Algumas tecnologias usadas na captura e no sequestro de carbono, artigo de Carol Salsa
Visão geral dos diferentes métodos de estocagem de CO2 em formações geológicas profundas: 1) armazenamento em reservatórios de petróleo e gás vazios; 2) uso de CO2 para otimizar a extração de petróleo e gás; 3) formações salinas no mar (a) e no continente (b); 4) uso de CO2 para otimizar a extração de metano ou gás em camadas de carvão (arte: IPCC, no Ciência Hoje On-line).
[EcoDebate] Após uma varredura na web sobre o seqüestro de carbono, selecionamos algumas tecnologias aprovadas nas experiências realizadas num período de 19 anos, desde que a Statoil, empresa petrolífera da Noruega, começou suas atividades neste ramo de negócios, em 1990. A evolução do pensamento humano em tentar solucionar os problemas que vão surgindo no decorrer de séculos tem buscado na ciência resposta aos grandes desafios impostos em nome do desenvolvimento, hoje, após mudança de paradigma, crescimento econômico. A variável ambiental agora inserida nos contextos políticos, econômico-financeiros e sócio-ambientais através da sensibilização e conscientização de todos ao longo do tempo, promove tecnologias capazes de mitigar os efeitos diversos da poluição originada desde a fase industrial, entre os séculos XVIII e XIX até os dias atuais. Segundo historiadores, foi a combinação das invenções no campo da indústria têxtil e a máquina a vapor, principalmente na indústria dos transportes que, num período de 100 anos, de 1770 a 1870, caracterizaram e promoveram a grande Revolução Industrial.
No século XX, a partir de 1972, quando foi realizada a Conferência de Estocolmo, a sociedade vem despertando para minimização dos efeitos que a poluição tem no xadrez climático, num mundo cada vez mais degradado do ponto de vista ambiental. A corrida atrás do tempo perdido é uma forma de redenção e justiça que a história da civilização faz ao cientista, empenhado em resolver os problemas da humanidade quando países são acusados de só usar formas insustentáveis de desenvolvimento, marcadas pelo esgotamento dos recursos naturais do planeta. Agora, cabe aos mandatários, donos do poder, investir nas tecnologias em andamento e em outras que venham a amadurecer posteriormente, adotando as já disponíveis no mercado e promovendo políticas que incorporem os desafios vencidos pela ciência na promoção do bem comum.
Citamos uma experiência bem sucedida que diz respeito a uma tecnologia usada para capturar quantidades-traço de dióxido de carbono na atmosfera, o principal gás causador do efeito estufa. Descoberta pela equipe do professor David Keith da Universidade de Calgary, no Canadá, o trabalho foi publicado em 12/11/2008, na página eletrônica da Inovação Tecnológica, e consiste num projeto de um equipamento relativamente simples, em sua primeira versão. “À primeira vista, capturar o CO2 no ar, onde ele está numa concentração de 0,04%, pode parecer absurdo, quando nós estamos apenas começando a conseguir capturá-lo de forma economicamente viável em usinas termelétricas, onde o CO2 é produzido em concentrações acima dos 10%, diz Keith. “ Mas a termodinâmica sugere que a captura a partir do ar é apenas um pouquinho mais difícil do que capturar o CO2 das usinas geradoras de energia. Nós estamos tentando transformar essa teoria em uma realidade de engenharia” , concluiu ele. Se alcançarmos êxito, a pesquisa terá enorme impacto porque ela poderá permitir a captura do CO2 gerado pelas chamadas fontes difusas de gases causadores do efeito estufa. Essas fontes difusas estão espalhadas por todo o planeta, como é o caso dos automóveis e dos aviões, isoladamente responsáveis por mais de 50% da emissão de todo CO2 de origem antropocêntrica. A torre construída pelos pesquisadores é capaz de capturar o equivalente a 20 toneladas por ano de CO2 por metro quadrado de material, com um consumo de 100 kilowatts hora de eletricidade por tonelada. “ Isso significa que, se você usar a eletricidade de uma usina termelétrica movida a carvão para cada unidade de eletricidade que você pode usar para operar a máquina de captura, você estará capturando 10 vezes mais CO2 do que a usina irá emitir para gerar a eletricidade”, diz Keith. O desafio a vencer é usar o primeiro protótipo de torre para resolver problemas técnicos que eles afirmam ainda estarem pendentes de solução e melhorar a relação entre energia consumida e carbono capturado, reduzindo os custos da operação do equipamento.
Um outro projeto de pesquisa integrado com duração de três anos financiado pela Comissão Européia com a finalidade de desenvolver tecnologias para a redução de 90% das emissões de GEE das usinas geradoras de energia é o CACHET. Ele é um consórcio internacional formado por institutos de pesquisa, universidades e empresas com larga experiência nos ramos de energia, engenharia e manufatura, relacionado a Projeto de Captura de CO2 (CCP). O objetivo do projeto é desenvolver tecnologias inovadoras para produção de hidrogênio a partir de gás natural, reduzindo em 50% o custo da energia gerada, acarretando baixa emissão de carbono. As novas tecnologias, caso tenham sucesso, deverão estar prontas neste ano de 2009 e, para demonstração comercial, até 2015. Eles concentram esforços nas tecnologias de captura de carbono pré-combustão, consideradas as mais promissoras para a conversão do gás natural em H2 e simultaneamente capturar CO2.
Um terceiro projeto, este de 2006 em química industrial, é aqui descrito onde o estudo da tecnologia de separação de CO2 de gases industriais por absorção com Monoetanolamina – MEA, foi desenvolvido pelo Departamento de Engenharia e Arquitetura da Universidade de Salvador – UNIFACS. No resumo do trabalho é explicitado que a absorção de CO2 em Aminas tem sido alvo de estudos por ser uma técnica economicamente viável com aplicabilidade na indústria. No trabalho foi enfatizado a absorção com MEA, utilizando uma planta piloto, com o objetivo de obter CO2 puro a partir de correntes gasosas industriais. O desenvolvimento de tecnologias para a separação e seqüestro de captura de CO2 tem sido considerada uma prioridade no campo de carbono, principalmente, porque o custo de captura, constitui-se em 75% de custo total do seqüestro geológico ou oceânico e os outros 25% são com transporte e injeção ( STRAZISAR et al ).
Inúmeras tecnologias serão apreciadas nos próximos anos com prioridade para aquelas que atenderem às condições econômicas, técnicas e ambientais de exploração, transporte e injeção de CO2 em reservatórios maduros no fundo do mar ou no subsolo.
Carol Salsa, engenheira civil, pós-graduada em Mecânica dos Solos pela COPPE/UFRJ, Gestão Ambiental e Ecologia pela UFMG, Educação Ambiental pela FUBRA, Analista Ambiental concursada da FEAM ; Perita Ambiental da Promotoria da Comarca de Santa Luzia / Minas Gerais.
[EcoDebate, 07/04/2009]
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