Se lixando para a ética e o meio ambiente
O deputado federal Sérgio Moraes, do PTB gaúcho, tornou-se esta semana uma celebridade nacional por conta de uma frase em que expressa de forma arrogante um desprezo pelo eleitor que infelizmente tem sido corrente na política brasileira. Moraes é o relator no Conselho de Ética da Câmara do processo por quebra de decoro contra Edmar Moreira, o deputado do castelo de R$ 25 milhões em Minas Gerais.
“Estou me lixando para a opinião pública”, ele disse ao ser questionado sobre a repercussão da sua fala no começo dos trabalhos do Conselho, quando afirmou que não encontrou indício que aponte para a quebra de decoro por parte do colega.
Em seguida, o deputado partiu para o ataque à postura crítica da imprensa em relação aos desvios éticos na política brasileira e fez a conhecida relativização da moral e da ética com a justificativa de que não haveria a proibição para que parlamentares usassem verba indenizatória para pagar despesas com empresas de sua propriedade.
Como se dependesse de uma norma explícita a compreensão sobre a imoralidade que é o uso do dinheiro público em proveito próprio.
O caso do deputado que se lixa para a opinião pública ? que afinal é constituída dos contribuintes que pagam seu salário e benefícios ? poderia ser tomado como mais um dentre os tantos episódios pitorescos gerados em nosso Congresso Nacional, não fosse o fato de ter se tornado comum esta oportunista relação dos políticos com regulamentos de qualquer espécie.
Claro que, pelo teor oportunista, esta é uma atitude de duas mãos. O que vale é extrair vantagens e lucro rápido. Desse modo, quando a legislação é de menos, perdoa-se o criminoso. Porém, se esta fecha o cerco sobre os crimes, então é uma legislação que atrapalha.
O meio ambiente tem sofrido bastante com este raciocínio que se instala entre os políticos. Assim como se lixam para a ética, muitos dos nossos políticos tampouco respeitam o meio ambiente.
No Congresso Nacional, sempre com uma boa empurradinha do Governo Federal, se operam graves mudanças em nossa legislação ambiental, muitas vezes buscando alterar para pior leis com dezenas de anos, agravando mais os impactos ambientais em nosso país.
Há menos de um mês, por exemplo, os deputados aprovaram uma emenda vinda do Palácio do Planalto que dispensa de licença ambiental prévia as obras em rodovias brasileiras. Neste caso, não havia dúvida alguma: a legislação defendia com clareza a natureza. No entanto, Executivo e Legislativo se juntaram para desmanchar o que estava feito.
E a exemplo do que aconteceu agora com o caso do deputado que se lixa para a opinião pública, também na questão do meio ambiente tentam impor um debate dominado pela arrogância, o deboche e o desprezo aos que se opõem ao desmanche da legislação.
E este desrespeito às leis e a comportamentos morais básicos está presente tanto no campo da ética quanto do meio ambiente, sempre movido pela ganância e a desconsideração com o bem comum.
O caso do próprio deputado que achincalha a preocupação com a ética no Congresso é um exemplo disso. Pesquisando a carreira do deputado Sérgio Moraes, descobrimos uma página sua na internet do tempo em que ele ainda era deputado estadual no Rio Grande do Sul.
Na página pessoal, Moraes gaba-se de ser o autor do “projeto de lei que permite ao pequeno produtor promover a roçada de capoeiras em sua propriedade, sem ter que passar por toda a burocracia do Ibama”.
É desse modo que querem as coisas. Sempre levando vantagem. No caso do colega pego em falta de decoro, ele estaria inocente em razão de não existir uma lei específica. Já no caso do meio ambiente a lei é desqualificada com a acusação de não passar de mera burocracia.
Colaboração do Movimento Água da Nossa Gente
[EcoDebate, 12/05/2009]
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é curioso, não precisa ir longe para a verificação in loco das ações protagonistas de uma verdade na pratica.
Sr. Moraes, coitadinho, serviu como Boi de Piranha, num contexto no minimo deploravel e de insanidade, por que não diia anti etico para quem assume democraticamente, função publica, BRASIL.