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Estudo comprova viabilidade de biocombusível à base de resíduos

O engenheiro florestal Diego Serrano: “Os países tropicais são mais competitivos na atividade florestal” (Foto: Divulgação)
O engenheiro florestal Diego Serrano: “Os países tropicais são mais competitivos na atividade florestal” (Foto: Divulgação)

Estudo realizado pelo engenheiro florestal Diego Machado Carrion Serrano comprova a viabilidade de o Brasil produzir e exportar o pellets, um biocombustível sólido feito a partir dos resíduos da madeira gerados pela atividade florestal. Serrano explica que o pellets é bastante difundido em países da Europa como Itália, Dinamarca e Alemanha, onde é comum encontrar o bioenergético sendo usado no aquecimento residencial. Já na Suécia, Holanda e Bélgica, é utilizado em termoelétricas como forma de diminuir a emissão de gases de efeito estufa. “Trata-se de um mercado novo e em ascensão e o Brasil pode obter um ganho econômico neste cenário com a produção e exportação do pellets”, acredita o engenheiro.

Os resultados da pesquisa, orientada pelo professor Arnaldo Cesar da Silva Walter, foram apresentados na Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM). Na dissertação de mestrado, Serrano defende a criação de mecanismos que aproveitem as oportunidades que estão surgindo no mercado europeu. “Pela lógica, países tropicais são mais competitivos na atividade florestal devido ao clima. Enquanto na Finlândia ou Suécia – países também com forte segmento florestal – os ciclos de colheita florestal ultrapassam os 60 anos, enquanto no Brasil, para o caso das coníferas ou pinus, gira em torno de 12 anos”, esclarece.

O custo da matéria-prima é menor e, embora haja o acréscimo em alguns custos – como o frete intercontinental –, ainda assim o Brasil é competitivo, pelos cálculos do engenheiro feitos em meados de 2008. Ao final da pesquisa, Serrano também fez as estimativas com base no recente cenário de recessão global e constatou um ganho ainda maior. “Mesmo com a queda no preço do pellets, a valorização do euro, bem como a queda nos custos do frete marítimo devido à desaceleração das exportações, compensaram o cenário de exportação do produto. Na verdade o que se observou foi um aumento significativo na rentabilidade do empreendimento, que já se mostrava viável antes desse novo cenário econômico”, argumenta Serrano.

De acordo com o estudo, duas regiões oferecem maior potencial de produção da matéria-prima. São elas as regiões Norte e Sul, sendo que a Região Sul leva vantagem por possuir uma cadeia de produtos florestais fundamentais na silvicultura – florestas plantadas –, condição para se produzir o bicombustível de forma sustentável, enquanto a Região Norte poderia sofrer com as restrições em razão das dificuldades de rastreamento da origem da biomassa.

Segundo o engenheiro, o pellets é pouco conhecido no Brasil e não há incentivos para a sua adoção como alternativa energética. Ele acredita que uma das justificativas seja a falta de metas para a redução de emissão dos gases de efeito estufa, além é claro do clima menos rigoroso, o que reduz a necessidade de calefação nas residências. “Entretanto, no setor industrial e de geração termoelétrica, haveria espaço para adoção desse biocombustível como fonte alternativa aos combustíveis fósseis ou mesmo em substituição aos resíduos florestais não beneficiados usados atualmente em estado bruto, uma vez que o pellets possui especificidades que favorecem a logística de transporte, o manuseio e a eficiência na queima”, conclui.

Matéria de RAQUEL DO CARMO SANTOS, do Jornal da Unicamp, ANO XXIII – Nº 424

[EcoDebate, 03/04/2009]

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