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EUA aceleram contra a poluição e o Brasil fica pra trás

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[EcoDebate] Nesta semana o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama anunciou uma nova política de emissão de gases poluentes para a indústria automobilística americana. Seu governo pretende colocar em prática em sete anos uma mudança inédita de padrões na indústria automobilística. O objetivo é a criação de uma frota de carros leves para diminuir a emissão de gases que causam o efeito estufa.

A proposta exigirá um aumento no desempenho médio dos veículos de passeios do EUA até 2016, com a economia de 1,8 bilhão de barris de petróleo. Uma lei anterior previa a mudança só para 2020. Outra novidade é que, pela primeira vez, as emissões de poluentes serão reguladas pela Agência de Proteção Ambiental norte-americana.

A mudança de comportamento rompe claramente com o modelo anterior, do republicano George W. Bush, que em seus oito anos de governo recusou-se a tomar medidas de regulação na área do meio ambiente com a justificativa de que tal atitude seria contrária ao desenvolvimento dos Estados Unidos.

A proposta de Obama prova que não é bem assim, pois foi do agrado dos ambientalistas e também da indústria. Para as montadoras, a exigência de um padrão único facilitará a produção de carros novos.

Desse modo, o presidente norte-americano dá início à tarefa da mudança do modelo de desenvolvimento no país com o maior peso na emissão de poluição no mundo. Estas transformações, além de inadiáveis, a cada dia exigem mais urgência, já que agora é a própria existência do ser humano que está no centro do problema.

Rompendo com o legado Bush e afirmando a importância do meio ambiente, Obama vai também colocando os Estados Unidos no rumo da liderança global na questão climática, um papel que tinha tudo para ser ocupado pelo Brasil, país de vasto território e que abriga grande parte da diversidade biológica mundial.

Neste aspecto, o Brasil está na contramão dos rumos exigidos para o planeta neste século 21. A vontade política do governo quanto ao problema ambiental é praticamente nula, isso quando suas políticas não são exatamente contrárias neste sentido. A falta de uma política ambiental por vezes até tem um efeito negativo, com o país assumindo o papel de vilão no plano internacional, como ocorre com o desmatamento da Amazônia, para o qual o governo faz vista grossa.

Mesmo no setor automobilístico, que teve agora nos Estados Unidos a interferência benéfica do governo, as políticas brasileiras tem sido um desastre, a ponto de recuar até em acordos já ajustados para o combate à poluição.

No final do ano passado, por exemplo, aconteceu o recuo na resolução do Conama que exigia menor quantidade de enxofre no diesel produzido no país.

Este é um dos maiores problemas na área da saúde. O alto teor de enxofre do diesel produzido aqui é responsável pela morte de cerca de três mil pessoas por ano só na cidade de São Paulo. Um estudo da USP de 2007 calculou em 6.100 mortes por ano em seis capitais avaliadas — São Paulo, Belo Horizonte, Recife, Rio de Janeiro, Curitiba e Porto Alegre — considerando apenas as doenças cardiovasculares e processos obstrutivos crônicos das vias aéreas.

O acordo para a diminuição deste problema ia começara a vigorar no início deste ano, mas foi prorrogado adiado para daqui a quatro anos devido às pressões dos grandes fabricantes. Um juiz até alegou para evitar o cumprimento das medidas, que elas agravariam o “já debilitado orçamento das montadoras”.

E o afrontoso é que a indústria automobilística daqui já produz motores para o diesel menos nocivo à saúde, mas apenas para a exportação para a Europa e países que não aceitam o impacto ambiental dos motores que rodam aqui no Brasil, um país que anda na contramão na questão ambiental.

Colaboração do Movimento Água da Nossa Gente

[EcoDebate, 25/05/2009]

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