Dossiê EcoDebate: A substituição de combustíveis fósseis por biocombustíveis e suas conseqüências
- O etanol de milho enfrenta a sua primeira grande crise
- Pesquisa afirma que o etanol celulósico pode ser a melhor opção para a saúde humana e o aquecimento global
- Os biocombustíveis podem causar um ‘surto’ de destruição das florestas tropicais úmidas
- Agrocombustíveis podem ameaçar a produção de alimentos
- Novo estudo questiona a produção de grãos para biocombustíveis
- biocombustíveis: Artigo questiona os riscos da nova economia do açucar
- FAO apela para uma revisão das políticas e dos subsídios aos biocombustíveis
- Biocombustíveis perdem apoio na UE
- África: Agrocombustíveis e o mito das terras marginais
- As fontes de biocombustíveis do Reino Unido são, em grande parte, sem controle de sustentabilidade
- Banco Mundial divulga relatório (A note on rising food prices) sobre a crise alimentar e os biocombustíveis
- Florestas ameaçadas pela demanda de agrocombustíveis, comida e madeira, diz estudo
* O etanol de milho enfrenta a sua primeira grande crise
Entre meados de 2007 e 2008 o petróleo manteve um preço médio de US$ 80 o barril, chegando a superar a marca de US$ 140 o barril. Diante destes valores e com pesados subsídios a produção de etanol de milho cresceu mais de 14% em relação a 2007, alcançando 28 bilhões de litros.
Mas o preço do petróleo era meramente especulativo e, com a crise das bolsas, já em outubro de 2008 caiu para US$ 84 o barril, mantendo a queda até atingir US$ 44 o barril, em 16/2/2009.
Com a queda do preço do petróleo, a demanda pelo etanol de milho caiu pela metade e o preço desabou, com dezenas de usinas ‘suspendendo’ a produção, iniciando a primeira grande crise do etanol de milho.
Os impactos ambientais da utilização de energia podem impor grandes custos para a sociedade. Isto já não está mais em discussão, diante de incontáveis demonstrações e avaliações dos custos sociais.
Uma nova pesquisa [Climate change and health costs of air emissions from biofuels and gasoline] calculou em termos monetários o ciclo de vida das mudanças climáticas, os efeitos na saúde dos gases com efeito de estufa e as partículas finas (PM 2,5) as emissões de gasolina, milho etanol, e etanol celulósico.
* Os biocombustíveis podem causar um ‘surto’ de destruição das florestas tropicais úmidas
Os agricultores, em diversas áreas dos trópicos, estão substituindo áreas de florestas por áreas agrícolas para produção de agrocombustíveis, conforme estudo realizado por Holly Gibbs, do Woods Institute for the Environment, da Universidade de Stanford.
“Se nós abastecemos nossos carros com biocombustíveis produzidos nos trópicos, teremos boas chances de estarmos ‘queimando’ florestas”, adverte a pesquisadora.
* Agrocombustíveis podem ameaçar a produção de alimentos
A questão de uma potencial crise na produção de alimentos, em razão da demanda por agrocombustíveis, não será resolvida tão cedo e não pretendo esgota-la, mas, apenas, tentar refletir sobre o assunto.
Um primeiro passo para avaliar melhor o tema, será separar o problema no Brasil do que potencialmente pode acontecer em outros países.
O etanol já está causando um aumento crescente no preço do milho nos EUA e no México. A questão do milho (para etanol) está concentrado nos EUA e já existem vários estudos indicando o aumento de preço.
* Novo estudo questiona a produção de grãos para biocombustíveis
No Brasil, sempre que alguém questiona os biocombustíveis, nas questões relativas ao seus aspectos sociais e ambientais, acaba tratado como alguém que comete crime de lesa-pátria. No entanto, esta é uma questão global e deve ser considerada a partir da compreensão de que terá impactos diferentes em diferentes países.
A partir desta compreensão de múltiplas culturas com impactos diversificados, pesquisadores da Cornell University, em New York, estudaram os impactos da conversão de culturas alimentares para produção de biocombustíveis.
* biocombustíveis: Artigo questiona os riscos da nova economia do açucar
Artigo [The Perils of the Coming Sugar Economy] de Hope Shand, na revista Foreign Policy In Focus, 10/10/2008, comenta um estudo do ETC Group (Action Group on Erosion, Technology and Concentration) que aponta os riscos dos biocombustíveis.
