizações a lidar com decisões relativas à prevenção e à contenção da doença. “É difícil prevenir a transmissão, uma vez que o vírus é passado pelo ar”, diz. E completa: “Por isso, as ações devem ser focadas na produção de vacinas e antivirais.”

[EcoDebate, 04/07/2009]

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One thought on “Influenza A(H1N1): Estudos apontam que vírus pode se disseminar tanto quanto o tipo comum da doença

  • Ministério da Saúde

    Caro blogueiro, até o momento a letalidade do vírus A(H1N1) tem sido praticamente a mesma de uma gripe comum (0,4%). Os sintomas também têm sido os mesmos. A diferença é que por se tratar de um vírus novo as pessoas ainda não têm imunidade, por isso se espalha com tanta facilidade. Outra preocupação são as chances de mutação do vírus. Para mais informações fernanda.rocha{at}saude.gov.br

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