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Desocupação da Flona Bom Futuro, em Rondonia, será negociada com moradores

Flona Bom Futuro, em Rondonia. Foto do MMA
Flona Bom Futuro, em Rondonia. Foto do MMA

O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, garantiu ontem (11) que não haverá desocupação à força dos ocupantes da Flona do Bom Futuro, em Rondonia. “Nenhuma casa, estabelecimento comercial, escola ou igreja será demolida”, disse. A ação de vários ministérios e órgãos do Governo, programada para esta semana, tem como objetivo combater o desmatamento e a ocupação irregular da unidade de conservação e será realizada de forma pacífica e negociada, salientou.

Minc criticou a onda de boatos sobre truculência que estão sendo disseminados na região, assegurando que a ação conjunta não prevê despejo ou desintrusão de moradores. Segundo ele, as informações desencontradas partem dos grandes proprietários, a quem interessa permanecer na Flona criando boi pirata.

No último dia 28 de abril, em ofício enviado ao ministro, o deputado federal Ernandes Amorim alertou sobre “um iminente conflito que poderá ocorrer na Flona”. Em ofício de resposta, Minc esclareceu que a operação de regularização que está sendo organizada com a participação de vários ministérios, do Ibama, da Polícia Federal, da Força Nacional e do governo do Estado de Rondônia é para restituir à União, por meio do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, a gestão da área e reduzir a zero o desmatamento ilegal. A Flona tem 250 mil hectares e 25% dessa área foi alvo de desmatamento e degradação ambiental.

O ministro lembrou que a ação foi acordada em reunião no último dia 3 de abril, na prefeitura de Porto Velho, inclusive com a paricipação do parlamentar, e pretende, entre outras medidas, cadastrar os ocupantes da Flona e apresentar propostas para reformular as atividades econômicas em seu interior, com a elaboração de plano de manejo, reflorestamento, recuperação de áreas degradadas.

Também serão notificados os proprietários de gado que terão o prazo de seis meses para retirar suas rezes (hoje são cerca de 35 mil cabeças de gado), a começar pelos maiores proprietários, com mais de 300 rezes.

Minc insistiu que o diálogo com todos os moradores que vivem na floresta é fundamental e está sendo praticado. Ele lembrou ainda que a União e o Estado de Rondônia são alvo de ação federal por se omitirem diante da ocupação irregular da Flona, por isso essa grande ação estrutural.

O ministro também ressaltou que a proposta de trocar a Flona do Bom Futuro pela Reserva Estadual do Rio Vermelho não possui embasamento legal e não soluciona os problemas da degradação existentes na Flona. “Precisamos colocar um fim ao desmatamento, reflorestar e recuperar o que foi arrasado. E isso só será possível com a União, o Estado de Rondônia e o município de Porto Velho assumindo suas responsabilidades”, defendeu.

SAIBA MAIS

Floresta Nacional Nacional do Bom Futuro

1) A Flona foi criada em junho de 1988;

2) Hoje, 25% da Flona já foi desmatado. Há no local cerca de 35 mil cabeças de gado e 3 mil moradores;

3) Os Ministérios Públicos Federal e Estadual de Rndônia determinaram através de Ação Civil Pública, em maio de 2004, que o índice de desmatameto fosse reduzido a zero;

4) A Justiça Federal dispôs em decisão de abril de 2004 que todo e qualquer proprietário de gado no interior da Flona fosse notificado a retirar suas rezes no prazo de 180 dias;

5) O MMA, o MDA, o INCRA, o Instituto Chico Mendes e o Estado de Rondônia discutiram conjuntamente e elaboraram um Acordo de Cooperação Técnica que objetiva a solução do impasse socioambiental existente na Flona;

6) Os principais pontos do acordo são: reduzir o desmatamento a zero; impedir a exploração de madeira através da instalação de postos de controle em todos os acessos à Flona; destinar área para realocação do público client da reforma agrária; notificar os proprietários de gado a retirar suas rezes;

7) O Acordo já foi assinado pelo MDS, INCRA, Instituto Chico Mendes, faltando assinar o ministro Minc e o governador Cassol;

8) Estão participando da preparação da ação que começará a implementar o acordo: o MMA, o MDS, o INCRA, o IBAMA, o Instituto Chico Mendes (que já começará a construir quatro sedes na Flona), o Batalhão Ambiental da PM de Rondônia, a Secretaria Estadual de Meio Ambiente, o Exército que montará três bases para alojar e dar suporte logístico aos participantes na ação, a Força Nacional, a Polícia Rodoviária Federal, a Polícia Federal, a ABIN, o CENSIPAM;

9) Têm sido realizadas reuniões com políticos e representantes dos moradores, sendo que a mais expressiva delas – da qual participaram cerca de 100 pessoas – ocorreu no dia 3 de abril na Prefeitura de Porto Velho. Entre os participantes estavam os prefeitos de Porto Velho, Buritis, Alto Paraíso, deputados estaduais, deputado federal, o arcebispo Dom Moacir Grechi, pastoral da terra;

10) O MMA distribuiu comunicado reafirmando os pontos centrais do acordo, garantindo que nenhum morador sairia da área sem sua expressa vontade, que nenhuma casa, estabelecimento comercial, escola, ou igreja seria demolida;

11) O MMA, conjuntamente com os outros participantes dos órgãos federais, o prefeito de Porto Velho, o arcebisbo, a pastoral da terra, tem atuado no sentido de apaziguar os ânimos, de apresentar propostas visando separar os maiores proprietários de gado (mais de 300 cabeças) dos médios e pequenos (menos de 50) para dar início à retirada de gado.

* Da ASCOM MMA

Nota do EcoDebate: sobre este mesmo tema leiam, também, “Blogosfera: Jirau e Flona do Bom Futuro: dupla ilegalidade, no Blog Telma Monteiro

[EcoDebate, 12/05/2009]

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