Óleos de cozinha usados dão origem a biocombustível em Portugal
Foto do Jornal da Cidade – Ouro Fino
Entupimentos, obstruções e cheiro desagradável são algumas consequências da deposição de óleos alimentares na rede de saneamento. A empresa Biological, em Loures, encontrou forma de valorizar estes resíduos aproveitando-os para gerar biocombustível.
“A utilização do óleo e do azeite faz parte da nossa cultura gastronômica e todas as cozinhas são confrontadas com o problema de eliminar de uma forma legal os óleos alimentares usados. É para dar resposta a este problema que nós existimos”, explicou à Agência Lusa o diretor do Grupo ETSA, Luís Realista. Por Fábio Canceiro, da Agência Lusa.
O grupo integra a Biological, criada em 2003, e outras quatro empresas (Sebol, Abapor, ITS e Aisib) ligadas ao recolhimento, tratamento e transformação de resíduos de diversas origens.
A unidade sediada em Santo Antão do Tojal, em Loures, recebe diariamente centenas de barricas de 50 litros contendo óleos usados provenientes de hotéis, restaurantes, cafés, cantinas, refeitórios e, mais recentemente, de 20 oleões (ecoponto de recolhimento de óleos usados) instaladas pela Câmara Municipal de Loures.
Assim que chega às instalações da empresa, o óleo é filtrado e encaminhado para uma unidade onde será transformado em biocombustível.
“É um processo simples e seguro que traz grandes benefícios ambientais, especialmente porque se evita a sua deposição na rede de saneamento e todas as consequências que daí advêm”, explicou Luís Realista.
Reaproveitamento
Apesar disso, para existirem vantagens ambientais, “o processo de transformação de óleos usados em biocombustível deve ser feito por empresas certificadas”, sendo necessária uma maior fiscalização.
“As autoridades têm de ter uma atitude mais musculada e fiscalizadora, porque ainda existem muitos particulares que ao utilizarem processos arcaicos estão a causar grandes malefícios ambientais, uma vez que ao ser feita a queima dos resíduos está a ser libertada para a atmosfera uma grande quantidade de iodo”, alertou.
Rui Berkemeier, da ONG Quercus, disse que não existirem razões tão grandes para alarme neste nível, uma vez que os únicos danos que a liberação de iodo pode causar ocorrem se os automóveis forem abastecidos com biocombustível de má qualidade.
O ambientalista destacou a importância da reutilização dos óleos para a produção de energia alternativa e explicou que o Governo pode dar um empurrão às empresas que querem avançar com estes projetos, como “isentá-las de pagar o imposto sobre produtos petrolíferos, que no caso do biocombustível não se devia aplicar, e dar mais incentivos à criação” desse tipo de empresas.
Existem atualmente cerca de duas dezenas de empresas em Portugal que se dedicam à coleta e tratamento de óleos alimentares usados, “um número que a Quercus gostaria de ver aumentado”, afirmou Berkemeier.
Relativamente à criação de espaços onde as pessoas possam depositar os óleos usados, como é o caso dos oleões, o ambientalista referiu que ainda existem “poucos municípios que adotaram este sistema”, esclarecendo que, no entanto, existem outros locais, como as grandes superfícies comerciais e os Ecocentros, onde também é possível entregar os óleos usados
[EcoDebate, 05/06/2009]
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