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Influenza A (H1N1): Um vírus de fácil difusão e baixa mortalidade

Influenza A(H1N1)

Gripe nível 5: “Uma pandemia é iminente e urge o tempo para que as autoridades sanitárias de todo o mundo preparem planos de intervenção em resposta”. Dito assim, poderia parecer que a Organização Mundial de Saúde (OMS) alerta sobre um risco de hecatombe planetária devido à gripe H1N1. Na realidade, em uma semana, houve 257 casos confirmados de pessoas doentes por essa nova gripe e menos de uma dezena de mortos. Pela gripe avícola, que começou em 2003 e continua atacando, foram registrados até agora 421 infectados e quase a metade morreu. Mas em nenhum momento a OMS elevou o alerta dessa gripe procedente das aves acima da fase 3, na classificação vigente de preparação e reação à pandemia de gripe.

É preciso levar em conta que esse nível 5 de alerta atende a fatores como resistência demonstrada de transmissão do vírus entre seres humanos, levando em conta a concentração regional de casos, embora na maioria dos países do mundo não tenha sido registrado nenhum, e não a morbidade (doentes) ou mesmo a mortalidade pela infecção. Matéria de Alicia Rivera, do El País.

A evolução dessa gripe está sendo “totalmente normal, não se sai do esperado nem apresenta especial gravidade”, explica Vicente Larraga, diretor do Centro de Pesquisas Biológicas do CSIC.

A gripe se difunde facilmente pelo ar, e todo ano contagia milhões de pessoas. A morbidade, na ausência de um surto excepcional, da gripe comum está entre 10% e 20%, com impacto muito variável por idades, mas a mortalidade é baixa (pouco mais de 0,1%) e se deve essencialmente a doenças pulmonares e cardiovasculares associadas. Na Espanha morrem entre 2 mil e 3 mil pessoas por ano.

Outra infecção respiratória que causou há poucos anos um grande alarma, dessa vez, sobretudo, no Extremo Oriente, foi a Sars (síndrome aguda de insuficiência respiratória). Embora o vírus que a provocou não tenha nada a ver com o da gripe, foi transmitida igualmente pelo ar, afetando as vias respiratórias e os intestinos. O surto de Sars foi detectado em novembro de 2002 e a OMS declarou o final de epidemia em julho de 2003; nesse tempo foram registrados 8 mil casos, dos quais 800 pessoas morreram.

“A mortalidade por Sars foi variável entre os afetados pelo grupo de idade: foi superior a 50% entre os maiores de 50 anos; de 6 a 10% nos doentes de 10 a 50 anos e não se registrou nenhum falecimento infantil”, explica o virologista do CSIC Luis Enjuanes, coordenador do Plano de Ação de Euro-chinês para a Sars.

No entanto, a capacidade de difusão desse vírus, que fez disparar o uso de máscaras protetoras em muitos locais do Oriente, era baixa em comparação com o da gripe. “Calculou-se que uma pessoa com gripe em um avião pode infectar todos os passageiros da cabine, enquanto se tiver a Sars só infectaria os que estiverem sentados nas fileiras anterior e posterior a sua”, continua.

A OMS determinou o fim da epidemia de Sars quando passou o tempo estabelecido – o dobro do período de incubação da doença (10 dias) – sem o registro de novos casos. A gripe aviária continua aberta e continuam aparecendo casos esporádicos, sendo o último na semana passada.

Quanto ao novo vírus H1N1, no cenário otimista de que a atual pandemia seja detida o quanto antes – sem passar para a fase 6, que indicaria um risco de pandemia global -, a OMS deve declarar um período denominado posterior ao pico, quando tiver caído o impacto da doença na maior parte das regiões afetadas, mas mantendo alto o nível de alerta devido ao risco de ressurgimento.

Na fase pós-pandemia, os indicadores dessa gripe em todo o mundo terão sido reduzidos aos níveis da gripe comum, os planos de contingência deverão ser mantidos preventivamente e será o momento de fazer avaliações e investigações em profundidade sobre o ocorrido.

Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves

* Matéria [Un virus de fácil difusión y baja mortalidad]do El País, no UOL NOtícias.

[EcoDebate, 04/05/2009]

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