A experiência recente, com os agrocombustíveis industriais, oferece visão dos perigos de alternativas que se apresentam como “verdes” e como soluções sustentáveis em relação ao petróleo e mudanças climáticas. Até meados de 2008, mesmo em alguns países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), admitiram que os agrocombustíveis industriais podem apresentar resultados trágicos e não podem, mesmo remotamente, serem descritos como socialmente sustentáveis ou como resposta ecologica às mudanças climáticas.
* FAO apela para uma revisão das políticas e dos subsídios aos biocombustíveis
O relatório ” THE STATE OF FOOD AND AGRICULTURE 2008 BIOFUELS: prospects, risks and opportunities” pesa as oportunidades e os riscos dos biocombustíveis.
As políticas e os subsídios para os biocombustíveis devem ser revistas com urgência, para manter a meta do mundo para a segurança alimentar, proteger os pobres das zonas rurais, promover um amplo desenvolvimento rural e garantir a sustentabilidade ambiental, disse a FAO ontem, 07/10, em uma nova edição da sua publicação anual “The State of Food and Agriculture (SOFA) 2008“.
* Biocombustíveis perdem apoio na UE
O Comitê Industrial do Parlamento Europeu votou em 11 de setembro pela redução drástica na meta de uso de biocombustíveis no transporte terrestre até 2020, na União Européia (UE). No ano passado, os líderes da UE tinham aprovado a meta de 10% de utilização de etanol e biodiesel até 2020. Mas o Comitê Industrial agora decidiu, com 50 votos contra 2, a redução desta meta para 6 %.
África: Agrocombustíveis e o mito das terras marginais
Relatório lança um olhar crítico sobre as propostas para as culturas de agrocombustíveis, a serem plantadas em terras que são consideradas “ociosas” ou “marginais”. Na maioria dos casos, estas “terras marginais’” são vitais para a subsistência dos pequenos agricultores, pequenos criadores de gado, mulheres e povos indígenas.
* As fontes de biocombustíveis do Reino Unido são, em grande parte, sem controle de sustentabilidade
O Reino Unido aumentou a importação de biocombustíveis, mas, em geral, ainda não consegue avaliar os verdadeiros custos ambientais e sociais destes combustíveis.
No primeiro relatório, desde que o governo britânico determinou que, pelo menos, 2,5% do combustível utilizado no transporte rodoviário fosse fornecido por biocombustíveis, a Renewable Fuels Agency, agência encarregada do monitoramento da determinação, reconheceu que os fornecedores têm sido incapazes de provar os métodos de produção para 80% do biodiesel e do etanol consumidos no país.
O relatório foi preparado para embasar os debates da cúpula do G8, conforme noticiamos em 4/7 na matéria “ONU e Banco Mundial atribuem a biocombustível parte da culpa por alta dos alimentos” e, em 7/7, “Biocombustíveis podem ser até piores do que se pensava a princípio” .
O relatório é um duro golpe no programa norte-americano de produção de etanol de milho, que o estudo considera um dos principais responsáveis pela “explosão” dos preços das commodities agrícolas.
* Florestas ameaçadas pela demanda de agrocombustíveis, comida e madeira, diz estudo
A demanda global por agrocombustíveis, comida e madeira destruirá as florestas do mundo, se os esforços contra as mudanças climáticas e de combate à miséria não considerarem um bilhão de pessoas dependentes das florestas, dizem dois estudos da organização Rights and Resources Initiative (RRI), uma das primeiras organizações do mundo na administração e na conservação de florestas.
[EcoDebate, 30/03/2009]
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O Ecodebate elaborou e publicou, no dia 30/03/2009, um dossiê acerca da substituição de combustíveis fósseis por biocombustíveis. Foram abordados alguns tópicos importantes, os quais fornecem ao leitor um panorama atual das limitações, dos benefícios para a saúde humana e para a redução dos problemas do aquecimento global, dos prejuízos que podem acarretar e das implicações políticas.
Consiste, portanto numa abordagem interessante porque utiliza de argumentos que contrariam tanto os defensores do uso de recursos não renováveis quanto os de recursos renováveis. É importante que se façam tais considerações porque, ao longo do tempo e conforme surgem inovações, criam-se mitos. As pessoas posicionam-se a favor de algo e acabam por se esquecerem de que nem tudo é benéfico integralmente ou maléfico o tempo inteiro
Muito informativo esse dossiê de Eco Debate. Também gostei das considerações feitas por Isa. Vou tirar um tempo pra ler tudo com muita calma.
Maristela.